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METAPOEMAS COMENTADOS (continuação)
Alcenor Candeira Filho
2ª P A R T E
T E O R I A D O
T E X T O
1. REPORTAGEM
o faro
o fato
o signo
a hora
a causa
o efeito
o agente
o jeito
(passado
presente
futuro)
e acima
de tudo
- o furo.
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Reportagem é o trabalho jornalístico que
reúne informações sobre assuntos ou fatos do cotidiano. É a notícia.
O repórter trabalha com os seguintes
questionamentos:
- o quê?
- quem?
- como?
- quando?
- onde?
- por que?
O poema , apesar da grande economia de
palavras, enumera os elementos básicos que
a reportagem deve conter:
- o faro: vocação profissional
- o
fato: acontecimento
- o signo: código, palavra
- a hora: momento do evento
- o efeito: consequência
- o jeito: o modo como se deu o fato
- o furo: publicação da notícia em primeira
mão.
2. ROMANCE
2.1 – ESTRUTURA
narrativa em prosa
via de regra longa
com núcleos dramáticos
múltiplos ou vários.
liberdade inteira
de espaço e de tempo
com protagonistas
com antagonistas
e mil peripécias
em curso de enredo.
linear relato
ou não-linear
descritiva parte
ou dissertativa...
- o que importa é a arte.
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Romance é uma grande narrativa de ficção
ou de criação imaginária, surgida a partir de fins do século XVIII e início do
XIX.
Segundo Massaud Moisés, em A CRIAÇÃO
LITERÁRIA, “o romance é uma visão macroscópica do Universo, em que o escritor
procura abarcar o máximo possível com sua intuição. Por isso convergem para ele
os resultados das outras formas de conhecimento. A História, a Psicologia, a
Filosofia, a Política, a Economia, etc., colaboram permanentemente e de vários modos para essa
recriação do mundo. O contrário ocorre, quer dizer, o romance pode servir ao
historiador, psicólogo, filósofo, etc., para erguer algumas de suas específicas
interpretações -, mas em diferente dose. Por outro lado, a macroscopia posta na
mundividência faz que exista subjacente no espírito do romancista, ou melhor,
na obra produzida por ele, a mesma ambição de todo filósofo: englobar a
variedade infinita do Universo num sistema unificador. Em suma: buscar um
sistema de ideias, pensamentos e imagens que unifique num só corpo a extrema
variação do Cosmos.”
A obra de ficção é expressão da imaginação
criadora em que predomina a narração, “correspondendo ao velho instinto humano
de contar e ouvir estórias, uma das mais rudimentares e populares formas de
entretenimento”, conforme Afrânio
Coutinho.
O romance surgiu na Inglaterra com HISTÓRIAS
DE TOM JONES (1749), de Henry Fielding.
No século XIX podem ser lembrados como
grandes romancistas: Sthendal, Balzac, Zola, Dickens, George Eliot,
Dostoievski, Tolstoi, Gogol, Eça de Queirós, José de Alencar, Machado de Assis.
Os elementos da ficção correspondem às
seguintes indagações que podem ser feitas diante de uma obra desse gênero:
- quem?
(personagem)
o quê?
(o que as personagens fazem, ou o que é feito a
elas)
- onde?
(o lugar dos fatos)
- quando?
(o tempo em que a ação decorre)
- como?
(de que modo se desenvolve a ação)
O poema faz alusão às principais
características do romance:
- longa narrativa em prosa
- várias células dramáticas
- liberdade de tempo e espaço
- personagens (planas ou redondas)
- enredo: (“intriga”, “história”,
“assunto”)
- enredo
linear: (começo-meio-fim) ou não linear
(saltos na sequência da ação):
- cortes = ações
subentendidas
- flashback = mistura de
presente, passado e
futuro
- tempo cronológico ou histórico, que é o
tempo do calendário ou do relógio, e o tempo psicológico, que transcorre no
interior de cada ser humano ou de cada
personagem
- pode
conter passagens dissertativas (texto opinativo) e descritivas
(retratação dos seres, coisas e paisagens).
Sendo o romance sobretudo um monumento
estético, o poema “Estrutura” termina com os seguintes versos:
- o que importa é a
arte.
2.2 – CLASSIFICAÇÃO
social
sentimental
passional
científico
político
histórico
erótico...
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É ampla a lista de tipos de romance. No
livro A CRIAÇÃO LITERÁRIA, Massaud Moisés menciona: “linear”, “progressivo”,
“vertical”, “analítico”, “psicológico”, “introspectivo”, “de costumes”, “de
ação”, “de personagem”, “de drama”, “de espaço”, “de formação”, “de evolução”, “de época”, “de
chave”, “de sociedade”, “de terror”, “de tempo cronológico”, “histórico”,
“picaresco”, “policial”, “romântico”, “realista”, “moderno””, etc.
