NOSSO FUTURO NO FUTEBOL PODERÁ
SER UMA VOLTA AO PASSADO
Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal
afcsousa01@hotmail.com
-Treinador,
o senhor fez uma alteração equivocada, tirando um dos raríssimos jogadores que
chutaram em gol no primeiro tempo; mas havia chance de consertar o erro, já que
ainda dispunha de duas substituições possíveis de serem feitas, por que não as
fez? Pergunta de jornalista a Dunga em entrevista coletiva depois de Brasil
versus Peru. E ele, gaguejando: - porque, ora..., ora..., veja bem, o time
naquele momento estava encaixado... E errou de novo, dessa feita, também, na
utilização do predicativo: em vez de “encaixado” deveria dizer “encaixotado”,
pronto para ser despachado, mandado ao lixão de Massachusetts – se é que lá
existe isso. É muita desfaçatez, incompetência, arrogância e ignorância,
juntas.
Um
amigo disse que Dunga foi um grande jogador. Como não entendi ser brincadeira,
que ele não queria referir-se ao biótipo avantajado do sujeito, mas à sua
técnica, discordei; também o fiz em relação ao que, a seguir, acrescentaria:
que, na seleção campeã pela quarta vez em mil, novecentos e noventa e quatro,
ele, o volante ogro, e Romário - não citou o humilde jogador Bebeto, um dos
melhores coadjuvantes de todos os tempos - é que deram o tetracampeonato ao
Brasil. Por estar com pouca paciência e sem vontade de discutir, disse ao velho
chapa, peremptoriamente: companheiro, a copa do mundo de mil, novecentos e
noventa e quatro, não tenho nenhuma dúvida em afirmar, foi uma das mais pobres,
tecnicamente, dentre todas as já realizadas: nunca tantos canelas de pau
compuseram suas respectivas seleções nacionais.
O
Brasil em termo de seleção de futebol principal, nos últimos dois anos,
conseguiu feitos memoráveis, inesquecíveis, verdadeiras quebras de paradigmas:
levamos a maior goleada da história do esporte bretão, desde que começou a ser
disputado por seleções nacionais, e a pior já sofrida por um campeão mundial: o
doloridíssimo sete a um diante do escrete alemão; após trinta e um anos fomos
derrotados pelos peruanos e, não bastasse isso, quase trinta anos depois,
saímos de uma copa américa pela segunda vez
na primeira fase do torneio, com a pior participação dos últimos noventa
e três anos.
Que
mais nos falta acontecer? Mantido o entourage administrativo da confederação
brasileira de futebol e, consequentemente, a filosofia que a norteia quanto à
escolha da comissão técnica das seleções principal e olímpica, muito
provavelmente, duas desgraças, uma inédita, a outra não: ficarmos, pela
primeira vez, fora de uma copa do mundo, a de dois mil e dezoito e, novamente,
deixarmos de ganhar medalha de ouro no futebol olímpico. Os dois fatos podem se
realizar sem surpresa: estamos fora da zona de classificação nas eliminatórias
sul-americanas de futebol, enquanto nossa seleção olímpica, muito bem arrumada
por treinadores que antecederam Dunga, corre o risco de esfacelar-se ou ficar
desfigurada até a abertura do torneio, caso seu novo treinador decida fazer
experiências.
O
tempo corre célere, mas mesmo assim, seria bastante arriscado continuarmos com
Dunga; ele já provou que é egoísta, turrão e míope como poucos. Ruim sem ele,
muito pior com ele. Vamos para mais um drama olímpico, mas quem sabe não nos
salvemos nas eliminatórias, com outro treinador, principalmente se a ele for
dada a liberdade de fazer as convocações que julgar convenientes; levando à
seleção quem, de fato, envergue a amarelinha considerando-a sua segunda pele;
sem qualquer interferência comercial, corporativa ou burocrática; craques temos
de sobra, ou o mundo não se interessaria por nossos jogadores. Se, mesmo assim,
não der certo, talvez seja chegada a hora de voltarmos ao passado. Pode ser que
para salvarmos nosso futuro, precisemos praticar futebol como fazíamos entre
mil novecentos e cinquenta e oito e mil, novecentos e setenta, período em que
servimos de referência técnica e estética futebolística, virtudes que perdemos
desde quando passamos a tentar imitar, sem sucesso, o acadêmico, pragmático e
parametrizado futebol de resultados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário