O BAMBU
Alcides
Freitas (1890 - 1913)
Exposto ao
dia, à noite, à beira da lagoa,
Onde se
miram, rindo, as boninas do prado,
Vive um
velho bambu, velho, curvo e delgado,
A escutar
a canção que o triste vento entoa ...
Jamais os
leves pés de um trovador alado,
Desses que
pela mata andam cantando à toa,
Pousara-lhe
num ramo! Apenas o povoa
Alta
noite, agourento, um corujão rajado ...
E vive, —
arcaico monge a gemer solitário, —
A sua dor
sem fim, o seu viver mortuário,
Tristonho
a refletir no fundo azul das águas ...
Como o
bambu da mata, exposto ao sol e ao vento,
Do deserto
sem fim de meu padecimento,
Triste nos
olhos teus reflito as minhas mágoas!...
(Alexandrinos,
1912)
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