Dois momentos felizes de uma bela tarde
Elmar Carvalho
1
Na tarde desta terça-feira, por volta das 16 horas, recebi a
visita do vereador Fernando Miranda (Fernando Andrade Sousa), presidente da
Câmara Municipal de Campo Maior. Veio me trazer o belo convite para a solenidade
comemorativa dos 256 anos de instalação do Poder Legislativo naquela velha
urbe, bem como de sua emancipação política, cujo evento acontecerá no próximo
dia 8, às 9:30 horas, no plenário de sua sede, onde outrora funcionou o Campo
Maior, a cujas festas compareci muitas vezes, com amigos e nossas namoradas.
O ponto alto da solenidade será o lançamento do livro “Câmara
Municipal de Campo Maior: 256 Anos de História”, da autoria do professor e
historiador Celson Chaves, que publicou outras obras, inclusive uma sobre a Rua
Santo Antônio e seus prostíbulos, na qual, para gáudio meu, sou citado,
sobretudo por causa do meu poema A Zona Planetária (antigo nome desse
meretrício), que considero uma espécie de épico moderno.
Embora com exiguidade de tempo, em face do horário e de seus
múltiplos afazeres e compromissos, Fernando Miranda manteve comigo uma conversa
cheia de variados assuntos, mormente do interesse do município de Campo Maior. Observou
que o livro ao tratar da História do Poder Legislativo, ao longo de mais de
dois séculos e meio, tratava também de relevantes fatos da história geral
daquela comunidade.
No decorrer da conversa, lhe informei que o professor Cineas
Santos me comunicara haver ficado satisfeito com a reunião realizada no
plenário da Câmara Municipal, em que foram discutidas a preservação e proteção
dos carnaubais da Lagoa do Bode, à margem da BR, nas cercanias da antiga
Fazenda Nacional e do Monumento aos Heróis do Jenipapo, e do ninhal e berçário
das garças, nas proximidades do Açude Grande. Ele respondeu que está atento a
essas duas questões, e que elas continuam em sua agenda de prioridades.
Aproveitando essa excepcional oportunidade, disse ao dinâmico
vereador que já tive oportunidade de sugerir, em matérias publicadas em livros,
em jornais impressos, em sítios internéticos e em solenidades culturais, que o
Açude Grande bem poderia ser revitalizado e embelezado, com a construção de
jardins, com instalação de fontes luminosas e jorrantes; que o Cemitério Velho,
em projeto arquitetônico que contivesse caramanchão, alamedas, bancos,
esculturas alegóricas e até mesmo construção de um espaço ecumênico (talvez
sobre pilotis) poderia ser transformado em Memorial e Museu a céu aberto, que
seria o pioneiro no Piauí.
Por fim, demonstrei a Fernando Miranda que a reserva
florestal na margem esquerda da barragem do Surubim poderia ser transformada
numa espécie de jardim botânico e balneário, sem necessidade de maiores
despesas, já que as árvores ainda lá estão. Acrescentei que com a ajuda de
poços tubulares poderiam ser construídas bicas, que em projeto arquitetônico
pudessem imitar, talvez, pequenas cascatas, sem prejuízo de eventual construção
de piscina.
Tudo isso são projetos simples, exequíveis, e que não
demandam somas astronômicas. E talvez pudessem ser viabilizados nos ministérios
competentes, através de bons projetos, e, quiçá, sem necessidade de
participação do erário municipal (ou participação mínima). Os jardins do açude
não precisariam ser babilônicos (ou mesmo faraônicos) jardins suspensos, desde
que houvesse a participação criativa de um bom arquiteto e paisagista.
Esqueci-me de falar na criação do Parque da Serra Grande (ou
Serra de Santo Antônio), que poderia ser uma área de preservação ambiental e
turística, com a instalação de pequenos equipamentos de rapel, arborismo,
tirolesas, teleférico e um balneário, com a implementação de bicas e piscinas.
Mas isso ficará para uma próxima conversa.
2
Quando cheguei à sala, para esperar o Fernando Miranda,
encontrei uma encomenda postal, enviada pelo grande contista e poeta Edson
Guedes de Morais, que é um verdadeiro mecenas da literatura, pois às suas
próprias expensas, em sua própria gráfica e editora, situada em Jaboatão dos
Guararapes, na grande Recife, tem publicado todos os poetas de sua predileção,
tanto os mortos, como os vivos, tantos os nacionais como os de outros países,
em diferentes plataformas impressas, seja em livros individuais ou em
antologias e coletâneas.
As edições, conquanto de poucos exemplares, como não poderia
deixar de ser, são primorosas, artesanais, verdadeiras obras de arte, impressas
em policromia e em papel de alta qualidade. As revisões são bem-feitas e a
mancha gráfica é fiel ao aspecto visual/formal delineado pelo autor.
A caixa com esse material, enviada através dos Correios,
continha livros, marcadores de textos, cartões, alguns em formato de folhas,
folders, e outros mimos, todos com poemas; e em muitos deles estavam impressos
vários textos de minha autoria. Havia até uma placa, com suporte, que continha,
em policromia, meu poema Egocentrismo e minha fotografia. Essa bela placa agora
enfeita o principal móvel de minha sala, em local de destaque, ao lado de
minhas várias corujas ornamentais.
Como fica bem claro, Edson Guedes de Morais, para fazer tudo
isso, é um homem humilde e desprovido de inveja, pois exalta e reconhece o
mérito dos seus colegas literatos. Por várias vezes, em diferentes oportunidades,
ele publicou textos meus, em variados formatos, inclusive em antologia (exclusivamente)
com poemas de minha lavra. Num livro luxuoso, artesanal, ilustrado, em papel
couchê de grande espessura, publicou o meu poema Noturno de Oeiras, que um dia,
quando eu estiver mais velho, pretendo doar a uma biblioteca pública da
velhacap.
Tudo isso disse e mostrei ao vereador Fernando Miranda.
Fernando, numa demonstração de apreço e valorização do mérito alheio,
contemplou a placa e leu em voz alta o poema Egocentrismo. Depois, elogiou o
trabalho do Edson Guedes de Morais e o meu poema. Despediu-se e foi cuidar de
seus outros afazeres de homem público.
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