segunda-feira, 1 de agosto de 2022

UM CANTO À BARRAS DO MARATAOÃ: DOS POETAS E DOS GOVERNADORES

 

Ilustração: Centro Histórico de Barras do Marataoã (Ângela Rêgo)




UM CANTO À BARRAS DO MARATAOÃ:

DOS POETAS E DOS GOVERNADORES

 

                                                     Chico Acoram

   

“Barras ...

Barras do Marataoan ...

Dos cânticos de pássaros

e cântaros e címbalos de águas

em cantatas e cascatas

no rocio róseo-violáceo da manhã.

Barras das sete barras

- candelabro de sete braços de prata

líquida a escorregar macia

no dorso duro das pedras (...)”

 

(Versos iniciais do poema “Barras das Sete Barras”

do poeta Elmar Carvalho).

 

  

PREFÁCIO

          Joaquim Mendes Sobrinho (JOAMES)*

  

Um pequeno volume em poesia,

Mas de enorme valor em conteúdo;

Dos barrenses famosos, quase tudo

Aqui fala Francisco com mestria;

Sobre vultos que eu nem conhecia

O autor me deixou bem-informado;

Literatos famosos do passado

Ressuscitam aqui sua memória;

Cujos vultos notáveis são a glória

Cultural que enobrece nosso Estado.

 

 Grande orgulho p’ra nós piauienses,

Conterrâneos de gênio e finos tratos;

Governantes, poetas, literatos,

Os maiores destaques são barrenses;

Nos meandros da prosa, nos forenses,

Professores, retóricos famosos,

Militares honrados, prestimosos,

Defensores da pátria e do Estado;

Pelo autor, cada vulto é celebrado

Neste tomo de versos graciosos.

 

 Mas Francisco Carlos também fala

Das belezas da terra, a fauna rica,

As águas que se vão, o rio que fica,

Os perfumes que a vasta flora exala;

Acoram não omite nem se cala,

Ergue a voz em louvor à sua gente,

Porque sabe, o silêncio permanente

Faz até esquecer o próprio povo;

O poder singular dum canto novo

Faz o nosso passado ser presente.

 __________

 

Salve Barras, a flor de Marataoã!

Parabéns, Chico Carlos “Acoram”!

  

*JOAQUIM MENDES SOBRINHO (JOAMES)

Piauiense de Pedro II, escritor, poeta, estudioso e professor de Literatura de Cordel nas escolas públicas municipais de Teresina, Piauí. Membro da União Brasileira de Escritores – UBE/PI; da Associação dos Violeiros e Poetas Populares do Piauí; e da Associação dos Poetas Populares de Timon e Região dos Cocais (MA). Atual presidente da Cordelaria Chapada do Corisco – COCHACOR.


UM CANTO À BARRAS DO MARATAOÃ:

DOS POETAS E DOS GOVERNADORES

                                           

 

Minha terra tem matas abundantes;

 Paraíso das águas és oh Barras!

Tens a flora e uma fauna exuberantes.

Tens os cantos dos pássaros, cigarras

E as seis barras de rios deslumbrantes

Que desfilam nas matas em fanfarras

Escrevendo poesias e canções

Alegrando assim nossos corações!

 

 

Meu torrão tem poetas renomados

Como um David Caldas, os irmãos

João/Celso Pinheiro, ainda aclamados;

Tito Filho, o cronista, em cujas mãos  

Retratou Teresina em exaltados

Textos bem-feitos sobre os cidadãos,

Cantos desta cidade, seus encantos,

Suas ruas, e todos os recantos.

 

 

Outros vates ilustres das fazendas,

Das ribeiras do meu Marataoã

Se tornaram estrelas estupendas

Na seara das letras desta chã,

Como Hermínio, esse líder das contendas

Do repente e cordel, que d’uma sã                                        

Mente fez o corpóreo livro “Lira

Sertaneja”, que a gente o admira.

 

 

Desse clã dos Castelo Branco são

Excelentes poetas: o Leonardo

De Carvalho, o avô, de vocação

P’ra pelejas políticas, um bardo

Talentoso, foi homem de expressão;

Pai Miguel de Carvalho, felizardo

Em cultura, poeta, professor,

Bem versado em gramática, e orador.

