segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Elmar, Franzé e Canindé
Fabrício, Clarice, Franzé, Canindé e Érico Vinicius

15 de fevereiro de 2010

Fui hoje com o Canindé Correia à praia de Macapá, visitar o amigo comum Franzé Ribeiro. Para a nossa surpresa e satisfação, a sua mulher Clarice estava de aniversário. Tivemos uma palestra muito agradável com o Fabrício, filho dos anfitriões, Carol Porto e com o Érico Vinícius, que demonstraram ser jovens inteligentes, atualizados, de boa cultura e interessados em arte. O nome do último foi uma homenagem prestada pelo seu falecido pai ao grande romancista gaúcho e ao famoso poetinha, na verdade um grande poeta, pelo que a palavra deveria ser usada no aumentativo e jamais no diminutivo. Já havíamos estado nessa casa algumas vezes, e sempre nos sentimos à vontade, quase como se estivéssemos em nossa própria residência. Franzé e o Reginaldo Costa foram os fundadores do jornal Inovação, de cujo grupo fizemos parte este escriba, o Canindé Correia, Bernardo Silva, Vicente de Paula (Potência), Flamarion Mesquita, Jonas Carvalho, João Maria Madeira Basto, Mário Carvalho, Jonas Carvalho, Porfírio Carvalho, Neco Carvalho, Ednólia Fontenele, Bartolomeu Martins, Danilo Melo e vários colaboradores, como Alcenor Candeira Filho, Karleno, Diderot Mavignier, Jorge Carvalho, Israel Correia e vários outros poetas e escritores. Esse jornal circulou do final da década de setenta até o começo dos anos noventa, em periodicidade mais ou menos mensal. Tinha suplemento cultural. Fazia entrevista. Entre outros, foram entrevistados Francisco das Chagas Caldas Rodrigues, Assis Brasil, Ladislau João da Silva, Alcenor Candeira Filho e uma prostituta. Fez pesquisa social, com metodologia científica, vez que os questionários eram elaborados pelo estatístico João Batista Teles. Inicialmente, foi impresso em mimeógrafo, no formato apostila, tamanho A4. Foi o primeiro jornal parnaibano a ser impresso em off-set. O periódico pertencia ao Movimento Social e Cultural Inovação, que manteve uma biblioteca, durante muito anos, e promoveu palestras e debates. Graças a sua influência, surgiram vários outros jornais alternativos. Foi um jornal bravo e independente, que combatia a administração pública municipal, estadual e federal, ainda na época da ditadura militar. Quando o prefeito João Batista Ferreira da Silva destruiu a bela e velha Praça da Graça, para construir uma modernosa, o jornal combateu ferozmente essa decisão, ainda mais porque o início da construção demorou. A campanha do jornal, numa época em que a radiodifusão e o jornalismo eram bastante atrasados, e em que a internet não existia, foi muito forte, e terminou movendo a opinião pública contra a atitude do prefeito, até que populares, revoltados com a situação, derrubaram os tapumes que escondiam os escombros da praça, empilharam-nos e os queimaram. Foi uma verdadeira festa popular, pois, no dia seguinte, houve uma espécie de carnaval, com vários carros desfilando em torno dos destroços da praça. O Inovação era informativo, formativo e cultural, e vários importantes escritores, poetas e artistas plásticos publicaram suas produções nele. Foi, pelo menos durante alguns anos, o jornal mais lido e comentado de Parnaíba. Ainda hoje sinto uma nostalgia muito grande da falta desse jornal, e ter feito parte do grupo do Inovação é um de meus maiores orgulhos, e tem mais valor para mim do que certas honrarias.

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