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12 de abril Diário Incontínuo
JOÃO CARVALHO – O POETA E O MÉDICO
Elmar Carvalho
Quando oito anos atrás assumi a Comarca de Capitão de Campos, o nome de João Carvalho ainda era lembrado, como um bom homem, como um médico humanitário, desprovido de empáfia e de não-me-toques ou de nós-pelas-costas, como diz o ditado popular. Tratei de adquirir o seu livro Ítacas, e logo percebi que se tratava de um verdadeiro poeta, de bom traquejo na arte de versejar, cortejado pelas musas da música, da poesia e da inspiração. Soube que era das terras do velho Mocha, e isso foi mais um fator que concorreu para que eu procurasse me aproximar dele.
No primeiro contato, imediatamente percebi que era ele um cidadão simples, simpático, sem afetação. Em suas notícias biográficas, constava a informação que ele presidia a Associação Brasileira de Alzheimer – Regional Piauí, o que era bem consentâneo com a sua profissão de neurologista. Só que ele dirigia essa entidade por ter um vívido e visível comprometimento com as pessoas portadoras dessa terrível doença. Além de poeta e médico, João Carvalho ainda arranca acordes maviosos das “cordas de um sonoro violão”, além de ter dedos hábeis e harmoniosos em um teclado. O ritmo da música e da poesia lhe vai na alma. É professor de neurologia no curso de Medicina da Novafapi.
Nascido na zona rural de Oeiras, mais precisamente na fazenda Santo Antônio, onde passou os seis primeiros anos de sua existência, admira a paisagem bucólica, e a defendeu em versos telúricos, em que revela o seu amor à natureza. Mas também já entoou versos aos vetustos casarões de Oeiras. Leitor dos grandes poetas do Brasil e do mundo, os seus poemas fogem do convencionalismo das rimas fáceis, dos trocadilhos rasos e simplórios. Sua poética, desprovida de laivo de certos eruditismos balofos, aborda os sentimentos do coração humano, em profundidade, ao largo do sentimentalismo repetitivo ou rebarbativo dos poetas menores.
É possível que a sua condição de neurologista lhe tenha dado o conhecimento teórico e prático, ao lidar com as mazelas da alma humana, para perscrutar o que vai nas profundezas do espírito do ser humano, por vezes desamparado na solidão do sofrimento e da doença. João Carvalho Fontes, poeta, músico e médico, soube garimpar daí a matéria prima que permeia a sua poesia, sóbria, por vezes quase solene em sua falta de solenidade, em seu despojamento das adiposidades dos transbordamentos emocionais. Dessa poesia está referto o seu livro Voz e Verso, que ele me enviou, com amável dedicatória, com a amável dedicatória dos que têm mérito e sabem reconhecer o mérito alheio.
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