O poema “Classificação”, com rimas paralelas consoantes agudas e
esdrúxulas, se limita a registrar alguns tipos de romance.
2.3 – FOCO NARRATIVO
narrador-personagem
narrador-onisciente
narrador-observador.
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Foco narrativo é a fala de quem conta o
episódio.
O poema alude aos tipos de foco narrativo:
a) narrador-personagem: quem expõe um episódio de que
participou (1ª pessoa)
b) narrador-onisciente: quem expõe o episódio na condição de
sabedor de tudo
c) narrador-observardor: quem expõe um acontecimento do qual
não participou diretamente (3ª pessoa).
2.4. – PERSONAGEM
personagem-plana
ou também redonda
com perfil moral
e/ou anatômico.
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Existem no romance as personagens
principais (protagonistas), secundárias (deuteragonistas) e/ou antagônicas
(antagonistas).
As personagens podem ser descritas
interiormente (retrato moral) e/ou anatomicamente (retrato físico),
classificando-se em:
a) personagens planas ou bidimensionais: caracterizadas
epidermicamente, sem profundidade psicológica ou dramática, pertencendo ao
romance de tempo cronológico.
b) Personagens redondas ou tridimensionais: pertencem
sobretudo ao tempo psicológico e têm profundidade, revelando-se por uma série
de características, diferentemente das “planas”, identificadas pelo
desenvolvimento irregular de uma virtude ou de um defeito.
Notar que o poema se constitui de versos
pentassilábicos e rimas alternadas consoantes.
2.5 – FALA E ESPAÇO
diálogo direto
discurso indireto
e indireto-livre
em espaço físico
ou psicológico.
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O poema reporta-se a dois elementos de
narrativa: a fala da personagem e o espaço ou local do desenvolvimento da ação.
A fala diz respeito às três modalidades de
discurso mencionadas no texto, cada qual com as seguintes características:
a) discurso direto:
- é a personagem falando
- fala visível da personagem
- uso de verbo dicendi ou de um
dos seguintes sinais de pontuação: dois pontos, travessão, aspas
- destaca a personagem
Exemplo: Hoje estudei
matemática - disse o aluno.
b) discurso indireto:
- é o narrador falando pela personagem
-
verbo dicendi
- destaca o narrador
- verbo na 3ª pessoa do singular na oração
subordinada substantiva.
Exemplo:
- O aluno disse que hoje estudara
(tinha estudado) matemática.
c) discurso indireto livre:
– é o narrador reproduzindo o
pensamento da personagem
- ausência de verbo dicendi e de
dois pontos, travessão e aspas
- destaca ao mesmo tempo o
narrador e a personagem, isto é, a linguagem do narrador funde-se com a própria
linguagem espontânea da personagem.
Exemplo:
“O suor umedeceu-lhe
as mãos duras. Então? Suando com medo de uma peste que se escondia tremendo?”
(Graciliano Ramos – VIDAS SECAS).
2.6 – TEMPO E DESFECHO
tempo cronológico
ou imaginário
com desfecho trágico
ou com fecho cômico.
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Poema de versos pentassílabos (redondilha
menor) com rimas no esquema a-b-b-a.
O tempo é a época do fato,
classificando-se em:
a) tempo cronológico: tempo do relógio
b) tempo psicológico: tempo interior da personagem ou do
narrador.
O desfecho do
romance pode ser triste (trágico) ou alegre (cômico).
3. – CONTO
narrativa escassa
de uma ação somente
presa ao presente
menos ao que passa,
no discurso o diálogo
dominante sempre.
o relato lerdo
ou relato lento
sem lugar no conto,
circunscrito a
- singular espaço
- tempo de relógio
- flashback raro
- personagem pouco.
no ensinamento
de
Massaud Moisés,
“plástico” e “objetivo”
com dado criativo
subpondo-se ao
dado observado.
tipos importantes:
conto de ideia
conto de cenário
conto de ação.
na lição de Mário
conto é o que conto
se chama. E pronto!
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A palavra conto origina-se do latim
“computu”, que significa “cálculo”, “conta” e remonta aos primórdios da própria
arte literária.
O conto, ao lado da novela e do romance, é
uma das formas de ficção. De todas, a
menos extensa.
Segundo Afrânio Coutinho, em NOTAS DE
TEORIA LITERÁRIA, “entre o ‘romance’ e a ‘novela’ a distinção é mais
quantitativa do que qualitativa: a ‘novela’ é obra de menor extensão, cobre um
cenário mais reduzido, lida com menor número de personagens e incidentes, limita-se a maior economia no
tempo e no espaço (...). Já a caracterização do ‘conto’ em relação ao ‘romance’
e à ‘novela’ é tanto qualitativa quanto quantitativa.”
