AMARANTE - 145 ANOS DE EMANCIPAÇÃO
POLÍTICA
Luís Alberto Soares (Bebeto)
ORIGEM E EVOLUÇÃO
AMARANTE tem sua origem num aldeiamento
indígena. Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, 2º Governador da Província do
Piauí, em 1771, aldeiou os índios Acaroás e Guegueses perto
da nascente do riacho Mulato, no mesmo lugar onde hoje é a cidade de Regeneração,
dando a essa missão o nome de São Gonçalo de Amarante, em homenagem ao santo de
seu nome. A história de Amarante está ligada ao então propósito do Governador
da Província, utilizando mercenários em busca de ouro e consequentemente
acumulando riquezas, aldeavam e na maioria das vezes trucidavam índios que
viviam às margens do Rio Mulato na antiga Vila de São Gonçalo (hoje
Regeneração). Devido à navegação do Rio Parnaíba e o consequente avanço
comercial que já se fazia notório, em 16 de julho de 1861, em conformidade com a lei nº. 506 de 10 de
agosto de 1860, a sede foi transferida para o Porto de São Gonçalo de Amarante,
ficando a atual Regeneração reduzida a uma simples povoação denominada de São
Gonçalo Velho.
AMARANTE fica na Zona
Fisiográfica do Médio Parnaíba, Microrregião 4 e ocupa uma área de 1.150 Km2,
limitando-se ao NORTE com Palmeirais – ao LESTE, Angical do Piauí e Regeneração
– ao SUL, Francisco Ayres e Floriano e a OESTE com São Francisco do Maranhão. O
município de Amarante foi formado com território desmembrado de Jerumenha e de
Valença. Desmembrou terras para a formação de outros municípios, como: Angical
do Piauí, Francisco Ayres e Arraial. Atualmente o município de Amarante é
constituído por sete Datas: Boa Esperança, Muquilas, Araras, Sítio do Meio,
Saco dos Melo e Conceição. A cidade de Amarante está encravada na Data de Boa
Esperança. Assentamentos do INCRA: Flor
de Maio, Santa Helena, Araras, Ararinha, Mimbó, Salobro, Nova Conceição e Ponta
da Várzea. Do Crédito Fundiário: Vila Feliz, Chapada dos Marcos, Chapada do
Filomeno e Chapada do Bacuri. População do município: 17.316 (CENSO/2010).
Amarante ocupa a trigésima primeira posição dos municípios mais populosos do
Piauí.
Na segunda metade da década de
trinta, do século XX, os hidroaviões da Companhia “Condor” faziam escala
semanal em Amarante. Pousavam no rio, frente à cidade, e atracavam ou paravam
em local apropriado. Transportavam
passageiros, encomendas e
malas do Correio.
Traziam muita vida à cidade
e promoviam o
intercâmbio sócio-cultural. Era um dia
movimentado. A presença do
hidroavião atraia e motivava o comparecimento de muitas pessoas, levadas pela
curiosidade.
O PRIMEIRO RÁDIO a ser instalado
na cidade de Amarante foi o do movimentado Bar do Antônio Costa. Para muitos,
era coisa de outro mundo. Vinha gente de todos os lugares de Amarante somente
para escutar a grande invenção sonora. O bar ficava superlotado de curiosos,
que o diga a senhora Clotildes Ribeiro da Silva, popular Coló, 103 anos de
idade, mãe de José Pereira, o conhecido Zé Besouro. Ela presenciou a novidade e
diz para a nova geração que teve muita gente que quando escutou o rádio, fazia
o sinal da cruz, dizendo que aquilo era uma “pintura do cão”.
RUAS E VÁRIAS CASAS DE AMARANTE recebiam iluminação através de lampiões
a querosene ou a “petromax” (estilo Aladim). Em 07 de setembro de 1933, a
empresa Morais & Cia, de Parnaíba, instalou em nossa cidade, a energia
elétrica movida por máquina a vapor (caldeira à lenha e água), das 06 às 11
horas da noite. Anos depois, a Prefeitura de Amarante foi responsável pelo
fornecimento da energia elétrica gerada pelo mesmo processo da Morais &
Cia. Em seguida, o fornecimento de energia foi gerado por máquinas a óleo por
conta da CERNE, instalada no prédio hoje pertencente ao Iate Clube Amarantino,
também das 06 às 11 horas da noite. Havia prorrogação de energia nos
acontecimentos especiais. Por último, a CEPISA – respondendo pelo atual
abastecimento em todo Estado do Piauí.
