Elmar
Carvalho
Conheci-o
na agência da ECT de Parnaíba, vinte anos atrás. Apesar de não o
ver há muitos anos, lembro-me dele sempre, e sempre como um homem
bom e de bem. Ele é, por assim dizer, a encarnação da bondade, da
bondade simples e natural e humilde, sem ostentação, mas também
sem a dissimulação dos hipócritas e fariseus.
Não
obstante sua humildade, sua modéstia natural, sua presença era um
acontecimento em nosso local de trabalho, quando aparecia para
recolher nossa pequenas contribuições financeiras, para os seus
velhinhos, amparados pela sociedade dos Vicentinos, de que é membro
assíduo e atuante, mesmo com a sua alongada idade. Como ele ficava
feliz com os modestos donativos! Parecia haver recebido uma vultosa
importância para si mesmo.
A
sua bondade, sua lhaneza, sua alegria espontânea e sincera pareciam
formar uma aura poderosa em torno de si, como a emoldurar o belo
quadro de sua velhice digna e honrada, fazendo com que todos se
sentissem bem ou melhor diante de sua pessoa. Talvez fosse um anjo
sem a consciência de sua condição de ser angélico, e que por isso
mesmo se locomovesse entre nós com tanta e natural simplicidade. Seu
carisma era tanto que ficávamos felizes com o seu aparecimento
ocasional em busca das esmolas para os seus velhinhos, e por isso
dávamos como se estivéssemos recebendo.
Muitos
anos depois descobri, através de minha mulher, que um amigo, o Dr.
João Batista Rios, que lhe herdou a bondade e a simpatia, era seu
filho. Prometi-lhe escrever uma crônica sobre seu pai, crônica
aliás que pretendia fazer há muitos anos, mas que,
inconscientemente, sempre adiava, talvez porque a personalidade
bondosa e simples de Nestor Rios dela não precisasse, o que de fato
é verdade.
Por
intermédio do Dr. Batista Rios fiquei sabendo que o bom Nestor havia
construído um conjunto de casinhas para os seus anciãos. Fiquei
imaginando o mistério de como as irrisórias esmolas haviam-se
transubstanciado naquelas casas, que acolhem, dando abrigo e amparo,
os pobrezinhos. Fiquei imaginando qual o fermento milagroso que
fizera crescer as esmolas nas mãos caridosas de Nestor Rios.
E
a resposta é simples. É que Deus atua através de nós mesmos, de
maneira sutil e suave, sem os alardes da mídia e da propaganda
enganosa da falsa caridade.
Deus
se manifestara em Nestor Rios, um anjo travestido em pele de ser
humano.
(*)
Nestor Rios nasceu em 29/03/1913, no município de Marco (CE), e
faleceu em Parnaíba, em 9 de junho de 2014, em cuja cidade era
radicado desde 1945. Portanto, viveu mais de um século. Era pai de
meu amigo e magistrado Dr. João Batista Rios. Praticante da
verdadeira caridade, fez parte do grupo dos Vicentinos de Parnaíba.
Católico fervoroso, parecia envolvido por uma aura de bondade e
vibrações positivas. Recebi a notícia através do amigo Antônio
Gallas Pimental, também vicentino.
Meu caro colega e amigo Dr. Elmar. Como filho de Nestor Rios digo-lhe que muito me agrada sua solidariedade. Momento dificil que é amenizado por manifestações assim. A familia Rios agradece-lhe.
ResponderExcluirComuniquei ao colega Leonardo Trigueiro, presidente da Amapi, o falecimento de seu saudoso pai. O texto será publicado no site de nossa associação, além de em outros portais. Não há o que agradecer; sou um admirador da conduta cristã e humana de Nestor Rios.
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