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A
raposa e os carneiros
*Por
Isabela Silva Barbosa
Era uma vez uma raposa.
Gentil e bastante inteligente. Ela foi expulsa de casa por ser 'gentil demais'
"Raposas devem ser frias! Devem ser cruéis e egoístas, não gentis e não prestativas!
“Um dia você será traída.
Somente assim entenderá que os outros não são tão gentis como você pensa."
Foi o que seu pai lhe disse, mas a raposa fingiu não ligar pra isso e resolveu
seguir seu caminho, pois agora graças ao seu pai, tinha um objetivo de vida. Ajudar
os outros e fazer amigos, pois assim poderia mostrar a todos como ajudar faz
bem!
Depois de alguns dias na
estrada a raposa se deparou com uma ponte. Uma ponte bem velha e caindo aos
pedaços e que ficava em cima de um precipício. "Como estou sozinha, posso
atravessar calculando e pulando em pontos firmes o suficiente pra me aguentar e
assim atravessar a longa ponte."
Foi o que a raposinha
pensou. Já se preparava pra atravessar quando ouviu uma forte discussão. Eram
carneiros que brigavam. "Não posso me envolver dessa vez, pois irei apenas
causar mais confusão desnecessária...Certo, vou seguir meu caminho!”.
Antes que pudesse seguir
seu caminho foi interrompida mais uma vez. Só que dessa vez era a voz de um
carneiro que a chamava.
- Olá, você planeja atravessar?!
- Sim.
- Como planeja fazer
isso?
Outros carneiros se
aproximavam. Ao todo, seis carneiros haviam chegado.
- Eu irei calcular o
lugar mais firme e pular rapidamente. Assim eu irei atravessar a ponte.
- Isso não é seguro.
- Se eu pular rapidamente
conseguirei atravessar pois estou sozinha.
- Desculpe, você poderia
nos ajudar a atravessar tambem?
- Uou! Eu ajudei vários
outros antes, mas isso parece empolgante!
A raposa ficou tão
animada que esqueceu de responder. O carneiro rapidamente ficou nervoso e quis
se corrigir.
- Desculpe nós nem...
- Tudo bem! Eu posso
ajudar vocês!
Os carneiros ficaram
perplexos! Nunca viram uma raposa aceitar assim sem nem menos saber o que
aconteceu.
- É uma armadilha. Ela
planeja nos devorar assim que atravessarmos.
- Também acho!
- O quê?? Por que eu
faria isso?
- Por que não faria? Afinal,
você é uma raposa.
- Não podemos confiar em
você.
"Aqueles dois
carneiros parecem ter uma ideia errada sobre mim...tudo bem! Irei mostrar pra
eles que sou de confiança!", pensou a raposa.
Enquanto os carneiros
discutiam, a raposa tentava achar uma forma de atravessá-los...
“Já sei! Irei fazer uma
nova ponte improvisada. Assim ajudarei eles e outros a atravessarem. Por sorte,
a ponte fica na beira da entrada de uma floresta."
- Já sei como vou atravessá-los!
- E como?
- Vamos fazer uma nova
ponte!
Todos os carneiros
ficaram perplexos!
- Como vamos fazer isso?!
Somos carneiros, esqueceu?
- O que tem demais?
- Carneiros não fazem
pontes!
- Por isso que não vamos
pra frente! Por que você ouve os outros te dizerem como você deve ser e obedece
sem nem hesitar. Eu sou uma raposa, mas ainda me disponho a ajudá-los. As aparências
enganam muita gente.
O carneiro ficou calado.
A raposa era gentil, mas não suportava ver os outros se subestimarem e se auto
sabotarem.
- Sou uma raposa mas
precisarei de ajuda.
Todos se dispuseram a
ajudar, menos dois carneiros que protestaram. A raposa precisaria de troncos.
Troncos bem grandes e firmes para colocar. Ela seguiu pra floresta na tentativa
de derrubar algumas arvores.
Ela batia suas patas na
árvore durante horas. Até que o carneiro que a chamou de repente apareceu.
- Olá novamente! E
desculpe por antes.
- Tudo bem.
- Eu vim lhe explicar a
situação
- Não precisa.
- Sim precisa. Somos
inicialmente sete carneiros. Mais um de nós desapareceu. Nós a encontramos, mas
ela acabou atravessando a ponte e nos separamos novamente.
- Uou!
- Pra piorar tem um
caçador atrás de nós e dela. Nos temos que agir rápido.
- Por isso sua pressa em
atravessar...
- Certo! Irei dar meu
melhor pra ajudá-los!
- Obrigado.
A raposa voltou a dar
batidas na árvore, mas em determinado momento, ela se sentiu observada.
- Isso vai demorar.
- Quem está ai?
- Ninguém que queira te
fazer mal.
- Fica difícil de saber
se se esconde
- Me escondo pra me
proteger.
- Se proteger de quê?
A raposa se distraiu e
errou um golpe. Um grunido de insatisfação e dor saiu de sua boca.
- Você quer ajuda?
- Você pode me ajudar?
- Claro!
- Por que quer me ajudar?
- Por que quis ajudar
aqueles carneiros?
- Ei!
- Não é comum uma raposa
ajudar carneiros. Eu me interessei por você. Simples assim. Ainda quer ajuda?
- Sim! Eu adoraria. Sua
ajuda, quero dizer.
- Certo.
O dono da voz se mostrou
e pra sua surpresa... era um lobo.
- Não sabia que eras um
lobo!
- Hum.. Vamos logo.
- Certo.