AMARANTE é uma fonte de riqueza natural. A
cidade é de porte médio, mas a sua posição geográfica, entre três rios,
circundada nos versos de nosso poeta maior, “Da Costa e Silva”, que a
cognominou de “uma ilha alegre e linda”. A coroa do Rio Parnaíba, especialmente
aos domingos do mês de julho, há grande aglomeração de banhistas, observadores
e comerciantes de vários municípios do Brasil. Tem também o morro de São
Benedito, defronte à Rua Antonino Freire, onde há o velho “ESCORREGA BUNDA”, que muitas gerações de amarantinos
ilustres, na sua infância, ali se entretinham brincando. Tem ainda as
principais atrações turísticas: o panorama do alto da Escadaria “Da Costa e
Silva”, casarões em estilo colonial, o Sítio Floresta, a Casa Odilon Nunes que
abriga a Biblioteca e o Museu da Cidade, O Museu do Divino Espírito Santo, a
Pousada Velho Monge - onde se descortina a bela paisagem das serras de São
Francisco do Maranhão.
O HINO E A BANDEIRA MUNICIPAL DE
AMARANTE são de autoria do heraldista e vexilologista, professor Arcinoe
Peixoto de Faria, da Enciclopédia Heráldica Municipalista com sede em São Paulo
– Capital. Oficializados pela Lei
Municipal nº 411, de 28 de março de 1977.
Administração: Emília da Paixão Costa (Bizinha). O Hino Municipal de
Amarante com letra de Monsenhor Isaac José Vilarinho e música do maestro Luís
Santos. Oficializado pela Lei Municipal nº 411, 28 de março de 1977.
HISTORIADORES contam nos seus
arquivos que na época da transferência da Vila de São Gonçalo para o Porto
(cidade de Amarante), surgiu a 1ª professora de nosso município. Logo mais,
foram criadas duas escolas públicas estaduais: uma para meninos, dirigida por
um professor e outra para meninas, dirigida por uma professora - denominadas:
Escola Pública do Sexo Masculino e Escola Pública do Sexo Feminino.
VIA PÚBLICA - A primeira rua da
cidade de Amarante chamava-se Rua Grande, devido sua ampla largura, partindo no
Morro do Pontal à margem do rio Parnaíba. Foi o caminho da Vila de São Gonçalo
para o Porto. Hoje, nomeada Avenida Desembargador Amaral em homenagem ao
primeiro juiz de Direito de Amarante, Desembargador José Mariano Lustosa de
Amaral. Havia uma arborização muito frondosa de “mamoranas”, árvores de origem
portuguesa. Nas laterais, iluminação por lampiões a querosene. As árvores são
as que o nosso poeta maior, “Da Costa e Silva” se refere no soneto Saudade. Em
1932, um projeto do amarantino, engenheiro, Dr. Manoel Sobral (alto
comerciante), a Avenida foi transformada com figueiras e fícus benjamim. Em
seguida iluminada por petromax. Em 07/09/1933, a Avenida recebia luz elétrica
da usina Morais & Cia., trazida por Zeca Correia, que implantou outros
benefícios no município.
OS PRIMEIROS PROFESSORES DE AMARANTE: Efigênia Maria de Azevedo, Odilon
Nunes, Cunha e Silva, Luiz Moura da Cunha, Amora Cunha e Silva, Ditosa Fonseca,
Raquel Costa (Quesinha), Júlia do Monte Lustosa, Júlia Leitão, Zilda Sampaio,
Nair Conde, Carolina Freire, Nailde Ribeiro, Joca Vieira, Arysnede Cavalcante
Corrêa Lima.
OS PRIMEIROS JUÍZES DA COMARCA DE
AMARANTE: (1861 a 1900): Dr. Higino Cunha, Dr. José Mariano Lustosa de Amaral,
Dr. Gastão Ferreira de Gouveia Pimentel Beleza, Dr. José Piauhilino Mendes
Magalhães, Dr. Umbelino Moreira de Oliveira Lima, Dr. Sesostris Silvio Mendes
de Moraes Sarnamento, Dr. Pedro Emigdio da Silva Rios, Dr. Antonio Martins da
Silva Porto, Dr. Jesuino José de Freitas, Dr.Joaquim Ribeiro Gonçalves, João
Leopoldino Ferreira, Dr. César do Rego Monteiro, Dr. Ernesto José Batista, Dr.
