quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O que desejo para o mundo e o Brasil em 2013



Cunha e Silva Filho

São quase seis horas da noite, que ainda não é noite face ao horário de verão. Ainda há sol lá fora. Barulho de carros de vez em quando pela Rua Barão de Mesquita ou que me vem da Avenida Maracanã. Isso no Bairro da Tijuca, onde morro. De vem em quando também barulhos de rojões, dos primeiros rojões soltados por alguém que já dá sinal de que 2012 se está esvaindo. O tempo está abafado e quente, não tão quente quanto há uns dois dias em que a temperatura no Rio de Janeiro parecia querer competir a de Dubai. Só que lá até os pontos de ônibus são refrigerados. Sol escaldante, lembrando um pouco o sol quente de Teresina, no Piauí. A expressão “Rio 40 graus”, título de um famoso filme de Nelson Pereira dos Santos, de 1955 não serve mais como realidade meteorológica para os tempos atuais. A Terra esquentou muito daquela época para hoje, com mais descalabros ambientais que o homem tem feito contra ela por ambição. Por isso mesmo é que a Natureza-Mãe, de tempo em tempo, dá o troco e com toda a razão..

De repente não mais que de repente, como diz o famoso e tão repetidamente declamado “Soneto da Separação” de sabor clássico-camoniano, de Vinicius de Moraes (1913-1980), me lembro do que me propõe cataforicamente o título desta crônica: o meus desejos para o ano que termina no contraponto mundo versus Brasil.

Deixo, contudo, a questão climática só lembrada nos tempos de reuniões de Cúpula para discutir mundialmente os estragos que se cometem contra o planeta, sem, no entanto, chegar-se a mudanças necessárias, urgentes e com determinações que sejam soluções para a melhoria das condições do meio-ambiente em escala mundial.

Vou tentar a seguir resumir o que desejo para o mundo em 2013:



1) Que os homens do poder jurídico internacional encontrem uma solução pacífica para a guerra civil na Síria que, há uns três dias, e num único dia, matou quatrocentas pessoas! Com está, é uma vergonha para a nossa condição de seres humanos permitir ou se pôr em posição neutral que a matança, sob as ordens de Bashar Al-Assad, não tenha fim e que o ditador sangrento não seja apeado do poder. Que o poder jurídico internacional encontre ainda uma solução ideal para que palestinos e judeus convivam pacificiamente.  Nada é impossível. Basta que cada um ceda um pouco.

2) Que o governo de Obama encontre a necessária fórmula econômica e a compreensão dos republicanos a fim de encaminharem uma saída para livrar os quarenta e cinco milhões de americanos do deplorável estado de pobre e mendicância. Da mesma forma, que o presidente americano consiga resolver a polêmica questão da saúde pública para os americanos, fazendo com que os americanos mais humildes não sejam deixados ao deus-dará, sem assistência médico-odontológica pelo menos de qualidade razoável. É vergonhoso a um país da grandeza dos EUA que, por erros provenientes de má administração de governos anteriores, tenha se deixado  levar  a um nível de pré-recessão. O presidente Obama não deve querer que, no seu segundo mandato, a nação se volte contra ele. Seria terrível para a sua biografia de estadista se pensarmos nos governos de Franklin Delano Roosevelt, que deu insofismável exemplo de estadista a exemplo do seu programa conhecido como New Deal.

3) Que os países que tomaram parte na “Primavera Árabe” não deixem escapar a oportunidade de poderem efetuar mudanças duradouras em regimes de governos que respeitem as liberdades de imprensa e dos direitos individuais e desenvolvam administrações sólidas a despeito de divergências ideológicas e religiosas. Por que não seria exequível que o Oriente, ou países outros da África , da América Latina e da América do Sul e do Caribe também não se alinhem a um objetivo mais alto e verdadeiramente democrático de transformar o mundo numa grande democracia? Copiar o que é bom de um país civilizado é uma alternativa em direção a mudanças qualitativas e de superação de crises. No entanto, é preciso que a Europa , ou melhor a União Europeia, antes pense mais no bem-estar de seus povos do que nas ambições políticas de ordem especulativo-financeira. Não é possível que o sistema financeiro de países como Portugal,  Espanha, Grécia, França, Itália fique reféns de maus governos, perdulários e socialmente injustos no que concerne às condições de vida dos mais humildes. O de que a Humanidade precisa é de governantes com espírito humanístico, que pense solidariamente em relação à sociedade no seu todo, diminuindo as gritantes diferenças de riqueza entre pobres e ricos. Isso pode ser factível de realizar. Só lhes falta vontade política, dignidade política e respeito às populações.

4) Que o Brasil realize pelo menos três grandes objetivos: reduza drasticamente o problema da corrupção política, cuide seriamente da saúde nacional e procure, tanto quanto possível, reduzir a violência em todo o pais, e sobretudo no eixo Rio-São Paulo, onde é muito maior o grau de criminalidade.A par disso, que o governo, do ponto de vista jurídico-institucional dê demonstrações ao povo de que meliantes de qualquer nível social sejam exemplarmente punidos e as sentenças que lhes couberem sejam cumpridas à risca, sem subterfúgios ou os chamados “recursos” tão frequentemente empregados por advogados. Caso esses problemas de alto sentido social não sejam solucionados ou minimizados, o governo, ou os governos futuros, enfrentarão sérias dificuldades e mesmo repúdio da sociedade civil. Há limites para tudo e a sociedade, unida, saberá encontra os meios legais de mudar o país e inseri-lo em padrões morais, institucionais, jurídicos e sobretudo políticos. Os estadistas brasileiros não podem dar as costas para tais soluções. São esses o meus desejos e esperanças para 2013. Feliz Ano Novo, leitor!

Nenhum comentário:

Postar um comentário