 

 

Sua avó, por Judite conhecida,

 Mais algumas das filhas, poesias

Escreveram em carta dirigida

Ao pai preso e exilado, em covardias

Do governo do Rei, sem merecida

 Compaixão e quaisquer das garantias

Foi metido em prisões de Portugal

Por razão de não ser, ao Rei, leal.

 

 

 

Teodoro Castelo Branco, vate

Importante no seio da poesia

Popular, e homem do melhor quilate,

Nosso Hermínio puxou, em demasia,

O seu tio, que gostava do combate

Nas arenas de guerra, assim queria,

E depois retornar p’ra suas matas,

Pois gostava dos campos e cascatas.

 

 

Minha terra querida tem poetas

Importantes no rol dos imortais

Acadêmicos com suas seletas

Poesias, e escritores perenais

Dentre os quais, e segundo os exegetas,

São: Matias Olímpio, e seus iguais

Antenor Rêgo Filho, o professor

Dilson Lages que é um escritor.

 

 

Menciono, também, o antologista

Consagrado e escritor Wilson Carvalho

  (dos) Gonçalves, figura idealista

Da cultura e das letras, de trabalho

Invejável dum grande beletrista,

E longevo que nem o pau carvalho;

 O escritor Fenelon Castelo Branco,

Outro ilustre barrense de dom franco

 

 

 

E conceito bastante elogiado,

Seja um bom magistrado ou escritor,

Jornalista ou poeta renomado;

José “Lima Rebelo” foi cultor

Do Direito e um grande advogado,

Sobretudo, eminente educador,

Diretor da Instrução Parnaibana,

Catedrático em letras e de humana.

 

 

Mas não posso deixar de destacar

Um poeta e escritor d’alma barrense.

 “Barras das Sete Barras” – vem de Elmar

 (dos) Carvalho; contudo, há quem bem pense

Que o escriba nasceu neste lugar,

   Mas o ilustre é um campo-maiorense,

Pois o pai é de Barras Marataoã,

Seu Miguel (dos) Carvalho, alma cristã.

                                                                             

 

Ele próprio declara, por herança,

É barrense de todo coração,

Relembrando, ainda jovem, fez andança

Pelas Barras, e muita gratidão

O poeta tem por essa lembrança

Com o povo gentil deste torrão

E agradece a acolhida, a deferência

Recebida com muita reverência.

 

 

 

Minha terra, também, de lá nasceu

Um pintor, desenhista e professor,

É Lucílio Albuquerque, e mereceu

Elogios e aplauso e mui louvor,

Pois o mundo assim bem reconheceu

Como um grande barrense de valor

Das pinturas das telas, retratista,

Foi também excelente paisagista.

 

 

Barras é conhecida em todo canto

Como terra dos sete governantes

Espalhados por tudo que é recanto.

São ilustres barrenses tão brilhantes:

Taumaturgo Azevedo foi, portanto,

Um gestor de atuações bem conflitantes,

O primeiro barrense nomeado

Governar, na República, este Estado.

 

 

Taumaturgo, também, governador

Do Amazonas atuou por algum tempo

Nesse cargo importante com temor

Do inimigo cruel que a contratempo

O levou a perder, sem um clamor,

O comando do Estado, onde em meio-tempo

Deodoro ausentou da Presidência

Da República, é preso sem clemência.

  

 

Em razão de um robusto relatório

Que mandou publicar lá na cidade 

Do meu Rio de Janeiro, peremptório,

Descrevendo com muita claridade

O que fez em Manaus, e do notório

Caso de falcatrua e iniquidade

De políticos “craques” em roubar,

Taumaturgo foi preso em conspirar.

 

 

Depois, foi nomeado Coriolano

De Carvalho pra ser governador

Do Piauí, mas no cargo além de um ano

Não ficou em razão do seu labor

Com a pública coisa, pois foi lhano,

Adotando medidas para pôr

As finanças do Estado equilibradas,

Entretanto, as ações são criticadas.

 

 

Foi Fileto (dos) Pires (e) Ferreira.

Militar, deputado federal,

Um barrense de ação bem altaneira,

Destacou-se   um político leal,

Foi amante das artes; sem canseira

Terminou a ereção monumental

Do Teatro Amazonas; com mandato

Encerrado, ao quartel volta imediato.

