O centenário da Academia
Reginaldo Miranda
Ex-Presidente da Academia Piauiense de Letras
Faz cem anos que um punhado de
intelectuais idealistas fundou a Academia Piauiense de Letras. Era 30 de
dezembro de 1917, quando reunidos no salão do Conselho Municipal de Teresina,
deliberaram pela fundação do Sodalício e votaram os estatutos, inicialmente com
trinta cadeiras, cada membro escolhendo o seu patrono. Aliás, reunião com o
mesmo objetivo havia ocorrido em 4 de agosto de 1901. Naquela oportunidade
haviam deliberado no mesmo sentido, no entanto porque ficaram de elaborar e
aprovar os estatutos nunca o fizeram, de forma que na reunião de dezesseis anos
depois nenhuma referência fizeram àquela primeira, assim nada aproveitando
senão a ideia da fundação. Participaram daquela reunião Clodoaldo Freitas,
Higino Cunha, Manoel Lopes Correia Lima, Antonino Freire, Domingos Monteiro,
João Pinheiro, Arquelau de Sousa Mendes, João José Pinheiro, Luiz Evandro
Teixeira e Fócion Caldas. De toda sorte, é uma data que merece ser lembrada
como ponto inicial de um sentimento que se concretizaria em 30 de dezembro de 1917.
É oportuno lembrar que três daqueles
pioneiros de 1901, participaram da reunião de 1917, sendo Clodoaldo Freitas, Higino
Cunha e João Pinheiro, secundados por oito intelectuais mais jovens.
Na reunião fundadora foi eleita a
nova diretoria, que tomou posse em 24 de janeiro seguinte, data em que então se
comemorava o Dia do Piauí. O veterano Clodoaldo Freitas foi o primeiro
presidente, reeleito no ano seguinte, entretanto por alguma insatisfação
renunciou ao segundo mandato em janeiro de 1919, sendo substituído por Higino
Cunha, depois reeleito. Na sucessão de 1924, vai eleito Mathias Olímpio, então
governador do Piauí e intelectual muito festejado por aqueles dias. Higino
Cunha retorna à presidência em 1929, sendo sucessivamente reeleito até 1943,
quando enfrenta a oposição de jovens intelectuais liderados por Martins
Napoleão. A primeira batalha foi na eleição para a cadeira 26, aberta em 1940,
em que o velho presidente patrocina a candidatura da professora Isabel Vilhena,
enquanto Martins Napoleão sustenta a candidatura de Álvaro Ferreira, que vai eleito
depois de alguns enfrentamentos e invocações estatutárias. Por fim,
insatisfeito, Higino Cunha renuncia ao cargo sendo substituído por Martins
Napoleão(1943 – 1946). Na sucessão vai eleito para a presidência do grêmio
literário o pivô da discórdia, Álvaro Ferreira, autor de Da terra simples, sucedido pelo psiquiatra Clidenor Freitas Santos
(1954 – 1959).
Em seguida vai eleito o desembargador
Simplício Mendes, que permanece por 15 anos, sucessivamente reeleito. Em 1967,
sob sua presidência é comemorado com pompas e galas o Jubileu de Ouro da
Academia, quando é ampliado o quadro para quarenta cadeiras, algumas delas
ainda hoje ocupadas pelos fundadores (Nerina Castelo Branco, Celso Barros
Coelho e M. Paulo Nunes).
Na sucessão, com o óbito de Simplício
Mendes em 2 de janeiro de 1971, assumiu o vice-presidente A. Tito Filho,
primeiro para completar aquele mandato e depois sucessivamente reeleito até à
morte, em 23 de junho de 1992, por mais de 21 anos. Com A. Tito Filho, a Academia
viveu um período de ascensão e brilhantismo que ainda não esmaeceu. Para
exemplificar basta citar a aquisição da sede própria em 1986, publicação
regular de sua tradicional revista literária, edição de suplemento literário e
jornal informativo, assim como a edição em convênio com o Estado de dois bem
avaliados projeto editorais, os maiores até então: Plano Editorial do Estado
(1971 – 1974) e Projeto Petrônio Portella (1983 – 1986), que (re)editaram cada
um cerca de quarenta obras de cunho literário e historiográfico.
Depois seguem as profícuas
presidências de M. Paulo Nunes, Celso Barros, Raimundo Santana, Paulo Freitas e
Manfredi Cerqueira, caracterizadas por ciclos de debates, palestras e pela
constante (re)edição de obras de grande valor literário.
Assumindo a presidência da Academia
em 24 de janeiro de 2010, o autor dessas notas concluiu a edição da Coleção
Grandes Textos, editou obras esparsas, editou o jornal Notícias Acadêmicas, dez
edições da revista literária(com cadastramento do ISSN, o que antes não
existia) e deu início às comemorações desse centenário com o lançamento do
maior projeto editorial que já se implementou no Estado do Piauí, a Coleção
Centenário(com ISBN), que já vai publicando mais de cem obras de cunho
literário e historiográfico, passando, assim, a limpo nossa história e
literatura.
Na sucessão, o dinâmico presidente
Nelson Nery Costa, o homem do centenário, reformou a sede, editou revistas, deu
continuidade à referida Coleção Centenário e lançou a Coleção Século XXI,
consolidando, assim, a nossa Academia na vanguarda no movimento literário.
Na verdade, a Academia completa um
século de existência com muita história para contar, um presente de realizações
e futuro auspicioso, assim, demonstrando vitalidade na marcha pela construção
de um novo século. Com isto o Piauí só tem a ganhar. Avante Academia!
Regian dl Miranda,
ResponderExcluirV. é um dos escritores ainda moços do Piauí que dignifica a sua cadeira na APL. Sem alardes, entrou para essa instituição centenária, foi dela presidente e vem se distinguindo, a olhos vistos, por uma surpreente produção de artigos e estudos densos atinentes à História do Piauí e à divulgação da cultura desse Estado.
Parabéns por sua forte presença na vida literária e cultural piauiense contemporânea.
Um abraço do
Cunha e Silva Filho