Eduardo Olímpio Ferreira. Os quinze últimos: Dr. Ausônio Carneiro da Câmara,
Dr. Archimedes Nogueira Paranaguá, Dr. Rogério de Castro Matos, Dr. Thomaz
Gomes Campelo, Dr. Geraldo Magella de Carvalho, Dr. Alair Rocha, Dr. Luís
Fortes do Rego, Dr. José Arimathéa Tito Neto, Dr. Raimundo Fortes de Oliveira,
Dr. Francisco Isaias de Arêa Almeida, Dr. Henrique Oliveira do Vale, Dr. Herbet
Belisário dos Santos, Dr. José Raimundo Belo, Dr. Atenor Barbosa de Almeida
Filho, Dr. Fernando Lopes da Silva Filho e Dr. Netanias Batista de Moura, desde
outubro de 1997.
OS PRIMEIROS MÉDICOS QUE CLINICARAM EM AMARANTE: Manoel Joaquim
Rodrigues Macedo (22-02/1862); Júlio César Audreíno - amarantino nato (1883);
Bonifácio Ferreira de Carvalho - amarantino nato (1890); Manoel Rodrigues de
Carvalho (1891); Antonio Sobral - amarantino nato; Antonio Ribeiro Gonçalves –
amarantino nato; Francisco Ayres Cavalcante - amarantino nato (1915); Evanilda
Neiva Pacheco (1959); Misael Dourado Guerra (1964).
VELHOS CABARÉS. - A cidade de Amarante viveu por várias décadas num
movimentado clima de prostíbulo, reverenciado em nosso meio como Cabaré e
Tabocal. Os ambientes para a prática sexual ocorriam especialmente à noite com
maior movimentação nos finais de semana. As prostitutas, populares raparigas,
eram de várias localidades e os frequentadores de todas as classes sociais.
Existiram três agitados setores de cabarés na cidade: “Cai N’agua”, à margem do
rio Parnaíba, próximo do Hotel Pousada. Teve vários proprietários. Entre eles,
os populares João Garapeira (falecido) e Raimundinho da Dorica. Lá era
promovido o Baile Cor de Rosa e o Forró Pé de Serra. Na conhecida Rua do Fogo
tinha várias casas do ramo: Os cabarés das populares Marizô, Carmozina
(falecida), Chica Preá (falecida) e Irene Casadinho (falecida) e tantas outras.
Havia também muito forró e muitos bares com músicas bregas e apaixonadas,
tocadas em radiolas ou em vozes de bêbados, acompanhados por um violão. Próximo
à Rua do Fogo, na beira de um grotão, teve o movimentado cabaré “Casa Amarela”
de propriedade do popular Estevão Galinha D´gua (falecido), onde também havia
muito forró e o Baile Amarelo. Tinha ainda o ponto: “As Meninas dos Olhos” do
engraçado Quixaba, localizado no “Sovaco do Cão” à margem do rio Parnaíba.
“Inferno Verde” foi o apelido dado pelo popular Reis Felix, considerado uns dos
maiores frequentadores de cabarés de Amarante, a um animado setor da
prostituição, localizado na Rua São Benedito, perto do Clube Os Quarentões.
Teve vários donos de cabarés, neste setor, como: Cecílio Dias (falecido), as
populares: Chicuta, Ducarmo Tataira, Rita Macambira, Biluca e Helena Preta.
Tinha ainda Nazaré Cambão, a “Rainha da Panelada”. Havia ainda nos prostíbulos
de Amarante outros nomes de bailes, o Branco e o Azul. Vale esclarecer que as
prostitutas eram muito discriminadas: não podiam estudar em colégios, frequentar
igrejas e nem de participar de muitos atos da sociedade. Em várias ocasiões,
muitas mulheres casadas foram atrás de seus maridos nos cabarés. Existem ainda
em nossa cidade, três prostíbulos: “Paraíso do Amor” do popular Doutor do
Cícero Casadinho (bairro Dois Coqueiros), BR 343; Casa de Encontros da popular
Ducarminha, Rua Da Costa e Silva, perto do rio Parnaíba (Cai N´agua) e o da
Chiquinha Sousa, Rua do Fogo.
