CONFISSÕES
DE UM JUIZ
Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras
No dia de hoje o acadêmico
José Elmar de Melo Carvalho, festejado autor de Rosa dos ventos gerais, lança mais um livro de sua autoria.
Trata-se de Confissões de um juiz,
bela obra, onde relata sua vivência de quase dezessete anos na magistratura
piauiense.
Mas o juiz, poeta,
memorialista e acadêmico não para por aí. Faz mesmo uma retrospectiva de seus
trinta e nove anos de vida pública, em que serviu ao País e ao seu Estado, o
Piauí, como monitor postal dos Correios (ECT), desde setembro de 1975; fiscal
da extinta SUNAB, depois redistribuído ao Ministério da Fazenda (a partir de
1982) e, por fim, juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, onde
ingressou no ano de 1997.
Em
sua interessante obra, Elmar Carvalho, como é mais conhecido, desce a minúcias
sobre sua passagem pelas comarcas onde atuou ainda ao tempo de juiz substituto,
tais como: Piracuruca, Socorro do Piauí, Inhuma, São Pedro, Teresina e
Curimatá. E, sobretudo, não esquece comunas onde se demorou por mais tempo, na
qualidade de titular. É assim que conhecemos facetas da vida judicial e
comunitária de distantes localidades, a exemplo de Ribeiro Gonçalves, antiga
vila de Remanso, terra de nosso estimado confrade Humberto Guimarães. Ela está
viva e presente em sua obra, sobretudo no capítulo intitulado Tempos Ribeirenses. Da mesma forma,
surge Capitão de Campos, no norte do Estado, e, também, a vetusta Regeneração,
onde se demorou por mais de seis anos, aqui representada pelo ilustre filho M.
Paulo Nunes, uma das glórias da Academia e daquela cidade, que também posso
chamar de minha, dados os laços de afetividade que nos unem. Essa cidade recebe
atenção especial em sua obra, inclusive com inclusão de eloquente discurso onde
relata sua história e relembra seus vultos, ao receber o título de cidadania
honorária.
Por fim, na obra ora lançada
aparecem Oeiras e Teresina, onde por último prestou seus relevantes serviços. A
primeira foi homenageada com célebre poema, Noturnos
de Oeiras, que caiu no gosto do povo e hoje está definitivamente
incorporado na literatura piauiense. Teresina, sem maiores comentários, é a
cidade do dia-a-dia, definitivamente incorporada em sua obra.
Esses relatos de vida
profissional, como vai perceber o leitor, além de trazer à baila a lida
forense, a convivência com representantes do Ministério Público, com advogados,
com serventuários, com os jurisdicionados em geral, são, também, entremeados
com episódios pitorescos e anedóticos, onde a vida comunitária surge em toda a
sua inteireza. Por essas razões, a obra de Elmar Carvalho interessa não só a ele
próprio, mas a todos aqueles que com ele conviveram e, sobretudo, é um registro
contemporâneo da vida comunitária, além de um retrato do judiciário piauiense
na visão de um magistrado.
Mas o magistrado José Elmar
de Melo Carvalho não se prende apenas a essas questões. Vai mais além. Relembra
os idos tempos de esportista, quando atuou como goleiro de time amador. Traz
crônicas sobre o cotidiano e sobre entes queridos, além de rica memória
fotográfica.
Também, aborda a sua atuação
em defesa dos valores literários, da cultura, do esporte e das causas
ambientais, sobretudo a defesa do rio Parnaíba, que é vital para a economia
piauiense.
Como não poderia deixar de
ser em obra dessa natureza, o juiz Melo Carvalho, mesmo não sendo um estudioso
da área, traz algumas informações sobre suas origens genealógicas assentadas no
norte do Piauí, entre os carnaubais de Campo Maior, as Barras do Marataoan e o
vale do rio Piracuruca, onde viveram os Furtado, os Rego, os Melo e os Carvalho
de sua ascendência familiar.
Convidado para prefaciar o
livro, destaquei naquela oportunidade, entre outros aspectos, o belo e pungente
perfil por ele traçado de sua saudosa mãe, mostrando as suas qualidades de
escritor, mas também a pureza de ser humano que é, assim como o berço de onde
saiu, razão da fortaleza de seu caráter no enfrentamento das adversidades da
vida.
Nesse aspecto, é interessante
ressaltar na personalidade do juiz José Elmar de Melo Carvalho, dois belos
traços: a simplicidade e a humildade. Essas virtudes foram exaltadas pela
população de Baixa Grande do Ribeiro, termo judiciário de Ribeiro Gonçalves,
onde atuou esse magistrado. E foram ditas por populares a outro magistrado, o
Dr. João Batista da Silva Rios, também portador das mesmas virtudes, nosso
amigo comum e que o conheci há vários anos, na qualidade de Juiz de Direito da
cidade de Bertolínia, onde nasci. De fato, esse é um traço marcante da
personalidade do autor, que muito o honra e dignifica. E eu também posso assim testemunhar,
porque o conheço de longa data, vez que formamos na mesma turma do curso
jurídico na Universidade Federal do Piauí, em julho de 1988. E, também, na
qualidade de advogado tive com ele muitos contatos profissionais.
Um parecer precisa ser dito
sobre a obra ora lançada. Confissões de
um juiz sobreviverá ao tempo e permanecerá na literatura piauiense,
sobretudo pela franqueza e honestidade intelectual de seu autor. Elmar Carvalho
não fugiu aos fatos, não sonegou informações. Foi de uma franqueza elogiável ao
referir-se a problemas particulares ao tempo de redução salarial na SUNAB e,
sobretudo, aos problemas de saúde que o afligiram ao longo de sua bem sucedida
jornada. Nesse aspecto, sua obra lembra as Memórias
de Humberto de Campos.
Por fim, meu velho amigo Elmar, o mais eu já
disse no prefácio do livro. É essa mais uma obra de sua lavra. Uma boa obra que
vem enriquecer a literatura piauiense. Parabéns.
·
Oração proferida
no auditório “Wilson de Andrade Brandão”, da Academia Piauiense de Letras, na
manhã de 14 de março de 2015, por ocasião do lançamento da obra Confissões de um juiz, de autoria do
magistrado e acadêmico José Elmar de Melo Carvalho.
O judiciário piauiense perde um excelente juiz, a familia fica mais perto do guerreiro, os amigos ganham mais tempo para convivência sudável, Campo Maior agora terá um defensor de seu patrimônio em tempo integral e a cultura, ganhará com seus contos, seus poemas e o seu amor à literatura .
ResponderExcluirParabéns pelo livro "Confissões de um Juiz"
José Itamar Abreu Costa
Seu confrade da Alval e o seu companheiro "Sancho Pancha"em prol de Campo Maior
Muito obrigado, caro amigo Itamar.
ResponderExcluirVocê é uma pessoa que sempre soube reconhecer e proclamar os méritos dos outros, com alegria e entusiasmo.
Abraço,
Elmar