domingo, 6 de dezembro de 2020

Fuga ao passado



FUGA AO PASSADO


Elmar Carvalho

 

Uma da tarde. O apito da Moraes

estridula no ar. Emocionado

sinto como se o tempo houvesse parado

e eu me encontrasse ainda

preso às âncoras do passado.

O apito me deixa comovido

e eu não sou mais eu

mas alguém que já fui e que

no esquecimento se deixa escondido.

E aquele tempo perdido

inverte a rota da ampulheta

e retorna intacto como se jamais

deixasse de ter existido.

E o tempo se embaralha

sem passado, sem futuro e sem presente

e as recordações comovem tanto

que a própria alma de tanto

sentir não se sente

e evola para um tempo

sepulto pela areia da ampulheta.

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