Mão na jaqueira |
Banho no Velho Monge |
Exemplo de prédio bem conservado |
Prédio arruinado |
Oitizeiros da Praça Santo Antônio e as implacáveis ervas de passarinho |
4 de abril Diário Incontínuo
DA VÁRZEA DO SIMÃO AO JARDIM DOS POETAS
Elmar Carvalho
Estive
na Várzea do Simão, neste sábado de Páscoa. Simão, avô de
Fátima, minha mulher, foi o antigo proprietário dessa localidade,
situada à margem direita do Velho Monge do poema dacostiano.
Participei de um farto churrasco patrocinado pelo sargento Freitas, o
Natim, sobrinho de minha mulher e neto do velho Simão. Entre outros,
estavam presentes o Sílvio e o Diá, respectivamente, neto e filho
do patriarca varzeano. O carneiro, seja sob a forma de churrasco, seja como
suculento cozido, estava simplesmente delicioso.
Antes
do assado e das libações de praxe, minha mulher, sob o argumento de
que eu já tinha filhos e já havia publicado livros, intimou-me a
plantar uma jaqueira, fato singelo, mas cuidadosamente documentado
por uma câmera fotográfica. Desse modo, não pus os pés na jaca,
mas literalmente coloquei as mãos na terra e num pé de jaca.
Segundo soube, e isso faz sentido, o ditado correto seria por o pé
no jacá, e assim tropeçar ou tropicar. Pisar na jaca significaria
esmagar a enorme fruta, mas poderia acarretar também algum tropeço
ou topada. Deixo a solução do problema para os doutos em
paremiologia e cultura popular.
Estava
presente a essa comemoração familiar a Conceição Teles, dinâmica
servidora da Superintendência de Cultura do Município de Parnaíba,
que me deu a auspiciosa notícia de que o Jardim dos Poetas seria
(re)construído em aprazível local, entre a Praça Santo Antônio, o
Colégio das Irmãs e o Centro Cívico, e consequentemente perto do
Cajueiro do Humberto de Campos.
Fiquei
contente com a notícia; creio que todos os poetas também ficarão.
O velho Jardim fora idealizado pelo teatrólogo e escritor Benjamim
Santos, e construído na gestão do prefeito Paulo Eudes. Tempos
atrás, em julho de 2011, com o Jardim dos Poetas já quase em
ruínas, publiquei pela internet uma crônica em defesa de sua
reconstrução, talvez em outro local, já que a sua localização se
tornara controvertida, e objeto de polêmicas e dissenções.
Sugeri
a vários poetas, pessoalmente e através de e-mail, não sei se
também através de textos internéticos, três lugares para a sua
nova instalação, e entre eles o exato lugar onde o novo Jardim será
erigido. Sobre o velho “panteão” dos poetas tive a honra de
dizer, em solenidade festiva, na época de sua inauguração: “Esse
jardim, o Jardim dos Poetas, será o altar e o púlpito dos velhos e
dos jovens bardos, dos menestréis de todas as épocas, de todas as
idades, dos aedos mortos e vivos, porque são os poetas os
hierofantes e os profetas do bem, do bom e do belo, a celebrarem o
culto da estética, da vida e da emoção no templo augusto da
poesia”.
De
minha crônica, escrita em 28/07/2011, referindo-me a novo Jardim,
pinço o seguinte trecho: “Obviamente, outros equipamentos, peças
e poemas poderiam ser acrescidos ao projeto original. Placas maiores,
mais vistosas e modernas, talvez até com ilustrações de pintores
locais, poderiam dar um novo brilho a essa antologia poética
“impressa” em concreto. Acredito que prejuízo maior é o
logradouro/monumento permanecer do jeito que está, pois, sem os
poemas expostos em suas placas, o Jardim dos Poetas terá perdido
todo o seu sentido e finalidade”. Acrescento agora esta sugestão:
os poetas vivos deveriam ser solicitados a escolherem seu(s)
texto(s), conforme critérios de tamanho e/ou outros.
Quando
deixei o churrasco do Natim, já quase ao entardecer, não sem antes
tomar um maravilhoso banho nas águas tépidas e lépidas do
Parnaíba, resolvi olhar o local em que o Jardim será construído.
Antes, vi o solar que pertenceu ao saudoso médico Cândido de
Almeida Athayde, que foi meu professor no Curso de Administração de
Empresas. Tive-lhe afeição. Gostava de suas aulas, e gostava muito
mais ainda de suas agradáveis palestras, mormente sobre Humberto de
Campos e outros personagens, e sobre a Parnaíba de antigamente. O
Ministério Público do Estado do Piauí o está conservando muito
bem, e ainda lhe expôs a bela fachada, que antes era oculta por um
muro. Todavia, fiquei triste porque um outro prédio, em sua
proximidade, está bastante deteriorado, e com uma descaracterizadora
construção em sua parte traseira.
Olhei
as grandes árvores da Praça Santo Antônio. Esse logradouro foi uma
de minhas mais marcantes visões de Parnaíba, quando estive nessa
cidade pela vez primeira, no primeiro semestre de 1975. Aproveitando
uma viagem esportiva do Comercial, fui visitar meu pai, que fora
chefiar a agência local da ECT (Correios e Telégrafos). Fomos
visitar o professor Joaquim Furtado de Carvalho, nosso primo, que
morava na pensão da Judite, e então pude admirar os grandes pés de
oitis, que ornamentavam e ensombravam a bela e majestosa praça. Em
junho de 75, eu e minha família fomos morar em Parnaíba,
juntando-nos a papai.
Desta
feita fiquei triste e muito preocupado. Notei que algumas dessas
antigas árvores já morreram ou estão bastante doentes. A
implacável erva de passarinho é como o Django do velho faroeste –
não perdoa, mata; e parece estar sugando mortalmente a seiva vital
de vários oitizeiros e impedindo, ao cobrir suas copas, que a luz
solar lhes alimente. Se providências urgentes não forem tomadas
pelo município, os velhos oitizeiros irão sucumbir, a exemplo do
que aconteceu com várias grandes árvores em Teresina. A morte e a
doença dessas árvores me toldou um pouco a alegria que senti pela
anunciada ressurreição do Jardim dos Poetas.
Eu não sabia que iam fazer outro jardim dos poetas ( isso porque num li tua cronica de julho de 2011, rsrsrs). Que bom, pois quando estive em Parnaíba agora em janeiro, passei por lá e vi como estava todo destruído. E esse novo local é até melhor que o outro." Todo homem deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro", ou "Escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore", a ordem não altera em nada, o importante é fazer. Ter um filho e plantar árvore até que é "fácil", agora escrever um livro é difícil, ainda mais considerando que nem todo mundo tem talento para a escrita, assim como tu. A Fátima fez muito bem em pedir p/ tu plantar a árvore, agora tu já fez os 3.
ResponderExcluirIndiretamente, eu já havia plantado, pois já havia adquirido mudas para que outros plantassem. Mas, desta feita, literalmente plantei o pé de jaca.
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