sexta-feira, 30 de agosto de 2019

DIANTE DA PÁGINA BRANCA

Fonte: Google


DIANTE DA PÁGINA  BRANCA

       O princípio da palavra é um ato difícil; é a saída do  silêncio.
                               Roland Barthes
                                                    
Cunha e Silva Filho
Cronista, memorialista e ensaísta

                O que posso  dizer, leitor, diante da página  branca? Que ela é simplesmente branca.  Que  não foi  escurecida pelo  impiedoso texto novo: que ela simbolize o silêncio dos que  sofrem, enfim,  o que posso  afirmar de especial  diante da  página branca ? A dor de  Ernest Hemingway (1899-1961)? O silêncio de um  poeta  piauiense  que  escreveu  o mais belo  soneto sobre a Saudade em língua portuguesa daqui e de além-mar.

                Por que um escritor tem medo da página branca se ela não é aquela baleia branca de Moby Dick? O que  diria  da página branca  com referência aos poucos  romances  de O.G. Rego de Carvalho (1930-2013)    um dos quais,  se não me engano,  Ulisses entre o amor e a morte ( Teresina: Meridiano 7 ed. rev., 1989), reformulava ou  modificava até à exaustão?  Ou o caso de Raduan Nassar que  publicou  seu  primeiro livro(romance) e mais duas obras apenas,  deixando, depois,  de produzir literatura Lavoura Arcaica (1975).

                Ou mesmo a história um tanto melancólica de um  bom escritor  piauiense  que deixou de escrever bons e ótimos poemas nas décadas de 1970 a  1990, aproximadamente, e, depois,  pouco ou nada produziu nesse gênero quando, pela idade, ainda bem produtiva e relativamente moço, poderia ter dado sequência a mais  obras?

             E a dor da página branca se torna ainda mais lancinante  quando  vemos, alguns bons,  escritores desistirem  de escrever outros livros, ou mesmo desistirem  de seus  interesses  literários, preferindo  viver a vida  natural das pessoas comuns. Eis uma  questão   de natureza   do fenômeno literário que  bem poderia ser  explorada em pesquisas sobre  dados estatísticos   de autores  que  deixaram, por uma outra razão pessoal ou de outra  ordem,  de produzir  num determinado    gênero ainda em  pleno vigor  intelectual.

               Aliás, um  escritora  norte-americana do passado,    após publicar  seus livros bem sucedidos, chegou a   confessar  que teria sido  muito  mais útil  e feliz  para ela  caso  não tivesse se dedicado tanto à literatura e, ao contrário,  fosse viver  plenamente  a vida em si.  E, assim,  os exemplos da página branca se multiplicariam  em quem sabem andam  se multiplicando  pelo  mundo afora.

             Basta que se faça um exaustivo   trabalho de pesquisa  para se ter um quadro estatístico de quantos  escritores, em todos os gêneros,  desistiram  de escrever,  perderam  o fôlego inicial  ou simplesmente  largaram,  por motivos de foro  íntimo,  a arte  de  criar  vidas.

         Não seriam igualmente a página banca  os verso, os poemas,  os cotos, os romances, os  dramas, do que se fora  para a eternidade e seguramente tanto tinham o que  ainda  produzir. Cite-se  um exemplo, o do  poeta, tradutor, ensaísta  crítico e historiador  Mário Faustino (1930-1962).  Por outro lado,  não seria a página branca   que sopitou  alguns desejos  não  atendidos  de críticos, ensaístas historiadores e pensadores que morreram tão  precocemente?

        A página branca seria  por  ventura o silêncio de um escritor  diante das iniquidades  cometidas  por gente nova (não necessariamente  na idade)  ligada visceralmente à  política brasileira, os chamados malvadezas que  estreiam e logo  começam  a fulminar   o que, no Estado Brasileiro,    estava dando certo  e não se configurava  como um retrocessos nefasto  em áreas  cruciais   ao desenvolvimento do país, um tsunami  feroz  raivoso e grosseiro em nome  de alegado  estado de calamidade financeira de um  país que ainda  mantém as mesmas mordomais   nos  altos escalões  palacianos e nos três poderes   formulados  por Montesquieu (1689-1755)  posto que, em muitos  casos,   malogrados ou deformados    na práxis.       

