Marcos
Damasceno
(escritor)
Repreendemos
iniciativas de algumas mídias e/ou pessoas que insistem em rotular
e, até, reduzir o significado existencial de povos e lugares. Tacham
lugares de isolados (que não são mais) e de atrasados (que não são
mais). Nossa região, por exemplo, é vista por brasileiros arteiros
(isso mesmo: arteiros) – por questões sociais do passado – como
lugar de miséria, atraso, ignorância, isolamento, etc. Mobilizam
apenas as imagens negativas. Fatos negativos existem em todos os
lugares do mundo.
Estamos
bem localizados (para o governo desses arteiros), mais do que outras
regiões do país. Estamos nessa frente oceânica que se segue para a
América do Norte e para a Europa. Ah, e as metrópoles? Temos
também. Cidades como Salvador-BA, Recife-PE e Fortaleza-CE são
metrópoles. Os mesmos arteiros insistem no clichê imagético de
serem metrópoles apenas as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Esses mesmos, que falam uma língua descaracterizada, sem nenhuma
originalidade. Nós sertanejos somos brasileiros igualmente quaisquer
povos nascidos no território brasileiro; do Oiapoque (Amapá) ao
Chuí (Rio Grande do Sul).
Os
dramas sociais alarmantes vividos por aqui, em outras épocas, foram
essencialmente superados. Aliás, há dramas sociais alarmantes a
serem superados no Sudeste, nos tempos atuais, como a violência
desenfreada. O império da mídia imperialista, em notável parte da
televisão, insiste no mesmo noticiário, recorrente durante décadas,
sobre um contexto social que não mais existe por aqui. Tais
discursos e tais práticas são inadequados para descrever uma
atualidade totalmente diferente. Impróprios para descrever um povo
essencialmente bom, hospitaleiro, original (está aí a palavra
certa!) e trabalhador.
Fato
social que demonstra tais mudanças: segundo o IBGE, hoje quase 70%
da população do Nordeste vivem em cidades; implica dizer que não é
mais eminentemente rural. Sentindo-se superiores, alguns impõem,
até, a (re) colocação dessa imagem negativa, dando a entender que
existe hierarquia regional. Lamentável isso! Digno, até, de
piedade. Aí é onde está o grande equívoco! O país de privilégios
para uns e infortúnios para outros é algo superado, e que deve
fazer parte do passado.
Não
somos atrasados (ó, seus arteiros!). Há desenvolvimento aqui. E
prezamos muito, e isso é da essência do nosso povo, pela nossa
originalidade. Não somos arteiros. O que o pré-conceito constrói
de bom? Pergunta fácil de responder: nada. Por fim, deixo o meu
convite à reflexão.
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