segunda-feira, 22 de maio de 2017

AS ENTREVISTAS DE NUREMBERG


AS ENTREVISTAS DE NUREMBERG         

Valério Chaves
Des. inativo do TJPI                    

        Penetrar em arquivos, manusear documentos, ouvir depoimentos, realizar entrevistas e buscar vestígios de um fato histórico ocorrido em épocas perdidas nas brumas dos tempos tem sido o caminho mais viável que os pesquisadores e historiadores  encontraram para reconstruir o passado e ampliar suas possibilidades de pesquisa  no horizonte da História.

        O livro como um complexo objeto de cultura, embora  tenha pouco mudado desde que Gutemberg imprimiu os primeiros exemplares da Bíblia no final do século XV, ainda é o principal acesso do homem às fontes de pesquisa cultural inclusive colocando em evidência os grandes personagens de guerras que mudaram o curso da humanidade.

        Leon Geldensohn, escritor e oficial do exército norte-americano, que durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi responsável pela saúde mental dos oficiais nazistas recolhidos em presídios enquanto aguardavam julgamento perante o Tribunal de Nuremberg, revela em seu livro “As Entrevistas de Nuremberg”, publicado no Brasil pela editora Companhia de Letras (in artigo de Luiz Lucio Merg, Cad. Literatura, AJURIS, 2006), detalhes, até então desconhecidos, das atrocidades praticadas durante o Holocausto contra os judeus.

        Através das entrevistas reproduzidas fielmente na obra, o autor conseguiu extrair relatos inéditos de 19 dos 24 criminosos nazistas importantes acusados de crime de guerra como: Hermam Greering, Ribbentrop e Albert Speer que, ao contrário de alguns poucos acusados, isentaram-se de responsabilidade direta nos massacres ocorridos nos campos de extermínio, procurando atribuí-la a Adolf Hitler e  Heinrich Luitpold Himmler – figuras mais poderosas do alto escalão nazista.

        Rudolf Auschwitz – um dos homens mais importantes depois de Hitle - quando entrevistado por Geldensohn admitindo ter conhecimento direto dos crimes diz textualmente:

        “Fui chamado a Berlim e recebi ordens de Himmler para erigir campos de extermínio dizendo-me com as seguintes palavras: “Nós da SS, precisamos executar esses planos. É uma tarefa difícil, mas se a ação não for imediatamente realizada, em vez de nós exterminarmos os judeus, serão eles que exterminarão os alemães no futuro”.

        Os julgamentos de Nuremberg, como se sabe, tiveram início em  novembro de 1945 na cidade alemã do mesmo nome situada ao norte do estado da Baviera, e constituíram-se num marco do direito internacional na medida em motivaram críticas levantadas por doutrinadores do direito sobre as violações dos direitos fundamentai do homem com a realização de julgamentos por um tribunal de exceção (ad hoc) onde além de não haver jurados, os acusados não tiveram direito de escolher advogados.

        No final, por terem admitido a veracidade das acusações, o tribunal decretou 12 condenações à morte, 3 prisões perpétuas, 2 condenações a 20 anos de prisão, uma a 15 e outra a 10. Três acusados foram absolvidos: Hans Futzsche, Franz von Papen e Hjalmar Schacht.      

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