O poeta Marcos Freitas, a Editora Catrumano (São Paulo, SP) e a Livraria Entrelivros têm o prazer de convidar-lhe para o lançamento do livro “Sentimento Oceânico”, nova coletânea de poemas, no dia 17 de janeiro (terça-feira) de 2017, às 19:30 hs, em Teresina – PI.
Programação:
Sessão de Autógrafos.
Leitura de poemas do livro “Sentimento Oceânico”, prefaciado por Anderson Braga Horta, apresentação de Edmar Oliveira e orelha por Jorge Amâncio.
Serviço:
LIVRARIA ENTRELIVROS
Av. Dom Severino, Av. Dom Severino, 1045 - Fátima,
Teresina - PI, 64049-375
Horário: 19:30 hs.
Livro:
Sentimento Oceânico
Ed. Catrumano, São Paulo, 124p, 2015.
ISBN: 978-85-64471-45-0
APRESENTAÇÃO
Marcos
Freitas é um poeta profícuo e, cumprindo a sina dos seus antepassados, nele a
intimidade com as letras procura a composição estética sem qualquer esforço.
Engenheiro de formação, com pós-graduação na Alemanha, também tira do estranho
idioma, que teve de aprender, a tradução em versos de sua obra. Especializado
em Recursos Hídricos, faz dos seus afazeres a poesia de um meio ambiente que,
mesmo quando maltratado, grita num poema a percepção técnica.
Neste
trabalho, que tenho a honra de apresentar, os cantos de jurema nas quenturas do
bê-erre-ó-bró são percebidos nas verdesveredas de sua cidade como um Sentimento
Oceânico, como se a galáxia fosse tomada por lembranças da sua aldeia.
O livro é
dividido em quatro seguimentos. SULEANDO-SE PELAS VERDESVEREDAS traz as
lembranças infantis, que foram buscadas nas Dobras Espaciais de Alcubierre,
soluções do Tubo de Krasnikov, para entrar no encantamento de uma floresta
tupi, substituída por uma concreta plantação de eucaliptos. Pois vejam só, o
nosso poeta usa os conhecimentos das ciências exatas para explorar os
recônditos de suas memórias sentimentais, onde a máquina Singer da mãe serve de
instrumento musical: “dedilha, bem sei
mãe, na nova harpa sutis sons de galáxia, estalos eternos de amor”. E
também usa o Diário de Pigafetta, documentário da viagem marítima de Magalhães
em volta da terra, para sair do sertão da cacimba barrenta e voltar ao cerrado
do Planalto Central, não sem antes fazer um inventário das (S)obras do Piauí.
Estamos apenas começando uma viagem espacial para dentro do sentimento.
Em ELEGIA
ARANI, segunda parte do livro, pode ser num mau tempo e/ou numa cidade da
Bolívia. Com os mesmos ares. Porque La Chascona de Neruda, em Santiago, há de
ter paciência com o sol. “Ser poeta é
estar sempre disposto a se lançar, sem paraquedas, no abismo profundo de sua
alma, quando o poema lhe bate à porta”. A árvore da vida, os planos de
Brasília (Unheimlich), as realidades não-locais podem ser achados na filosofia
de Ernst Bloch? Foi muito pouco traduzido o alemão entre nós, mas é dos sonhos
de sua arte que o poeta nos chama atenção, cantando a Laura Moura de Mário de
Andrade ressoando em H. Dobal. Pronto, de volta a casa: na sua procura
universal retorna a aldeia conquistada por Mandu Ladino: “o canto airoso daquela hora / é canto ladino / é elegia arani”. O
nosso herói indígena nos braços da cabocla Jurema. A praça Tahrir é a nossa
Pedro II. Pra lá de Dortmund, na Alemanha, a nossa Estação ferroviária, onde um
metrô não nos leva a lugar nenhum.
A negra
massapê, o amarelo-tauá e o branco caulim são as cores das areias em que
caminha a AVIVENTAÇÃO DE RUMOS do terceiro movimento poético. Mesmo
contemplando o Morro da Baleia no Goiás, a saudade de sua terra fala mais alto.
O nosso anti-herói, o Cabeça de Cuia de nossos rios, sonha em ser descoberto
por um olheiro de futebol. As andorinhas da Frei Serafim fugiram todas. Talvez
ecoem no Morro do Roncador em Pedro II. Mas as palavras poéticas, ah, essas “palavras / como que formigas enfileiradas /
as palavras como águias esfomeadas / flanando – quase sem peso – / no ar”.
Aviventam os rumos.
Por
último, nas MINUDÊNCIAS recolhe os fragmentos do território do Matopiba. É
nesse pedaço de território, do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que a
monocultura assassinou os pés de paus das frutas de nossa infância. E o
Matopiba parece ameaçar toda a caatinga e cerrado, encerrando os doces frutos
do buriti, do pequi, do bacopari. As lembranças são feitas de um gosto no
território dos sentimentos. Para fazer-se mais luz, danificam-se os recursos
hídricos. Se na sua profissão, Marcos luta desesperadamente contra o inevitável
do progresso que nosmatará, o poeta ainda pode gritar no seu movimento político
sentimental:
“a tarde carregada / de chuva abriu-se /
inesperada em sol”.
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