Fonte: Google/Piauí Hoje |
AS
INCERTEZAS SOBRE O DIA DO PIAUÍ
Valério Chaves – Des. Inativo do TJPI
No Brasil, ao
longo de sua história republicana, os feriados e as datas comemorativas, variam
de acordo com a cultura política, a vontade dos governantes e as atitudes
coletivas, fato que, por vezes, gera confusão na mente de muitas pessoas
desinformadas sobre a data correta do feriado ou das comemorações alusivas.
O
dia 19 de outubro, por exemplo, transcorridos 196 anos da Independência do
Brasil em 1822, permanece até hoje em processo polêmico sem se saber
verdadeiramente a quem pertence a prioridade desse fato histórico para efeito
de se fixar, com exatidão, a data em que deve ser comemorado o dia da Independência
do Piauí.
A
propósito, neste ano de 2021, por força de decreto estadual e ainda por conta da
pandemia da corona vírus, o feriado alusivo à data foi antecipado de 19 de outubro para 18 de
março. Tais alterações, se por um lado são necessárias dado as circunstâncias
sanitárias em que vivemos, por outro, subtraem fidelidades aos rituais cívicos
de outrora no que diz respeito a datas, personagens ou símbolos nacionais
fazendo com que o civismo e o patriotismo caiam no esquecimento dos cidadãos
brasileiros.
Atualmente,
com exceção das Forças Armadas e as corporações militares, poucas escolas e categorias
de funcionários públicos homenageiam os símbolos republicanos ou acontecimentos
marcantes de nossa história.
Aliás,
diante das deficientes informações, narrativas e interpretações legadas por
muitos pesquisadores, historiadores e tantos nomes ilustres das letras
piauienses do passado e do presente, até hoje não se pode afirmar, de modo
convincente, sobre a verdadeira data em que se deve comemorar o Dia do Piauí –
19 de outubro, 24 de janeiro ou 13 de
março.
A
polêmica maior se acende entre Parnaíba e Oeiras, cada qual reenvidando para si
a primazia da Independência do Piauí, ambas apresentando como justificativa os
acontecimentos revolucionários contra as ordens portuguesas ocorridos em 19 de
outubro de 1822 e 24 de janeiro de 1823, respectivamente.
Nos
bastidores dessa polêmica há ainda aqueles que defendem a tese de que a
verdadeira independência do Piauí foi proclamada no dia 13 de março de 1823, em
Campo Maior, com a deflagração da
sangrenta Batalha do Jenipapo onde brasileiros e portugueses lutaram, em campo
aberto, em defesa da causa nacional do Brasil – fato ignorado por muitos
brasileiros de outras regiões do Brasil.
Dentro
desse contexto, vale destacar o que disse em homenagem ao tema, o saudoso
professor, jornalista e pesquisador piauiense Arimathéa Tito Filho, durante
entrevista radiofônica concedida ao programa noticioso “Rádio Fatos” comandado
pelo então repórter Valério Chaves, da Rádio Difusora de Teresina, em 1979:
“Na
verdade, houve duas proclamações da Independência do Piauí. A primeira foi
feita no dia 19 de outubro de 1822, em Parnaíba, quando o Major Manuel
Clementino de Sousa Martins, liderando um movimento insurgente, rapidamente
sufocado, derribou os portugueses liderados pelo Major João José da Cunha
Fidié; e a segunda foi feita em Oeiras em 24 de janeiro de 1823, pelo Visconde
da Parnaíba, que naquele tempo não era Visconde, era apenas o cidadão Manuel
Clementino de Sousa Martins (sobrinho e genro do Barão da Parnaíba) o qual à
frente de uma conspiração em favor da sucessão de D. Pedro I como Imperador do
Brasil, proclamou a Independência do Piauí”.
Como
se pode ver, o assunto é polêmico, naturalmente gerando nos parnaibanos e nos
oeirenses um certo aborrecimento toda vez que se cogita em revisar a história
do Piauí para se acabar com a dúvida ou com a inverdade sobre em qual data se
deve comemorar o Dia do Piauí – 19 de outubro, 24 de janeiro ou 13 de março.
O
que não se pode esconder, contudo, é que os parnaibanos foram heróis cívicos e
imbuídos de grande patriotismo quando combateram as forças portuguesas através
de um movimento liderado pelo juiz de fora João Cândido de Deus e Silva e pelo
coronel Simplício de Sousa Dias.
Os oeirenses também foram heróis e patriotas. Tudo é uma questão de interpretação histórica, cabendo aos historiadores e aos intelectuais do nosso tempo proclamarem a verdade.
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