Será
o Drone?
José
Maria Vasconcelos
josemaria001@hotmail.com
De
repente, olhei pro céu, início de noite. Algo estranho me prendeu a
atenção por quase uma hora: objeto luminoso, vermelho intenso,
flashes verdes, pairava por instantes, circulava desconexo sobre os
céus do bairro São Cristóvão, seguia na direção de Timon,
retornava. Associei o estranho aparelho a discos voadores.
Sinceramente, desejei que a misteriosa nave pousasse no meu quintal e
me deportasse para experiência, digamos, transcendental.
Entrei
na rede social, divulguei o fenômeno. Logo aterrissaram internautas.
Marcelo: “Não será um Drone, professor?”
Drone,
aparelho esportivo, de controle remoto, não tripulado, assemelha-se
a helicóptero ou avião, de onde emanam luzes, paira ou se desloca
no espaço aéreo. A indústria desses objetos vem de alguns anos,
porém evolui para tamanhos maiores, utilizados em análise de
topografia, agricultura, investigação policial e na guerra. Servem
à Polícia Federal e forças militares de fronteiras brasileiras.
Departamentos de polícia americana estão adicionando drones de alta
tecnologia, nos arsenais de combate ao crime e vigilância coletiva.
São usados no Afeganistão e países em conflito.
O
uso de drones cairia bem, durante os jogos da Copa do Mundo e nas
conturbações urbanas. Empresas de vigilância privada, em estados
americanos, já conseguem licença para utilizar o aparelho, com
avaliação da aeronáutica, observando-se certos princípios de
privacidade. Em breve, esses zangões metálicos serão tão
familiares quanto o computador. No início, só a Nasa operava o
enorme equipamento; ao longo dos anos, popularizou-se, diminuiu de
tamanho e atende a infinitas operações. Os preços dos drones de
brinquedo variam de 2 mil a 5 mil reais, dependendo do desempenho e
tamanho. Os mais sofisticados aparelhos vão muito além desses
valores. Por enquanto, surpreendem, mas, em breve, multiplicar-se-ão
como carros e motos.
Joana
Lúcia acrescentou à rede: “Fui testemunha, Zé Maria. Fiquei
bastante apreensiva. Imaginava um avião enfrentando problemas
técnicos, sobrevoando a cidade, piscando luz verde e vermelha para
consumir o combustível, como já aconteceu com o meu esposo.”
Nessas circunstâncias, sempre despertam humorados rompantes: “KKKK,
o que o professor andou fazendo hoje?”(Marcelf). Ou esta tirada de
escanteio: “A luz vermelha podia ser da turma do PT” (Luís B).
Joaquim, meio diluviano: “Devia tratar-se da arca de Noé
anunciando chuvas torrenciais.”
Não
é de agora que novidades científicas causam apreensão. No início
do século XX, o primeiro caminhão a circular na cidade cearense de
Barbalha quase foi depredado pela população furiosa, temendo
desastre das casas. O primeiro boeing a posar em Teresina, anos 60,
atraiu multidão de curiosos, que “tocava a aeronave e a beijava”,
conforme a revista Realidade. Usuários dos primeiros celulares
chegados ao Piauí exibiam-se ao falar à engenhoca volumosa e antena
esticada, símbolo de riqueza. Portanto, sou mais um, vítima desses
encantamentos que parecem milagres de outro mundo.
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