quinta-feira, 31 de julho de 2014

JESUÍNO JOSÉ DE FREITAS

Reginaldo Miranda

JESUÍNO JOSÉ DE FREITAS

Reginaldo Miranda

Entre os filhos mais ilustres da cidade de Jerumenha, a que tive oportunidade de perfilar está o desembargador Jesuíno José de Freitas. Nascido por volta de 1838, era filho do capitão Gonçalo José de Freitas, antigo vereador de Jerumenha, e de dona Ana Maria de Sousa.

O desembargador Jesuíno Freitas descendia de famílias radicadas no termo de Jerumenha umas quatro gerações antes de seu nascimento. Pelo lado paterno era neto de dona Luísa Maria de Sousa e do tabelião José de Freitas Fragoso, que adotou esse apelido em homenagem a um padrinho e foi o primeiro da família a fixar residência na sede municipal, embora nascido no alto Itaueira, do mesmo termo(seu pai chamava-se Antônio Luís de Lavor de Paes Barreto, radicado no alto Itaueira). Na verdade, os Freitas descendem dos pernambucanos Manuel de Albuquerque Melo e Eufrásia da Cruz Neves, e os Sousa dos baianos Manuel José Ferreira e Francisca de Sousa Rabelo.

Iniciando as primeiras letras em Jerumenha, mudou-se para o Recife onde se bacharelou em Direito no ano de 1864, na mesma turma do filólogo maranhense Felipe Franco de Sá. Nesse particular, seguiu os passos do irmão primogênito José Manuel de Freitas, também desembargador, que se formara na mesma Faculdade seis anos antes.

De retorno ao Piauí, juntamente com o irmão primogênito alistou-se nas fileiras do Partido Liberal, onde militou até o fim do Império. Também, dedicou-se à advocacia. Por esse tempo convola núpcias com Regina de Sousa Martins, filha do coronel Elias de Sousa Martins e sua primeira esposa, Maria Josefa da Purificação. Uma irmã de sua esposa foi casada com o magistrado e político liberal Firmino de Sousa Martins, primo de ambas. Embora não disputando eleições, Jesuíno Freitas teve participação ativa na vida política da província, sobretudo na coordenação política das campanhas do irmão e do concunhado, ambos deputados e presidentes de província. Sobre a força de sua participação, basta ver que era o suficiente para incomodar os adversários. O médico e líder conservador Raimundo de Arêa Leão, incomodado com sua participação política só o chamava de Nonada e a ele dedicou vários poemas satíricos, como o que segue: “Ó gorduroso, ó grande Jesuíno,/ Tu que já tens (não rias) e deveras,/ Umas quarenta e tantas primaveras,/ Sem exceção do tempo de menino;// Tu, que és cunhado e amigo do  irmino,/ Desse mais bruto que as brutas feras,/ Tu, que és juiz, mas olha, das severas/ Leis desse Neto rude, pequenino,// Toma tento, rapaz, ou, como queiras,/ Meu velhote boçal, toma juízo,/ Anda direito, deixa-te de asneiras,// Levanta o rosto, a cara aparvalhada!/ Quero nela escrever, pois é preciso,/ Esta expressão simbólica – Nonada”. Evidentemente, essa é uma crítica deselegante e injusta a um vitorioso filho do Gurguéia, ilustre magistrado e político piauiense, à qual só transcrevemos para registrar que o mesmo teve participação ativa na política piauiense.

O bacharel Jesuíno José de Freitas ingressou na magistratura, servindo por muitos anos como juiz de Direito da comarca de Amarante, àquela época uma das mais prósperas da Província. Nessa qualidade, em 1885 instalou o foro da cidade de Regeneração, termo judiciário de Amarante.

Em 26 de dezembro de 1892, foi transferido para a vizinha comarca de Caxias, no Maranhão, onde tomou posse no dia 12 de janeiro do ano seguinte. Durante esse período coube-lhe executar a Lei Estadual n.º 33, de 06.04.1893, que traçou novos limites entre os municípios de Caxias e Barra do Corda. Lembramos que mesmo com a criação do Tribunal de Justiça do Piauí, em 1891, permaneceu vinculado ao judiciário maranhense, ao qual até então pertenciam as comarcas do Piauí.

E permanecendo no Maranhão, foi promovido para uma das varas da comarca de São Luís em princípio do ano de 1895. Foi, porém, de pouca duração esse exercício, porque nos primeiros dias de abril do mesmo ano alcançou o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão, onde tomou posse em 05.04.1895. Demorou no exercício desse cargo por mais de onze anos, sendo aposentado no dia 10 de maio de 1906, em face de problemas de saúde. Faleceu ainda no mesmo ano, na cidade de São Luís do Maranhão, onde foi sepultado. Deixou um nome honrado e uma carreira sem máculas.

Com esse registro desejamos enfatizar a carreira brilhante e a vida honrada de um grande magistrado nascido nas barrancas do Gurguéia, cuja trajetória de luta e ascensão profissional, esperamos sirva de exemplo para as gerações vindouras.                

2 comentários:

  1. Me chamo Pedro Noronha De Freitas Pinheiro. Sou tetraneto de Jesuino. Gostaria de saber o que Antônio Luis Lavor de Paes Barreto tem a ver com Jesuino. Antônio é pai de Jesuino? Não seria Manoel de A. Mello? Meu e-mail é: pnpedropinheiro@bol.com.br

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