 

 

 

Sigismundo Gonçalves, um barrense

De destaque no campo do Direito

 Brasileiro, foi um piauiense

Magistrado, de muito bom conceito,

Que chegou a ministro, e que bem pense

Da Suprema Justiça, e foi eleito

Senador pelo Estado Pernambuco,

E Governo na terra de Nabuco.

 

 

Outros filhos de Barras atuantes

Deste Estado podemos destacar

Com orgulho os ilustres governantes

Artur de Vasconcelos, o exemplar

Mor Matias Olímpio, e o nunca dantes

E depois mandatário a governar

O Piauí, cerca de mais de dez anos,

Foi Leônidas Melo, o “Homem de Planos”.

 

 

Conhecida de terra de imortais

Bons poetas e muito senadores,

Barras já teve grandes marechais

De elevado conceito e com louvores

Na política como nos anais

Desse Exército de homens vencedores,

Dentre os quais se destacam Taumaturgo

De Azevedo, um “notável demiurgo”.

 

 

 

Foi Firmino (dos) Pires (e) Ferreira

Que na guerra lutou no Paraguai

Com bastante coragem na trincheira,

Nos combates mortais se sobressai;

Vencedor da batalha traiçoeira

E sangrenta é ferido, mas não sai

Da vanguarda, e que por essa razão

Se graduou General de Divisão

 

 

E os barrenses que foram senadores?

O Firmino (dos) Pires (dos) Ferreira,

Joaquim Pires, e os dois bons professores:

 O Matias Olímpio, de carreira

Ilibada, com atos promissores;

E Leônidas Melo, de altaneira

Profissão da área médica, político,

De avançada visão e senso crítico.

 

 

Destacados como homens imortais,

Barras é um celeiro de escritores

E poetas inscritos nos anais

Do importante “Sobrado” dos cultores

Beletristas, das artes culturais

Do Piauí, seja como precursores

Ocupantes/patronos de cadeiras

São quatorze daqui destas ribeiras:

 

 

 

1 – João Pinheiro (1877-1946). Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira nº 2 da APL);

2 – Celso Pinheiro – (1877-1950). “O milionário do verso”. Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira nº 10 da APL;

3 – Breno Pinheiro - (1899-1957). Segundo Ocupante da Cadeira nº 8 da APL;

4 – David Moreira Caldas - (1836-1879). Patrono da Cadeira nº 4 da APL;

5 – Dilson Lages Monteiro - (1973). Quarto e atual Ocupante da Cadeira nº 21 da APL;

6 – Fenelon Ferreira Castelo Branco - (1874-1925). Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira nº 3 da APL;

7 – Gregório Taumaturgo de Azevedo - (1853-1921). Patrono da Cadeira nº 29 da APL;

8 – Hermínio de Carvalho Castelo Branco – (1851-1889). Patrono da Cadeira nº 2 da APL;

9 – José de Arimathea Tito - (1887-1963). Primeiro Ocupante da Cadeira nº 29 da APL;

10 – José de Arimatéa Tito Filho – (1924-1992). Segundo Ocupante da Cadeira nº 29 da APL;

11 – José Pires de Lima Rebelo – (1885-1940). Segundo Ocupante da Cadeira nº 22 da APL;

12 – Matias Olímpio de Melo – (1882-1967). Primeiro Ocupante da Cadeira nº 20 da APL. Presidente da APL;

13 – Teodoro de Carvalho e Silva Castelo Branco – (1829-1891). “O poeta caçador”. Patrono da Cadeira nº 6 da APL;

14 – Wilson Carvalho Gonçalves – (1923-2021). Quinto Ocupante da Cadeira nº 12 da APL.

 

REFERÊNCIAS

 

ARAÚJO, Francisco Carlos. O menino, o rio e a cidade. Teresina: 2021.

CARVALHO, Elmar. Barras - terra dos governadores e de poetas e intelectuais (Crônica publicada no Blog do Elmar Carvalho). Teresina: 2014.

CHAVES, Monsenhor. Obra Completa. Teresina: 2013.

GONÇALVES, Wilson Carvalho. Antologia da Academia Piauiense de Letras. Teresina: 2018.

RÊGO FILHO, Antenor. Barras, histórias e saudades. Teresina: 2007.

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