Moto em que dei carona ao Fonseca |
Fonseca nos velhos tempos |
Uma lembrança
antiga do Fonseca Neto
Elmar Carvalho
Após sua
concorrida festa de posse, encontrei ontem, na APL, o novel acadêmico Fonseca
Neto. Perdi o posto de “benjamim” para ele, que fica agora na extremidade dos
modernos, enquanto a professora Nerina Castelo Branco continua na extremidade
dos mais antigos, ocupando o decanato. Seu longo discurso, foi bastante
encurtado pela emoção e beleza do conteúdo, que nos prendeu a atenção e nos
arrancou aplausos. Tive a honra e a satisfação, na qualidade de 1º secretário
da Academia, de ler o seu termo de posse, e fiz questão de fazê-lo em alto e
bom som.
Conheço-o faz
mais de trinta anos, quando ele esteve na solenidade em que tomei posse do
cargo de presidente do Diretório Acadêmico “3 de Março”, em Parnaíba. Depois, o
apoiei em sua campanha vitoriosa para o Diretório Central dos Estudantes –
DCE-UFPI. Em 1979, encontrei-me com ele na praia de Atalaia, oportunidade em
que sorvemos umas cervejas, e entramos em altos “papos”, de conteúdo cultural,
político, ideológico, histórico, que a nossa ardente e emotiva juventude
impulsionava.
Estiveram
conosco outras pessoas, que as brumas do tempo já diluíram em nossa memória,
mas, eu e ele, achamos que poderiam ser, entre outros, o Reginaldo Costa e o
Bernardo Silva, do jornal Inovação, e talvez o poeta Alcenor Candeira Filho.
Afinal, assim já se passaram mais de trinta anos. No calor e empolgação da
conversa – e por que não confessar? – da libação etílica, perdemos a noção da
passagem do tempo, e o fato é que o nosso bravo e novel acadêmico Fonseca Neto
perdeu o bonde (no caso, o ônibus que o transportara ao litoral), mas não
perdeu a esperança, como Drummond, em seu poema.
Seguiu comigo
para Parnaíba, em minha motocicleta CG-125. Mas, para novo infortúnio do
Fonseca, quando nos aproximávamos da cidade, minha moto parou de funcionar por
falta de gasolina. Para atenuar a minha culpa, pela possível imprevidência,
devo esclarecer que esse modelo de veículo não possuía, na época, mostrador de
combustível, mas apenas um dispositivo manual para colocação na reserva.
Quando nos
sentíamos desamparados, eis que um automóvel Brasília parou ao nosso lado. Era
o deputado Elias Ximenes do Prado, meu conhecido, que nos oferecia carona.
Aliás, em muito boa hora, pois o Fonseca conseguiu embarcar em ônibus da
extinta empresa Marimbá, cuja agência ficava na avenida Capitão Claro, quase no
cruzamento com a Álvaro Mendes. Consta que no outro ônibus, que trouxera o
Fonseca, os seus colegas voltaram entristecidos, achando que ele teria se
afogado ou teria sido arrebatado por alguma entidade marinha, e ido para as
encantadas terras do sem fim.
O deputado
Elias me levou a um posto de combustível, onde adquiri gasolina, e me conduziu
até onde ficara minha motocicleta, que voltou a funcionar a pleno vapor. E
voltei a varar o tempo e o vento, parafraseando um poema de Alcenor, dos nossos
bons tempos de motociclistas.
7 de março de 2010
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