Os dois finalmente
derrubaram a árvore. Demorou cerca de cinco horas! A raposa desatava a falar.
Já o lobo se limitava a duas palavras.
- Finalmente derrubamos!
Ela caiu certinha.
- Mas acho que o tronco
está muito fino. Seus amigos não conseguirão atravessar.
- Verdade! Me ajudaria a
derrubar outro tronco lobo?
- Não sei se tenho tempo.
- Ah, por favor!...
- Por mim, talvez?
- Certo..
- Obrigado, obrigado, obrigado!!
A raposa dava pulinhos
enquanto pode notar entre as pausas que dava, que o lobo sorria pela primeira
vez. Acho que o nosso lobo mexeu com nossa raposa, assim como nossa raposa mexeu
com nosso lobo.
Eles voltaram a bater na
árvore até que de repente ouviram tiros.
- Ou não...
- O que foi lobo?
- Os caçadores estão
perto. Eu não posso ficar aqui.
- O quê? Mas eles não
estão atrás dos carneiros?
- Somente um dos caçadores
tem interesse nos seus amigos. Já os outros têm interesse em caçar um lobo. Eu.
Então eles estão atrás de ambos.
- Então vocês correm
perigo?
- Eu irei atraí-los pra
longe.
-O que?? Não! Você não
pode..
- Tudo bem, eu irei ficar
bem.
- A raposa desatava a
chorar
- Por que agora, eu tenho
você.
- Não deixe nada
acontecer com você. Por favor.
- Claro, até depois, raposinha.
- Até, lobo.
Os carneiros ouviram os
tiros e logo vieram até a raposa.
- Precisarei da ajuda de
vocês
- Como?
- Me ajudem a chutar esse
tronco para que possamos atravessar o mais rápido possível!
- Certo!
Todos os carneiros
começaram a chutar a arvore.
- Desculpe ter te
julgado. Você realmente só quer ajudar.
- Tudo bem! Vamos, temos
que continuar.
Eles chutaram, chutaram e
chutaram durante horas. A raposa estava com suas patas completamente machucadas.
Ela já não suportava a dor. Mas tinha que continuar. O sacrifício do lobo não
seria em vão!
Até que finalmente eles
conseguiram derrubar árvore.
- Finalmente!!
- Conseguimos!
Mas logo eles ouviram
tiros. Eram os caçadores. O lobo havia voltado. Todos os carneiros estremeceram
ao vê-lo, mas a raposa logo foi ao seu encontro chorando.
- Está louca? Ele é um
lobo!
- E eu sou uma raposa.
Pensei que já haviamos passado dessa fase de aparências. Ele me ajudou durante
todo esse tempo. E foi uma distração pra nos manter a salvo até agora!
- Agradeça.
- Desculpe.
- Tudo bem. Sempre
julgamos as aparências primeiro.
- Vamos, temos que ir.
Antes que pudessem
atravessar, a árvore que eles haviam se esforçado pra derrubar começou a cair
no precipício. A raposa agiu rápido e segurou nos galhos pra puxar a árvore
novamente e estabilizá-la até que quase foi atingida por um tiro.
Era o caçador que
perseguia os carneiros anteriormente. Ele os havia alcançado!
Droga. O caçador atirou
novamente. Dessa vez sua mira era a linda raposa. Mas antes que pudesse ser
atingida, um carneiro entrou na sua frente e levou a bala por si. Deus...
- Obrigada raposa. Você
nos ajudou muito!
Os outros carneiros
choravam.
- Vão! A raposa não pode
ficar aqui pra sempre.
O carneiro olhava pra
boca da raposa, que ficou completamente machucada pelos galhos. Até morrendo
ela era gentil...
- Raposa!
- Vamos! Atravessem!
-Mas..
- Andem logo! Vou ficar
aqui até todos passarem em segurança e depois irei atravessar.
- Tem cer...
- Agora!!!
- Certo! Vamos pessoal,
rápido!
Todos os carneiros
atravessaram a ponte correndo.
- Você também lobo. Vá!
- E você?
- Eu ficarei bem!
- Você é realmente...
fascinante.
O lobo completamente
machucado atravessou a ponte, sobrando somente a raposa do outro lado.
A raposa estabilizou o
tronco e começou a travessia. Já na metade do caminho pode ver e ouvir os
outros que comemoravam por encontrar o carneiro que faltava. Antes que pudessem
terminar a travessia o tronco que não estava firme, começou a cair.
A raposa correu, mas em
vão. Pediu ajuda dos carneiros, mas ao invés de ajudá-la, eles chutaram a ponte
improvisada e ela desabou. Fazendo assim, a raposa caiu do penhasco.
"Um dia.. Você será
traída. Somente assim entenderá que os outros não são tão gentis quanto você
pensa" Essa frase ecoava na mente da raposa. Juntamente com a dúvida..
"Onde eu errei? Por
que ao invés de me ajudar eles quebraram a ponte? Será que não estava bonita o
suficiente? Será que eu entendi errado? Talvez eles ficaram com medo de mim. Afinal
sou uma raposa. Por que eles me traíram?
Sim! Eles acharam que eu
tinha más intenções. Por isso quebraram a ponte! Mas ela sabia a verdade. Tinha
sido usada e quando perdeu a utilidade eles jogaram ela fora. Usada e jogada
fora. Essa era a verdade.
*Isabela
Silva Barbosa, estudante da 8º série do Ensino Fundamental, CAIC Albertina
Castelo Branco, Parnaíba, Piauí. Tem 14 anos de idade. Seu gênero literário
preferido é o romance, contos e especialmente a fábula e o terror.
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