domingo, 15 de maio de 2016

CETICISMO


CETICISMO

Elmar Carvalho

Náufrago de uma tempestade
num copo dágua,
escuto o canto da desgraça
como um chamado de sereia.
Pregado numa cruz invisível,
de cabeça para baixo,
tenho os braços fechados
em sinal de protesto.
Herói morto de
um sonho desfeito,
tenho como epitáfio
a solidão e o
esquecimento.
Cantor do silêncio,
tenho a lira sem cordas
e as mãos paralíticas.
Pássaro-símbolo da liberdade,
tenho as asas quebradas e a
garganta afônica.
Mendigo da solidão,
tenho as mãos vazias.
Descendente de troglodita,
sou menos que um
macaco.
Partícula de mim mesmo,
sou menos que uma célula
fragmentada.
Resumo de mim mesmo
uma expressão me resume:
o NADA absoluto.


           Parnaíba, 04.09.77

Nenhum comentário:

Postar um comentário