Eis as principais características do
conto:
- unívoco, univalente: um só conflito, uma
só história, uma só célula dramática
- predomínio do diálogo (raras ou poucas
linhas dissertativas ou descritivas)
- espaço da ação é limitado (a história
pode transcorrer numa rua, num hospital
- unidade de tempo: a ação ocorre num
restrito lapso de tempo, horas ou dias
- número reduzido de personagens
- foco narrativo: qualquer um pode ser
empregado: narrador-personagem, narrador-onisciente e narrador-observador
- flashback raro
- enredo linear.
A estrofe final do poema “Conto” faz
alusão ao escritor paulista Mário de Andrade, a quem se atribui a frase -
“conto é o que conto se chama”.
4. NOVELA
4.1 – ETIMOLOGIA
palavra do italiano “novela”
(vinda do latim “novellus, a, um”)
derivando depois para “enredado”
e daí “narrativa enovelada”.
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Já vimos que novela, romance e
conto representam as
três formas de ficção. Naquela
oportunidade, foram evidenciados os traços que as distinguem.
O poema se divide em seis partes. Na
primeira – “Eti-
mologia” – título e texto já
dizem tudo.
4.2. – AÇÃO
novela: fundamentalmente
multívoca, polivalente:
série de unidades dramáticas
ligadas todas entre si
fieira de contos encadeados
com início, meio e fim.
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Poema de versos octossílabos com rimas
paralelas e alternadas.
Os
versos se referem a algumas
características da novela:
- multívoca: apresenta vários núcleos
dramáticos
- células dramáticas interligadas
- enredo linear.
4.3 – ESPAÇO E
TEMPO
ausência de unidade espacial
e tempo presente, aqui e agora,
marcado quase sempre por relógio
ou por convenção social.
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Poema com rimas encadeadas e paralelas: a-b-b-a.
- espaço: múltiplo
- tempo: predomínio do presente.
4.4 – LINGUAGEM
direta metáfora,
simples, despojada:
só vai o narrador
ao ponto que importa.
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Poema de versos em redondilha menor e
rimas consoantes emparelhadas.
A linguagem deve ser objetiva, concisa,
clara, simples.
4.5 – TIPOLOGIA
de cavalaria, na idade média;
depois bucólica e sentimental;
além de histórica, e de picaresca
- novela de mistério e policial.
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Os tipos mencionados nos versos são
incompletos, mas talvez os principais.
Observar o emprego de rimas alternadas
(a-b-a-b), sendo uma consoante (média/picaresca) e outra toante
(sentimental/policial).
No DICIONÁRIO DE TERMOS LITERÁRIOS,
Massaud Moisés comenta sobre os tipos de novela:
“Quanto às novelas de cavalaria,
nasceram na Idade Média, em
consequência da
prosificação das canções de
gesta. As novelas sen-
timentais e bucólicas remontam a
‘Dáfnis e Clói’
(século III a.C.), mas só foram continuadas no sé-
culo XIV, graças a Boccacio
(‘Ninfale d’Ameto, 1341
ou 1342). (...) A novela
picaresca iniciou-se, como
vimos, pela ‘Vida de Lazzarillo
de Tormes y de sus
fortunas y adversidades’, de
autor anônimo, e atingiu
o ápice no século XVII, com
‘Gusmán de Alfarache’
(1599), de Matco Alemán,
‘Rinconete y Cortadillo
(1613), de Cervantes. (...) A novela histórica, que se
caracteriza pela recriação do
passado remoto ou re-
cente por meio de
documentos verídicos, principiou
com ‘Waverley’ (1814), de Walter
Scott. (...) A mais re-
cente caracterização da novela é
a policial ou de mis –
tério, iniciada por ‘The Murders
in the Rue Morgue’
(1841), de Edgar Allan Poe.”
4.6. - CONCEITO E EXEMPLIFICAÇÃO
rolo
que se desenrola
menos que o romance
e mais do que o conto.
lá
bem além do mar
com
.
“Amor de Perdição”
Camilo Castelo
no gênero é o tal
cá
no Brasil amado
o baiano Jorge
com
“Quincas Berro Dágua”
não conhece igual.
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Já falamos noutra página deste livro sobre
o conceito de novela: série de
histórias interligadas.
Como exemplos de grandes cultores do
gênero, são citados Camilo Castelo Branco (AMOR DE PERDIÇÃO) e Jorge Amado ( A
MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO DÁGUA).
(Continua amanhã - sábado)
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