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Teresina verde, não te quero cinza!
José Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Nestes 165 anos da minha cidade, há pouco que se comemorar: belos,
modernos e harmoniosos edifícios passam dos 20 andares. Recentes avenidas
rasgadas e asfaltadas, recentes parques ambientais, enquanto a ambição
imobiliária não devore o resto do verde. Entristece-me ver devastação da mata
para implantação de condomínios de luxo, como as que acompanham a estrada para
Altos.
Decantada Cidade Verde, desde
primórdios. Dias contados, porque milhares de hectares da exuberante selva já
foram devastados, a partir da década de 1970. Os nascidos depois daquele
período não se dão conta dos desastres ambientais promovidos por líderes
sindicais e de esquerda, anônimos, cabos eleitorais. Protegidos pelo prefeito
Wall Ferraz, comandaram greves e invasões de terras, arrasaram o cinturão verde
da cidade, promovendo invasões, estimulando surgimento de favelas, gente de
fora, inclusive delinquentes, votos eleitoreiros garantidos. Líderes, hoje
aposentados ou exercendo mandatos e cargos públicos sem concurso, desfrutam
rico patrimônio. Antes, comiam quentinhas; hoje, banqueteiam-se e pilotam
carrões, de costas às questões sociais. Nenhum participa mais do programa
sindical e trabalhador da Rádio Pioneira, início da manhã. Devastação
florestal, norte a sul da capital, centenas de favelas, sob as bênçãos da
Prefeitura. Depois, vilas e bairros, delinquência assaltando cidadãos.
Jóquei dos belos e verdejantes
sítios, raras residências, temperatura serrana à noite, foi engolido pelos espigões de concreto. Em 1990,
não se viam altos prédios nem condomínios de luxo. Hoje, centenas, comércio e
vida noturna intensos.
A edênica e mesopotâmica Teresina
de quarenta anos atrás, perdeu a candura verde, quanto Adão e Eva em busca das
folhas de videira para tapar as vergonhas. A neblina matinal costumava
aparecer, de maio e julho; pouco se vê hoje. A temperatura baixava de 20 graus,
a partir das 8 da noite, no Bairro São João. Hoje, só alcançada na zona rural.
Cidade Verde, uma pinoia! Imagino
reunisse no mesmo lugar todo o calor emanado das lâmpadas acesas, escapamentos
dos carros, fogões a gás, telhados e cimentos escaldantes. Formariam imensurável fogueira.
A Cidade Verde não aparece nos
registros de órgãos internacionais. A empresa alemã Siemens e a revista
britânica The Enonomist consideraram João Pessoa ”a mais verde do Brasil”,
durante 18 anos: média de 54 árvores por habitante, mais de 7 km quadrados de
floresta, 600 hectares de mata atlântica. João Pessoa perdeu esse posto,
durante a ECO-92, para Curitiba, a mais verde entre outras 17 cidades da
América Latina. Abaixo dessa média, São Paulo, Rio e Brasília. Antes da Eco-92,
João pessoa só perdia, no mundo, para Paris. Porém minha Teresina verde
entorpece com as cinzas das fruteiras nos quintais, florestas de cocais,
tucuns, guabirabas, pequizeiros, pitombeiras, mangueiras, sapotizeiros,
caneleiros e ipês. Macacos, veados, animais e aves silvestres fogem, famintos e
sedentos, junto a riachos desaparecidos e rios contaminados. Falta espírito de
sustentabilidade, mesmo cultivando verde no alto de prédios.
PARABÉNS TERESINA!
Carlos Henriques de Araújo
Poeta e escritor
Encravada na chapada do corisco,
uma referência, não ao capanga de Lampião, mas aos relâmpagos e raios que nas
noites de chuva, no final do inverno, riscam os céus com clarões de fogo que
derrubam árvores, no seio desse estado querido, surge a mesopotâmia do agreste.
Do sonho de Conselheiro Saraiva,
cresceu embalada pelas águas do Poti e do Parnaíba, acariciada pelo vento
nordeste que depois das dez vem amenizar seu clima quente, consequência do
abraço carinhoso do sol do equador.
Teresa Cristina, para os íntimos,
Teresina. Seu nome traz a beleza de uma menina que, àquela época, dom Pedro
previa um futuro promissor. A menina cresceu e com ela cresceram seus filhos:
os teresinenses ilustres.
A “selva de pedras” em que está
se tornando com o crescimento vertical, Teresina não difere muito das grandes
capitais do nordeste, no tocante ao custo de vida, qualidade de serviços e
infelizmente a falta de segurança.
Cento e sessenta e cinco anos!
Apesar das administrações que se sucederam ao longo desses anos, segue seu
caminho buscando, altaneira e despretensiosamente, ser um dos maiores centro
populacional do meio norte, no tocante a medicina, educação e eventos.
Permanecem vivas em todos nós as
lembranças da bucólica Verdecap de outrora. Que saudade das caminhadas
admirando as árvores e os pássaros na praça da Bandeira; dos passeios de carro
pela na av. Frei Serafim; da feirinha na praça Saraiva depois da missa aos
domingos; da peixada do Pesqueirinho sob a luz do luar; do lanche discreto no
Minhocão; do churrasco na animada Beira-Rio; das rodadas de cerveja ouvindo
forró no bar Maria Fulô; do papo agradável com os amigos no bar Escândalo; da
batida gostosa do Raízes ao som do melhor do rock e da MPB; das serestas na
coroa do rio Poti; das festas juninas no Tabajaras; dos ensaios das escolas de
samba Ziriguindum e Esquindô; do sorvete gostoso no Elefantinho; do pão de
queijo do seu Cornélio; das noitadas no
Nós e Elis; dos embalos nas boates La Muralha e Super Star; e para encerrar a
noitada com chave de ouro, uma deliciosa mão de vaca no Cassarolinha,
acompanhado pelo violão do Silizinho.
Teresina hoje não é lembrada só
pelo seu calor, pela a cajuína, pelo
troca-troca ou o cabeça-de-cuia. Ela é cantada em verso por seus poetas
e reconhecida no Brasil por ter as melhores escolas do país.
Recortada de avenidas longas e
largas, Teresina se iguala a outras capitais do nordeste como uma grande
metrópole: A reurbanização da Av. Frei Serafim, a Ponte Estaiada, o sistema de
ônibus integrado que além de embelezar a cidade, diminuirá o congestionamento
de carros e dará mais comodidade e conforto aos usuários.
Com vários shopping muito
visitados, mas por não dispor de praia e contar com um clima muito quente
durante o dia, a noite é a hora mais agradável para o divertimento e lazer. Por
isso dispõe de uma grande diversidade de bares, restaurantes e clubes para
todos os gostos e bolsos.
E para acolher os turistas e
visitantes em busca de tratamento médico, estudo e eventos dispõem de uma rede
de hotéis, pousadas, escolas, faculdades, cursinhos e empresas especializadas
em eventos.
Só falta as autoridades e governantes
responsáveis pela segurança somarem esforços para que os teresinenses, turistas
e visitantes possam trabalhar e se divertir com mais tranquilidade.
Parabéns Teresina!
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