terça-feira, 8 de abril de 2014

Prólogo (*)


Prólogo (*)

Alcenor Candeira Filho

Dedico este livro publicado no ano em que se comemora o 170º aniversário de elevação da Vila de São João da Parnaíba (1762) à dignidade de cidade (1844) aos prefeitos Lauro Andrade Correia, José Hamilton Furtado Castelo Branco e Florentino Alves Veras Neto, de cujas profícuas administrações tive o privilégio de participar.

Registo desde logo que do título do famoso romance BEIRA RIO BEIRA VIDA, de Assis Brasil, me apropriei em quatro poemas inseridos neste livro: “Sonetilho”, “Parnaíba”, “Parnaibanite” e “Vareiros do Rio Parnaíba”.

BEIRA RIO BEIRA VIDA é um heptassílabo ou redondilha maior que tenho como precioso achado poético e que traduz, como nenhum outro verso sobre a cidade, em qualquer época, o sentimento de parnaibanicidade. Em apenas uma linha de sete sílabas poéticas, a presença da cidade desde a origem no Porto das Barcas com a exportação de charque e de produtos extrativos, as navegações fluviais, a vida dos ribeirinhos... Nenhum cartão identifica melhor a Parnaíba que o do Porto das Barcas, isto é, o da beira rio beira vida e seus 252 anos de história.

Sem prejuízo do efeito rítmico e rimático, esse achado poético pode ser desdobrado em dístico de versos trissilábicos:

“beira rio
beira vida”

ou em quarteto de versos monossilábicos:

“beira
rio
beira
vida”.

Ao publicar em 2010 a SELETA EM VERSO E PROSA, reunião de textos em que Parnaíba é um dos assuntos predominantes, fiz a seguinte advertência: “Aos poucos que democraticamente criticam meu parnaibanismo (de que resultou o livro MEMORIAL DA CIDADE AMIGA) respondo: não adianta, porque Parnaíba foi, é e será sempre no meu coração a cidade

“Berço-cama-mesa, universo e verso reais.”

O livro enfeixa não apenas poemas que têm como tema central a cidade da Parnaíba, mas também os que se limitam a referir-se a alguma coisa ou a algum fato relacionados com ela, como ocorre com o poema “Confissão”, que menciona o Campus Ministro Reis Velloso/Universidade Federal do Piauí, em Parnaíba, ou com os poemas elegíacos “No Cemitério” e “Passando em Revista”.

Aqui o leitor vai se deparar com aspectos atuais da cidade sem omissão do passado.

Para leitura de outros poemas sobre Parnaíba basta recorrer às edições de nºs. 62/1995, 63/1996, 64/1997 e 65/1998 do ALMANAQUE DA PARNAÍBA, nas quais foram publicados 33 poemas sob o título geral de Parnárias (nome sugerido pelo poeta Jorge Carvalho). Autores: Alarico da Cunha, R. Petit, Edson Cunha, Lívio Castelo Branco, Jonas da Silva, Francisco Ayres, Jesus Martins, Oliveira Neto (falecidos); Jorge Carvalho, Elmar Carvalho, Alcenor Candeira Filho, Israel Correia, Doralice Craveiro de Carvalho, Anchieta Mendes, Pádua Santos, Fernando Ferraz, Carlos Marinho, V. de Araújo, e Zezo Carvalho.

A enumeração pode ser enfadonha mas a intenção é homenagear poetas que também se inspiraram na cidade.

Os parnaibanos do início do novo milênio vêm dando continuidade ao trabalho e às conquistas dos antepassados, com a retomada do progresso e da posição de grande centro empresarial. À vista de todos, os avanços na educação, saúde, assistência social, cultura, saneamento básico e em outros setores.

Resultado: dados oficiais amplamente divulgados atestam que o município vem melhorando no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que é elaborado a cada 10 anos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que analisa inúmeros indicadores socioeconômicos do Censo produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Há muitas razões para comemorações nos 170 Anos da Parnaíba – cidade de Simplício Dias da Silva, Mandu Ladino, Evandro Lins e Silva, João Paulo dos Reis Velloso e Francisco de Assis Almeida Brasil – ao tempo em que os parnaibanos estamos cientes de que há muito por e para fazer e conscientes de que assim sempre será.

O importante é que se não apague em cada coração parnaibano a chama do amor azul e branco da nossa bandeira.

Parnaíba possui área total de 992 km² e cerca de 150 mil habitantes, localizada no norte do Estado do Piauí, na região do Delta do Parnaíba, único das Américas em mar aberto (área total de 2.700 km²), com mais de 70 ilhas e ilhotas, manguezais, igarapés, dunas, praias desertas com areia monazítica e carnaubais que abrigam fauna bastante diversificada.

A mais bela praia piauiense – Pedra do Sal –

“porta do céu
porto do cio
pista do sol
no sal azul”

a 18 kms do centro da Parnaíba, é a única praia parnaibana e a todos encanta com as enormes pedras que invadem o mar, compondo com o pôr do sol uma das mais expressivas paisagens do litoral nordestino.

Em Parnaíba se destaca ainda a Lagoa do Portinho, cercada por dunas, com águas calmas e ventos fortes, ideal para esportes náuticos.

O município de exuberantes paisagens rurais, lacustres, marítimas, fluviais possui também atraente paisagem urbana marcada pelo ecletismo de influência europeia (portuguesa, inglesa, francesa), com alternância ou a mistura de edificações coloniais, neoclássicas, modernas, como se vê ao longo da avenida Presidente Vargas e em todo o centro histórico, com seus bangalôs, chalés, casas neocoloniais térreas ou com dois pavimentos, destacando-se o Solar ou Sobrado do Mirante – onde estão instalados o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba e a Biblioteca Municipal – construído no final do século XIX por Auta Rosa Cesária de Castello Branco, passando a ser conhecido como solar de dona Auta Castello Branco.

Outros pontos turísticos existem. Contudo, melhor que descrevê-los é convidar as pessoas para vê-los, com, por exemplo, o conjunto arquitetônico do Porto das Barcas; a Praça da Graça com suas igrejas bicentenárias; a Casa Grande da Parnaíba e o Sobrado Vista Alegre, construídos também na segunda metade do século XVIII.

Este livro reúne 24 poemas, com total de 1128 versos, dos quais 804 são inéditos em livro e escritos recentemente.

Espero que o leitor sinta durante a leitura o prazer de quem bebe o mundo inteiro nas águas barrentas do rio Igaraçu e mata completamente a sede.

Parnaíba, 2014
A. C. F.


(*) Prólogo ao livro PARNAÍBA: MEU uniVERSO, da autoria de Alcenor Candeira Filho. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário