Cunha
e Silva Filho
O
ditador sírio, genocida, está com a vida por um triz. Do cargo que
ocupa nem se fala. Vai ter que deixá-lo, seja pela deposição, seja
por meios até violentos, ou seja, com os meios que sempre usou
contra os seus compatriotas.
Ministros
dele, oficiais de alta patente, diplomatas já o abandonaram e vários
militares desertores se passaram para o lado dos opositores, o que
cada vez mais fragilizando o regime de terror implantando contra a
Síria desde o período em que seu pai, Hafez al--Assad Assad, havia
assumido o poder pelo partido Ba’ath, de orientação socialista (é
o cúmulo!)) e se tornara também ditador. Tal pai, tal filho, diz
bem o brocardo. Creio, porém, que Bashar al-Assad foi mais longe em
sua carnificina e em sua violência contra os sírios, com exceção
do grupo que lhe deu sustentação, constituído pelos aulitas,
adversários dos sunitas.Em resumo, a ditadura síria, desde o pai de
Bashar, tem sido palco de enriquecimento ilícito, de riquezas
faraônicas conseguidas fraudulentamente por Bashar, um homem
riquíssimo, com muito dinheiro em vários paraísos fiscais,
inclusive na Rússia. É esse o tal socialismo do partido Ba’ath.
Que barafunda!
A
História realmente se repete em alguns aspectos em relação a
ditadores: todos quase sempre terminam seus governos tragicamente. Os
grandes monstros da Humanidade estão aí para confirmarem a
assertiva.
Não
consigo nunca atinar com a posição que truculentos ditadores tomam
quando assumem, seja por eleição fraudulenta, seja pelo golpe
militar, seja por quaisquer meios discricionários. Os ditadores são
iguais na sua essência e nas suas maldades. Há algo de loucura que
nele vislumbro, mas uma espécie de loucura difícil de classificar
porque são homens que gostam do poder com ambição desmedida e que
se julgam donos de uma nação como os antigos monarcas , ou seja,
por direito divino, quando, na realidade, não passam de tiranos com
pés de barro, sujeitos ao trágico destino dos covardes e
sanguinários inimigos da Humanidade. Se têm carisma, espírito de
liderança isso tudo só é canalizado para o mal, pra a prepotência
que, nos seus palácios se instalam. São sempre cercados de áulicos,
de uma elite política e econômica, de exércitos bem treinados para
fins que se dirigem aos fracos, i.e., a população despojada dos
direitos mais inalienáveis da pessoa humana. Assim, se impuseram
todos os ditadores da esquerda ou da direita e assim tragicamente
irão, um a um a, caindo do seu pedestal também feito de barro.
Não
foi por falta de avisos, advertências e tentativas de negociação
para um cessar-fogo por parte da ONU e da Liga Árabe que o tirano
al-Assad não se conscientizou de seus erros e de seus atos de terror
e horror. Um país destroçado, em chamas, até na capital , Damasco,
as fumaças de edifícios incendiados e explodidos são sinais da da
dimensão de ruínas em que se transformou o país, sem contar o pior
de tudo isso: a matança indiscriminada de inocentes de todas as
idades. Quase me é possível crer que, a esta altura da do século
XXI, ainda se possa assistir, perplexo, a todo esse quadro macabro,
guernequiano, assombroso.Como é possível, me pergunto atônito que
o ser humano seja capaz de causar tanta miséria aos outros, tantos
prejuízos, tantos gastos com armas dispendiosas que custaram a
infelicidade de uma nação cujo desejo era ter paz e liberdade,
viver a sua existência normal no planeta Terra, a salvo de
desnecessárias calamidades produzidas pelas mãos de ambiciosos do
poder a todo custo e o seu fausto às expensas da ausência da
liberdade, dos direitos de cidadania, de escolha de seus governantes
e da prática da democracia autêntica e sempre pronta na defesa dos
mais fracos e desprotegidos.
Mal
consigo entender a contumácia de países como a China e a Rússia
que, pelo direito ao veto, não aderiram à maioria dos
países-membros que aprovaram sanções mais rígidas contra o
ditador sírio. Será que esses dois países não têm a mínima
consciência de humanidade para com os mortos aos milhares na Síria?
Será que para eles valem mais as bases militares ( e interesses
econômicos, por que não?) que mantêm em territórios da Síria e
do Irã sob o argumento de que elas os protegem contra as grandes
potências mundiais em caso de conflagrações internacionais do que
as perdas de inocentes sírios massacrados covardemente e sem
justificativa para tais atos de selvageria ? Somos ou não seres
civilizados ? Seria difícil para mim responder a esta pergunta de
maneira otimista.Não são suficientes os crimes do passado contra os
seres humanos para agora pensarmos em encontrar caminhos que nos
conduzam à paz na Terra? Isso não é impossível nem tampouco um
desejo utópico de uma sonhador num mundo de lobos ferozes e de
degenerados.A lógica mais fria e calculista jamais, creio, seria
capaz de compactuar com os novos holocaustos do mundo contemporâneo.
Esforço-me
por ser otimista e por isso espero que o que aguarda o ditador sírio
seja o exílio e o julgamento pela Tribunal Internacional de Haia já
que , de acordo com representantes da Cruz Vermelha, o estado de
violência na Síria já se transformou em guerra civil. As leis e
sanções agora já passam ao âmbito dos crimes de guerra e não
mais de combates pontuais em território sírio. Que os sobreviventes
da paz agora tenham um pouco de paciência. Torço pela vitória do
Bem, dos inocentes e humilhados e daqui expresso o meu pesar imenso
pelos seus mortos.
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