quinta-feira, 7 de maio de 2020

A VIDA INTELECTUAL DO PIAUÍ




           
A VIDA INTELECTUAL DO PIAUÍ

Valério Chaves
Des. Inativo do TJPI

Toda vez que falamos ou escrevemos alguma coisa sobre academias de letras, livros, escritores e poetas piauienses imortalizados, a partir de relatos literários e historiográficos, nos possibilita tirar do esquecimento muitas figuras que honraram a inteligência do Piauí, e que em sua trajetória de vida souberam transmitir às gerações que lhes sucederam, exemplos de sabedoria e abnegada vocação de nobreza nas biografias com que firmaram suas personalidades.

Muitos piauienses ilustres, embora tenham se destacado no cenário nacional pelo seu valor intelectual e destacada atuação nas diversas áreas do saber, permanecem na obscuridade, as vezes lembradas pelo nome de uma rua ou de um logradouro público de Teresina, ou de alguma cidade do interior do Estado.

            Sabemos que a vida dos homens que se dedicam às letras e ao cultivo da sensibilidade humana é construída com a imagem do seu tempo e a sua oferenda, tecendo o fio insensível de cada instante dentro do cenário grandioso da vida. O desembargador piauiense Cristino Castelo Branco (1892-1983) – um sonhador que na sua época vivenciou a intelectualidade do nosso Estado e sempre esteve empenhado no aprendizado da vida - dizia que “Na história de cada homem há um rastro de luz a lhe aclarar os caminhos.

            Humberto de Campos, Odylo Costa, filho, e Alberto da Costa e Silva foram exemplo de homens ilustres aos olhos de seus contemporâneos e das gerações futuras porque não deixaram sair da sagrada existência da imortalidade o sentimento de amor à terra mafrense - aquele amor que invadiu Odylo Costa, filho, que ao escrever “A Faca e o Rio” disse ser maranhense, mas ter um lado do coração no Piauí.

            Nesse contexto, não podemos esquecer que no advento do século XX muitas personalidades e intelectuais como o poeta Felix Pacheco notadamente pela coerência e pelas convicções, vivenciaram o Piauí na Academia Brasileira de Letras ao espaço de vanguarda e liderança que marcou a vida dessa instituição – “iniciada por um moço e completada por moços” como afirmou Machado de Assis ao empossar-se como seu primeiro presidente em 1896.

            É importante destacar que a vida intelectual do Piauí no começo do século XX, girava tão somente em torno de nomes como Higino Cunha, Clodoaldo Freitas e Abdias Neves, por suas múltiplas produções culturais. Na sucessão de acadêmicos piauienses dedicados ao ofício da criação literária e que ocuparam merecidamente cadeira no “Petit Trianon”, no Rio de Janeiro, há nomes que permaneceram além do tempo como por exemplo: José Felix Pacheco (1913), Deolindo Augusto de Nunes Couto (1963), Carlos Castelo Branco (1982) e Evandro Cavalcanti Lins e Silva (1998). Detalhe: todos eram filhos de magistrados que continuam até hoje como objeto do nosso culto, honram a nossa existência e guardam a proteção dos nossos ideais.   

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