          A página branca seria sinônimo de silêncio e este,   conforme, ouvi de uma eminente  professora de  filosofia da educação,    chega a um  ponto  de se poder  afirmar ser  impossível não se comunicar, ou seja, o silêncio possui algo também de eloquente  contra atos  errados  e precipitados  na tentativa de resgatar  o buraco negro  da gastança  dos  donos  dos palácios  instalados  em Brasília e pôr a culpa  nos barnabés da Previdência Social. 

             Ora,   o  sistema político  não perdeu  as regalias nem quer jamais perde-las  dividindo o sacrifício com  os que logo são escolhidos cinicamente  para serem  os bodes expiatórios  das mazelas  perpetradas  pelos   velhos e novos grupos  dos poderes   instalados  através de  eleições conquistadas, mais  uma vez, tanto com o dinheiro  do Estado  determinado por lei aos gastos da eleições quanto   pelos  sempre renascidos caixas dois  advindos  de fortes  grupos econômicos (lobbies) que   através  das ignominiosas  práticas seculares   “do toma lá dá cá,”   - ainda vigorantes.
            
       Sim. Não há como ser absenteísta  na política como  erroneamente,   por algum tempo, supuseram ser   Machado de Assis(1839-1908).  Só depois, que um  ensaísta  como Brito  Broca (1890-1965) em livro de titulo Machado de Assis e a política e outros estudos (1957) demonstrou  que,  na obra machadiana,   o que mais se poderia   inferir  são temas de cunho    político e social  -  elementos-chave da sua  ficção. E sem citarmos  também  as suas crônica, na quais  podemos  verificar  situações visíveis  nos relacionamentos  socioeconômicos  do Segundo Império. Não foi gratuito  o que empreendeu, no campo da alta  crítica  de viés marxista  críticos  antigos, como        Astrogildo Pereira(1890-1965), com o seu livro Interpretações (1944)  e  contemporâneos, como  Roberto Schwarz com  obras  como Ao vencedor as batatas (1977).Um mestre na periferia do capitalismo:  Machado de Assis (1990).

         A página em branco  -  retomo -,   se é silêncio. pode ser um silêncio  temporário. Ou pode ser definitivo, dependendo das circunstâncias da vida de cada autor, cada jornalista,  e  cada  articulista, de cada tradutor, de carta cronista  etc. Não a  interpretemos apenas como  um  poço que se esvaziou por ter-se exaurido   o filete d' água que o tornava  fértil  e útil à vida de tanta gente. Não há  explicações  possíveis  porque , na ama do artista,  existem  mil explicações  para que a página ficasse  em branco esperando  por alguma coisa   que a torne  um texto benfazejo  e  e semeador   de esperanças   tanto quanto    audacioso  em suas invectivas diante dos  desmandos dos homens na Terra. 

          A página branca é um momento  de expectativa, de  retaguarda,   de  observações atentas  ante a realidade  que se mostre hostil à dor  dos  injustiçados, dos chamados  humildes e humilhados,  dos desterrados  do bolo sempre  adiado  aos famintos e àqueles que   encontram  abaixo da linha da pobreza, até bem próximos das grandes megalópoles onde  o brilho   dos borbulhantes  cegam  os que pedem  pão  e teto.

          Na página branca  existe  espaço  para as grandes lutas  contra  a força  incontida   dos bem  postos  e dos supostos viventes  sempiternos  da vida  regada às benesses dionisíacas  e moralmente  mal cheirosas   e desumanas. A página branca,  assim,  seria igual a um  combate   em silêncio, subterrâneo,  imune  aos inimigos  das inverdades, hoje pragas  disseminadas, na babel   ruidosa da incomunicação  dos povos  como as   fake news -   patologia   social   degenerativa dos pilares da verdades genuínas  e auspiciosas   que tomou  conta de parte da humanidade  servil  aos interesses  subalternos  do financeiramente  globalizado a todo custo    sem humanidade, com se fosse possível confundir positivamente globalização  maléfica     com humanidade sadia.

