Foto do saudoso velho "Jura, na mira de Elmar Carvalho |
LEÃO ENJAULADO
Elmar Carvalho
Do barzinho
onde eu tomava umas cervejas, vi o velho boêmio Jurandir em sua casa defronte.
Em companhia de um outro boêmio, fui cumprimentá-lo, aproveitando o ensejo para
fazer um “discurso relâmpago” em sua homenagem. O velho fauno, até os oitenta
anos de idade, bebeu bravamente, e se gabava de ainda abater umas “lebres”,
como dizia um colunista federal das fofocas.
Após as oitenta
primaveras, ficou bastante decrépito, e a saúde já não lhe permitia as libações
etílicas, como costumava dizer o popular Pacamão, que serviu de título a um
livro do romancista Assis Brasil, e que conheci a perambular na Praça da Graça,
com a sua indefectível e emblemática bengala. O médico lhe proibira a ingestão
de álcool, sob pena de ele ser convocado mais cedo pela velha ceifadora.
Sua filha,
parece ter fechado o portão gradeado como se fora uma gaiola, porque de minha
mesa eu observava o Jurandir a voltear no pátio, de um lado para outro, como um
pássaro engaiolado ou como um velho leão, já sem juba, sem garras e sem dentes,
saudoso de sua liberdade, nostálgico dos tempos em que percorria as savanas da
África, como um legítimo Rei dos Animais.
Certamente, o
velho boêmio estava a recordar os áureos tempo das boas talagadas de calibrinas
e dos tempos em que desbravava virilmente as curvas de um corpo feminino. A
tela de arame dava ainda mais ao portão o aspecto de uma gaiola ou de um
viveiro. Contudo, o velho galo-de-campina já não cantava de galo.
17 de janeiro de 2010
Sem perder a elegância, porém! Mestre Elmar perde o amigo mas não perde o clik!Ótimo texto!
ResponderExcluirMestre,
ResponderExcluirVocê sacou mais até do que se estivesse numa sacada estratégica.