Prólogo
(*)
Alcenor Candeira Filho
Dedico
este livro publicado no ano em que se comemora o 170º aniversário
de elevação da Vila de São João da Parnaíba (1762) à dignidade
de cidade (1844) aos prefeitos Lauro Andrade Correia, José Hamilton
Furtado Castelo Branco e Florentino Alves Veras Neto, de cujas
profícuas administrações tive o privilégio de participar.
Registo
desde logo que do título do famoso romance BEIRA RIO BEIRA VIDA, de
Assis Brasil, me apropriei em quatro poemas inseridos neste livro:
“Sonetilho”, “Parnaíba”, “Parnaibanite” e “Vareiros do
Rio Parnaíba”.
BEIRA
RIO BEIRA VIDA é um heptassílabo ou redondilha maior que tenho como
precioso achado poético e que traduz, como nenhum outro verso sobre
a cidade, em qualquer época, o sentimento de parnaibanicidade. Em
apenas uma linha de sete sílabas poéticas, a presença da cidade
desde a origem no Porto das Barcas com a exportação de charque e
de produtos extrativos, as navegações fluviais, a vida dos
ribeirinhos... Nenhum cartão identifica melhor a Parnaíba que o do
Porto das Barcas, isto é, o da beira rio beira vida e seus 252 anos
de história.
Sem
prejuízo do efeito rítmico e rimático, esse achado poético pode
ser desdobrado em dístico de versos trissilábicos:
“beira
rio
beira
vida”
ou
em quarteto de versos monossilábicos:
“beira
rio
beira
vida”.
Ao
publicar em 2010 a SELETA EM VERSO E PROSA, reunião de textos em que
Parnaíba é um dos assuntos predominantes, fiz a seguinte
advertência: “Aos poucos que democraticamente criticam meu
parnaibanismo (de que resultou o livro MEMORIAL DA CIDADE AMIGA)
respondo: não adianta, porque Parnaíba foi, é e será sempre no
meu coração a cidade
“Berço-cama-mesa,
universo e verso reais.”
O
livro enfeixa não apenas poemas que têm como tema central a cidade
da Parnaíba, mas também os que se limitam a referir-se a alguma
coisa ou a algum fato relacionados com ela, como ocorre com o poema
“Confissão”, que menciona o Campus Ministro Reis
Velloso/Universidade Federal do Piauí, em Parnaíba, ou com os
poemas elegíacos “No Cemitério” e “Passando em Revista”.
Aqui
o leitor vai se deparar com aspectos atuais da cidade sem omissão do
passado.
Para
leitura de outros poemas sobre Parnaíba basta recorrer às edições
de nºs. 62/1995, 63/1996, 64/1997 e 65/1998 do ALMANAQUE DA
PARNAÍBA, nas quais foram publicados 33 poemas sob o título geral
de Parnárias (nome sugerido pelo poeta Jorge Carvalho). Autores:
Alarico da Cunha, R. Petit, Edson Cunha, Lívio Castelo Branco, Jonas
da Silva, Francisco Ayres, Jesus Martins, Oliveira Neto (falecidos);
Jorge Carvalho, Elmar Carvalho, Alcenor Candeira Filho, Israel
Correia, Doralice Craveiro de Carvalho, Anchieta Mendes, Pádua
Santos, Fernando Ferraz, Carlos Marinho, V. de Araújo, e Zezo
Carvalho.
A
enumeração pode ser enfadonha mas a intenção é homenagear poetas
que também se inspiraram na cidade.
Os
parnaibanos do início do novo milênio vêm dando continuidade ao
trabalho e às conquistas dos antepassados, com a retomada do
progresso e da posição de grande centro empresarial. À vista de
todos, os avanços na educação, saúde, assistência social,
cultura, saneamento básico e em outros setores.
Resultado:
dados oficiais amplamente divulgados atestam que o município vem
melhorando no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que é
elaborado a cada 10 anos pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), que analisa inúmeros indicadores
socioeconômicos do Censo produzido pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE.
Há
muitas razões para comemorações nos 170 Anos da Parnaíba –
cidade de Simplício Dias da Silva, Mandu Ladino, Evandro Lins e
Silva, João Paulo dos Reis Velloso e Francisco de Assis Almeida
Brasil – ao tempo em que os parnaibanos estamos cientes de que há
muito por e para fazer e conscientes de que assim sempre será.
O
importante é que se não apague em cada coração parnaibano a chama
do amor azul e branco da nossa bandeira.
Parnaíba
possui área total de 992 km² e
cerca de 150 mil habitantes, localizada no norte do Estado do Piauí,
na região do Delta do Parnaíba, único das Américas em mar aberto
(área total de 2.700 km²), com mais de 70 ilhas e ilhotas,
manguezais, igarapés, dunas, praias desertas com areia monazítica e
carnaubais que abrigam fauna bastante diversificada.
A
mais bela praia piauiense – Pedra do Sal –
“porta
do céu
porto
do cio
pista
do sol
no
sal azul”
a
18 kms do centro da Parnaíba, é a única praia parnaibana e a todos
encanta com as enormes pedras que invadem o mar, compondo com o pôr
do sol uma das mais expressivas paisagens do litoral nordestino.
Em
Parnaíba se destaca ainda a Lagoa do Portinho, cercada por dunas,
com águas calmas e ventos fortes, ideal para esportes náuticos.
O
município de exuberantes paisagens rurais, lacustres, marítimas,
fluviais possui também atraente paisagem urbana marcada pelo
ecletismo de influência europeia (portuguesa, inglesa, francesa),
com alternância ou a mistura de edificações coloniais,
neoclássicas, modernas, como se vê ao longo da avenida Presidente
Vargas e em todo o centro histórico, com seus bangalôs, chalés,
casas neocoloniais térreas ou com dois pavimentos, destacando-se o
Solar ou Sobrado do Mirante – onde estão instalados o Instituto
Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba e a Biblioteca
Municipal – construído no final do século XIX por Auta Rosa
Cesária de Castello Branco, passando a ser conhecido como solar de
dona Auta Castello Branco.
Outros
pontos turísticos existem. Contudo, melhor que descrevê-los é
convidar as pessoas para vê-los, com, por exemplo, o conjunto
arquitetônico do Porto das Barcas; a Praça da Graça com suas
igrejas bicentenárias; a Casa Grande da Parnaíba e o Sobrado Vista
Alegre, construídos também na segunda metade do século XVIII.
Este
livro reúne 24 poemas, com total de 1128 versos, dos quais 804 são
inéditos em livro e escritos recentemente.
Espero
que o leitor sinta durante a leitura o prazer de quem bebe o mundo
inteiro nas águas barrentas do rio Igaraçu e mata completamente a
sede.
Parnaíba,
2014
A.
C. F.
(*)
Prólogo ao livro PARNAÍBA: MEU uniVERSO, da autoria de Alcenor
Candeira Filho.
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