Cunha
e Silva Filho
São
quase seis horas da noite, que ainda não é noite face ao horário
de verão. Ainda há sol lá fora. Barulho de carros de vez em quando
pela Rua Barão de Mesquita ou que me vem da Avenida Maracanã. Isso
no Bairro da Tijuca, onde morro. De vem em quando também barulhos de
rojões, dos primeiros rojões soltados por alguém que já dá sinal
de que 2012 se está esvaindo. O tempo está abafado e quente, não
tão quente quanto há uns dois dias em que a temperatura no Rio de
Janeiro parecia querer competir a de Dubai. Só que lá até os
pontos de ônibus são refrigerados. Sol escaldante, lembrando um
pouco o sol quente de Teresina, no Piauí. A expressão “Rio 40
graus”, título de um famoso filme de Nelson Pereira dos Santos, de
1955 não serve mais como realidade meteorológica para os tempos
atuais. A Terra esquentou muito daquela época para hoje, com mais
descalabros ambientais que o homem tem feito contra ela por ambição.
Por isso mesmo é que a Natureza-Mãe, de tempo em tempo, dá o troco
e com toda a razão..
De
repente não mais que de repente, como diz o famoso e tão
repetidamente declamado “Soneto da Separação” de sabor
clássico-camoniano, de Vinicius de Moraes (1913-1980), me lembro do
que me propõe cataforicamente o título desta crônica: o meus
desejos para o ano que termina no contraponto mundo versus Brasil.
Deixo,
contudo, a questão climática só lembrada nos tempos de reuniões
de Cúpula para discutir mundialmente os estragos que se cometem
contra o planeta, sem, no entanto, chegar-se a mudanças necessárias,
urgentes e com determinações que sejam soluções para a melhoria
das condições do meio-ambiente em escala mundial.
Vou
tentar a seguir resumir o que desejo para o mundo em 2013:
1)
Que os homens do poder jurídico internacional encontrem uma solução
pacífica para a guerra civil na Síria que, há uns três dias, e
num único dia, matou quatrocentas pessoas! Com está, é uma
vergonha para a nossa condição de seres humanos permitir ou se pôr
em posição neutral que a matança, sob as ordens de Bashar
Al-Assad, não tenha fim e que o ditador sangrento não seja apeado
do poder. Que o poder jurídico internacional encontre ainda uma
solução ideal para que palestinos e judeus convivam
pacificiamente. Nada é impossível. Basta que cada um ceda um
pouco.
2)
Que o governo de Obama encontre a necessária fórmula econômica e a
compreensão dos republicanos a fim de encaminharem uma saída para
livrar os quarenta e cinco milhões de americanos do deplorável
estado de pobre e mendicância. Da mesma forma, que o presidente
americano consiga resolver a polêmica questão da saúde pública
para os americanos, fazendo com que os americanos mais humildes não
sejam deixados ao deus-dará, sem assistência médico-odontológica
pelo menos de qualidade razoável. É vergonhoso a um país da
grandeza dos EUA que, por erros provenientes de má administração
de governos anteriores, tenha se deixado levar a um
nível de pré-recessão. O presidente Obama não deve querer que, no
seu segundo mandato, a nação se volte contra ele. Seria terrível
para a sua biografia de estadista se pensarmos nos governos de
Franklin Delano Roosevelt, que deu insofismável exemplo de estadista
a exemplo do seu programa conhecido como New
Deal.
3)
Que os países que tomaram parte na “Primavera Árabe” não
deixem escapar a oportunidade de poderem efetuar mudanças duradouras
em regimes de governos que respeitem as liberdades de imprensa e dos
direitos individuais e desenvolvam administrações sólidas a
despeito de divergências ideológicas e religiosas. Por que não
seria exequível que o Oriente, ou países outros da África , da
América Latina e da América do Sul e do Caribe também não se
alinhem a um objetivo mais alto e verdadeiramente democrático de
transformar o mundo numa grande democracia? Copiar o que é bom de um
país civilizado é uma alternativa em direção a mudanças
qualitativas e de superação de crises. No entanto, é preciso que a
Europa , ou melhor a União Europeia, antes pense mais no bem-estar
de seus povos do que nas ambições políticas de ordem
especulativo-financeira. Não é possível que o sistema financeiro
de países como Portugal, Espanha, Grécia, França,
Itália fique reféns de maus governos, perdulários e socialmente
injustos no que concerne às condições de vida dos mais humildes. O
de que a Humanidade precisa é de governantes com espírito
humanístico, que pense solidariamente em relação à sociedade no
seu todo, diminuindo as gritantes diferenças de riqueza entre pobres
e ricos. Isso pode ser factível de realizar. Só lhes falta vontade
política, dignidade política e respeito às populações.
4)
Que o Brasil realize pelo menos três grandes objetivos: reduza
drasticamente o problema da corrupção política, cuide seriamente
da saúde nacional e procure, tanto quanto possível, reduzir a
violência em todo o pais, e sobretudo no eixo Rio-São Paulo, onde é
muito maior o grau de criminalidade.A par disso, que o governo, do
ponto de vista jurídico-institucional dê demonstrações ao povo de
que meliantes de qualquer nível social sejam exemplarmente punidos e
as sentenças que lhes couberem sejam cumpridas à risca, sem
subterfúgios ou os chamados “recursos” tão frequentemente
empregados por advogados. Caso esses problemas de alto sentido social
não sejam solucionados ou minimizados, o governo, ou os governos
futuros, enfrentarão sérias dificuldades e mesmo repúdio da
sociedade civil. Há limites para tudo e a sociedade, unida, saberá
encontra os meios legais de mudar o país e inseri-lo em padrões
morais, institucionais, jurídicos e sobretudo políticos. Os
estadistas brasileiros não podem dar as costas para tais soluções.
São esses o meus desejos e esperanças para 2013. Feliz Ano Novo,
leitor!
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