CONEXÃO - A cidade de Regeneração a 18 km do centro de Amarante,
historicamente conectada à nossa cidade desde o início de sua povoação. Vale
ressaltar que a conceituada Regeneração quando era pequeno povoado, recebeu
outros nomes: São Gonçalo de Amarante, São Gonçalo Velho, e São Gonçalo de
Regeneração. Ela também foi muito chamada de Vila. Ainda hoje, existem pessoas
que pronunciam esse apelido. Para suprir sua necessidade comercial através de
transporte fluvial no rio Parnaíba, a nossa vizinha Regeneração, fez
estabelecer o “Porto”, origem do município de Amarante. Regeneração passou por
um bom tempo, vinculada em nossa municipalidade. Continua a influência mútua
comercial, educacional, cultural, social e política desses municípios.
MINÉRIO EM AMARANTE - Segundo o geólogo
amarantino João Castor do Nascimento Silveira, há grande possibilidade da
existência de minério na Serra da Arara, município de Amarante, devido à
formação sedimentar da área, principalmente por arenito. A Petrobrás esteve no
local onde perfurou há longos anos, um poço pioneiro. O resultado constituiu
uma ligeira emanação de gás. Esclareceu ainda o geólogo João Castor que no
lugar Canto, neste município, limitando-se com Francisco Ayres, há uma boa
quantidade de GIPSITA (sulfato de cálcio), matéria prima para obtenção de
gesso. Análise já foi feita em laboratório de São Paulo por intermédio do
geólogo João Castor da Silveira.
AMARANTE às vezes é chamada por
este Brasil afora como “Terra do Papagaio”. Por quê? A historiadora Maria
Santana Vilarinho Santos, um dos membros de nossa cultura, tem uma versão do
motivo desse chamamento. “Há muito tempo... Numa grande enchente dos rios
Parnaíba e Canindé, desciam enormes blocos de terra, contendo árvores, animais
e outros. Num desses blocos vinha um papagaio. Ao chegar na cidade de Amarante,
a ave perguntou - onde estou? Responderam – em Amarante. Ele deu uma risada e disse: prefiro a morte.
Aqui, é terra de poetas, escritores, governadores, não há lugar para papagaio...
Ah! Ah! Ah!”.
AMARANTE, berço de grandes nomes:
Dirceu Mendes Arcoverde, Antonino Freire, Waldir Arcoverde, Eduardo Neiva, “Da
Costa e Silva”; Luís Mendes Ribeiro Gonçalves, Osvaldo Da Costa e Silva, Dr.
Antonio Ribeiro Gonçalves, Taumaturgo Sotero Vaz (poeta), Odilon Nunes, Cunha e
Silva, Clóvis Moura, Carvalho Neto, professor Antonio Veríssimo de Castro
(Tonhá), historiadora Raimunda Nonata de Castro (Nasi), Coronel Joaquim
Vilarinho, Coronel Miguel de Almeida Lira, Geraldo de Sousa Vilarinho (oficial
superior do Exército), Dr. Francisco da Cunha e Silva Filho, Dr. Francisco
Ayres Cavalcante, professor Afrânio Nunes, Homero Castelo Branco, Dr. Antonio
Pereira Lopes, Dra. Eulália Maria Ribeiro Gonçalves do Nascimento Pinheiro, Coronel
Clidenor Lima, Coronel Walker Prado, Coronel Manoel Mendes de Melo, Cel.
Solange Maria Macedo Lima, Major Antonio Soares Ribeiro, Capitão Deodato Lopes
da Silva, Dr. Eleazar Moura, José Moura Lima,
Dr. Adoniais Carvalho, Dr. José Moacy Leal, João Elias Teixeira e Silva,
Rafael Sousa Fonseca, Dra. Maria Celestina Mendes da Silva, José Dias Feitosa
(Capitão Zeca) e outros famosos. Amarante, por vários motivos, é apelidada: a
Capital da cultura piauiense.
TÍTULO A AMARANTE. O sistema Meio
Norte de Comunicação, por meio do Portal Meionorte. com, via rede social, abriu
concurso em 2012, através de votos, para eleger os novos sete locais mais belos
de nosso Estado. A riqueza arquitetônica de Amarante e sua tradição histórica,
o fator principal para que nossa cidade recebesse o título de Sétima Maravilha
do Piauí.
Textos do livro AMARANTE,
PERSONALIDADES E FATOS MARCANTES.
Autor: Luís Alberto Soares
(Bebeto)
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