Cunha e Silva Filho e Enéas Athanázio
Elmar Carvalho
No sábado, 30 de março, recebi, na secretaria da Academia
Piauiense de Letras, o livro “Paisagem, vida e linguagem em Enéas Athanázio:
Uma leitura de ‘O campo no coração’”, que me fora enviado por seu autor, meu amigo
Cunha e Silva Filho. Um pouco depois, na condição de 1º secretário da entidade,
o apresentei em nossa Assembleia Ordinária, juntamente com outras
correspondências, conforme consta na ata do dia acima referido.
O livro analisa em profundida e com argúcia todos os aspectos
relevantes da obra citada em seu título – O campo no coração . Assim, lhe
devassa o conteúdo, discorrendo sobre a linguagem dos contos e crônicas que ele
enfeixa, com riqueza de detalhes, esmiuçando-lhe as qualidades e recursos
estilísticos.
Cunha é um velho amigo meu, posto que o conheci em 1990, como
ele próprio o declara no prefácio a meu livro Rosa dos Ventos Gerais (3ª
edição, Coleção Centenário, APL, 2016), na linda e bucólica Amarante, terra
natal sua e de seu pai. Participamos de um evento cultural que lá estava sendo
realizado. Se não estou enganado, traído pela memória e pelos longes do tempo,
ele fora visitar a sepultura de seu pai, falecido nesse ano, como verifico
agora, compulsando o Livro do Centenário da Academia Piauiense de Letras, posto
que o velho professor Cunha e Silva ocupara a sua cadeira nº 8.
Francisco da Cunha e Silva Filho é o seu nome completo. Exerceu
o magistério superior e de segundo grau até bem pouco tempo. Leitor voraz e
erudito. Voltou-se sobretudo para a crítica e para a teoria literária. No
exercício da crítica, embora observando as lições da melhor crítica
impressionista, no nível da praticada por um Álvaro Lins, cultivou a nova
crítica, a que analisa, sobretudo, os aspectos intrínsecos da obra.
Escreveu “Da Costa e Silva: uma leitura da saudade”
(Edufpi/APL, 1996), um dos melhores livros sobre a poesia de Da Costa e Silva,
poeta de sua admiração, um dos melhores do Brasil, seu conterrâneo amarantino.
Mas também escreveu sobre vários poetas e escritores do Piauí. Esses textos
foram publicados de forma avulsa na imprensa piauiense. Boa parte deles foram
coligidos na obra “As ideias no tempo” (APL/Senado Federal, 2010). Tendo
prestado um inestimável serviço à literatura, tanto na cátedra como na
qualidade de escritor, publicou “Apenas memórias (Rio de Janeiro: Quártica,
2016), em cujas páginas perpassam a sua vivência, experiência de vida e de
magistério, as suas dificuldades e conquistas, a sua dedicação profissional e
literária, e a nostalgia do Piauí.
Tive a desvanecedora honra de ter recebido amáveis
comentários de sua esmerada crítica, tanto pela linguagem escorreita e
elegante, como pelo apurado conteúdo de quem realmente entende do que fala.
Meus livros Rosa dos Ventos Gerais (poesia), Confissões de um juiz (memórias) e
Histórias de Évora (romance) lhe mereceram aprofundados estudos, diria mesmo
verdadeiras críticas ensaísticas, se é que posso usar essa denominação, para
dar uma exatidão ao que quero dizer.
Além de seus dotes naturais, aperfeiçoados no esforço pessoal
de muitas leituras, ele quis a instrução formal de altos estudos, e por isso
fez mestrado, doutorado e pós-doutorado, todos no campo da literatura.
Todo esse esforço, com certeza, foi canalizado para o
magistério e para a crítica e teoria literária, uma vez que ele continua a
escrever importantes textos nessa seara, que se encontram publicados na
internet, tanto em seu blog (http://asideiasnotempo.blogspot.com/),
como no Portal Entretextos(http://www.portalentretextos.com.br/),
como em meu blog (http://poetaelmar.blogspot.com/).
Quanto ao escritor Enéas Athanázio, é um amigo do Piauí e de
sua literatura e escritores. Tanto que já lhe foi outorgado o merecido título
de Cidadão Piauiense, pela Assembleia Legislativa, ocasião em que esteve em
nosso estado. Muitos escritores e poetas piauienses mereceram trabalhos de sua
autoria, inclusive eu próprio. Homem cordial, no melhor sentido que se possa
dar a essa palavra, um dia, em que eu estava um tanto apreensivo, por estar
mourejando em longínqua Comarca, no início de minha carreira, ele, que foi membro
do Ministério Público de Santa Catarina, disse-me, incutindo-me coragem e
consolo, para que eu não me angustiasse, que dias viriam em que eu sentiria
saudade dessa situação e dessas plagas remotas.
E isso de fato aconteceu. Hoje sinto certa nostalgia, como se
sentisse saudade da própria saudade que eu sentia então.
Com estas acanhadas palavras, louvo o livro, louvo o autor
(Enéas Athanázio) e a obra a que ele se refere, e exalto o amigo e notável
escritor Cunha e Silva Filho.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLEIO, AGORA, O SEU ARTIGO FOCALIZANDO A FIGURA DO GRANDE FICCIONISTA ENÉAS ATHANÁZIO E A DESTE MODESTO AMIGO NA CONDIÇÃO DE HAVER ESCRITO UM ENSAIO SOBRE O AUTOR CATARINENSE.
ResponderExcluirO SEU OLHAR DE OBSERVADOR ATENTO O LEVA A PINÇAR OS DADOS MAIS RELEVANTES RELEVANTES DE UM AUTOR OU DE UM OBRA.
É NESTE SENTIDO DE SUA ESCRITA, ELMAR, QUE O ENQUADRARIA COMO UM BOM ANALISTA DA OBRA ALHEIA. ME LEMBRO DE BONS TEXTOS SEUS ACERCA DE AUTORES E LIVROS EM PREFÁCIOS E PALESTRAS.
QUEIRA ACEITAR OS MEUS AGRADECIMENTOS PELA GENTILEZA DE VIR A PÚBLICO AJUIZAR COM ARGÚCIA E COMPETÊNCIA SOBRE OS DOIS AUTORES ORA MENCIONADOS.
UM GRANE AMPLEXO DO AMIGO E ADMOR.
CUNHA
De nada, amigo Cunha.
ResponderExcluirVocê bem merece o que afirmei.
Muito você tem feito pelos autores e pela literatura feita no Piauí.
Abraço,
Elmar
Sempre terei os escritores piauienses em alta conta nos meus projetos literários. Abração. Cunha
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