Foto meramente ilustrativa |
1º
de maio Diário Incontínuo
HONESTIDADE
PROFISSIONAL
Elmar Carvalho
Segundo
um amigo me contou, Armando Paulo (vamos chamá-lo assim, para efeito
narrativo) era um sessentão um tanto formal e metódico. Mantinha um
namoro com uma mulher virgem, muito recatada, de aproximadamente 50
anos de idade, com quem pretendia casar-se. Visitava-a na casa dos
pais dela, duas a três vezes por semana. Os velhos mantinham uma
vigilância canina, e ele mal podia segurar as mãos já um tanto
envelhecidas da vitalina.
Por
isso mesmo, tinha ele as suas necessidades, e precisava dar vazão à
vitalidade sensual que ainda lhe restava. Reservava a sexta-feira,
após o expediente da tarde, para dar uma saída com alguma das moças
de programa registradas em sua agenda. Nenhuma poderia ter mais de
27 primaveras. O coroa, como disse, era muito organizado e
sistemático. Como já não estivesse no auge da sua libido, às
vezes já não saía em um ou outro final de semana.
Mas
naquela sexta-feira de que estamos tratando, Armando estava muito
eufórico, frenético mesmo, muito satisfeito com tudo que lhe
acontecera ao longo da semana, e tratou de comemorar esse fato com a
sua favorita, constante em lugar de destaque de sua agenda.
Telefonou-lhe, tendo a moça prontamente concordado em fazer o
“programa”. Aliás, mesmo que ela já tivesse agendado outro
encontro, certamente o desmarcaria, pois Armando, além de
gratificá-la muito bem, era educado, higiênico e usava sempre o
melhor perfume francês da moda. Uma vez ou outra, ainda lhe agradava
com um presente sofisticado.
No
local e no horário marcados, o homem parou o seu luxuoso automóvel,
tendo a jovem imediatamente entrado no veículo. Sem delongas e
conversas inúteis, Armando seguiu para um dos melhores motéis de
Teresina. Animado e feliz como estava, logo ao chegar abriu uma
garrafa do melhor vinho tinto disponível e encomendou um lauto
jantar, sem ao menos pensar nos preços do cardápio. A moça não
era acostumada com todos esses luxos, e tratou de aproveitá-los o
máximo que podia. Por conseguinte, entrou na tépida água da
piscina, não sem antes tomar um delicioso banho na ducha de forte
jato.
Como
já assinalei, Armando Paulo era muito metódico, mas mesmo assim (ou
talvez por isso mesmo) ficou a observar as evoluções e remelexos e
o belo corpo da ninfa. Quando consultou o reluzente relógio de
ouro, que ficara sobre a mesinha, constatou que já era hora de
encerrar o programa. Vestiu a calça comprida, e já se preparava
para vestir a camisa quando a jovem o advertiu de que ele se
esquecera do principal, ou seja, de consumar a transa, que sequer
fora iniciada. Ante o olhar de perplexidade do parceiro, ela foi
enfática e de uma clareza exemplar:
-
Olhe, seu Armando, posso ser prostituta, mas sou uma moça direita, e
quero ganhar o meu dinheiro honestamente...
Vejamos como um bate-papo informal, nas mãos de um ouvires das palavras, transforma-se numa crônica despretensiosa...quando encontramos honestidade até numa estigmatizada "mulher da vida". Parabéns pelo texto, afinal, o cotidiano é mesmo cheio de paradoxos... Fabricio Carvalho Amorim Leite.
ResponderExcluirCaro Fabrício,
ResponderExcluirvocê foi no cerne da questão e intuiu a origem da crônica, que bem poderia ser um conto disfarçado.
De fato, sua origem foi uma conversa, a que tentei dar um tratamento artístico, mormente na linguagem.
Abraço,
Elmar
Olhar de Poesia - Nanda Costa, atriz global
ResponderExcluirIdílio de olhar perdido
Encanto de morena
Cabelos negros
Oculto no corpo
Agradável.
És tu que procuro
Eis aí
O meu futuro.
Paixão oculta
Amar sem destino
Sem tempo
Presente puro.
Caro Elmar, grato pelo espaço.
Abraço
sp
Pois é meu caro Elmar, a moça demonstrou honestidade na profissão que exerce e o cidadão também demonstrou honestidde com o seu tempo. quem sabe teria um outro compromisso que não fosse para dar evasão à sua libido e não pretendese faltar ao mesmo.
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