          A página em branco  não é a derrota  da germinação  das ideias e do afastamento  pusilânime diante dos desafios  do não progresso,   do retrocesso  cultural,   artístico, educacional,   social, jurídico, econômico financeiro,   científico  e tecnológico, das conquistas   sociais   e  das lutas contra os preconceitos  de toda tipo e máxime contra as injustiças de todo tipo  e natureza. A página branca  é uma pausa  diante  do que não é possível   aceitar como condição  imutável de vida  injusta de um país   diante do espírito de capadócios  individuais  ou  grupais  travestido  de bom  mocismo  praticante de um nova forma de fazer o bem  pelo mal sob o estandarte da esperança verde-amarela.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

PESSOAS COMUNS MUDAM O MUNDO



PESSOAS COMUNS MUDAM O MUNDO

Weliton Carvalho
                                                                                                            
a Ivo Dantas

Eu sou a flor que o vento jogou no chão
Mas ficou um galho
Pra outra flor brotar
A minha flor o vento pode levar
Mas o meu perfume fica boiando no ar.

[João do Vale. In. A voz do povo]


                                          O povo
             – não o conceito clássico da ciência política –
                    nem o alcance opaco das constituições:

               menos ainda o significante dos discursos políticos.

                                              Mas o povo,

                     tal meu vizinho,
                o irmão do teu amigo,
                            teu filho

                 – tomaram as ruas do Brasil em junho de 2013
                 e escreveram um poema datado para o futuro.

                                        De repente,

                             o povo redescobriu a praça,
                     os protestos na internet não bastavam:
                     no mundo virtual a vida não transpira:
                     almas precisavam dos corpos presentes.


                  A praça é do povo!
                como o céu é do condor.

                É o antro onde a liberdade
                   cria águias em seu calor

                – relembra o poeta condoreiro.

                       E o povo sempre recita os poetas
                – que os verdadeiros poetas cantam o povo.

                           E de há muito o poeta sabe:
                  pessoas comuns mudam o mundo,
                   porque o fazem girar em sonhos.


E o governo atônito convoca os burocratas,
que nada sabem do povo além das estatísticas
e que bestificado – essa massa sempre amorfa –
recebeu o Império e assistiu a República.

                    O que é o povo?
                – indagam os palácios.

Os cientistas sociais se debruçam sobre Siéyes.

A praça, a velha ágora grega,
     – não mais censitária –
nada mais público e popular
ferve num turbilhão de desejos

               a dizer: o povo existe.

                         E agora?    

terça-feira, 27 de agosto de 2019

O casamento de Cunhandita



O casamento de Cunhandita

Pádua Marques
Escritor e jornalista

Era passar um embarcadiço mais limpo e perfumado vindo do Porto Salgado com algum sinal de mil réis na burra ou um negro de melhor feição que fosse no rumo das casas de raparigas na Coroa e lá estava Cunhandita se mostrando na janela e se fazendo de faceira. Aos sábados e domingos largava o fogão e os trens da cozinha da casa de doutor José Cândido e na companhia de outras negras atravessava a rua Grande pra ir à missa na igreja do Rosário.

Cunhandita, negra cozinheira da casa do médico doutor José Cândido de Deus e Silva, mas nos assentamentos da igreja era Benedita dos Santos e só. Santos ela ganhou de sobrenome por ter nascido logo nos primeiros dias de novembro daquele ano de 1794, no Igoronhon, Maranhão, e dada ela e dois irmãos como pagamento de uma dívida do comerciante de madeiras Simião Justino ao doutor seu dono e patrão.

Os irmãos Miguel e Onofre quando tinham dezoito e vinte anos morreram no naufrágio de uma canoa carregada de bananas entre as Canárias e a Tutoia vindo pra vila da Parnaíba. Morreram e ficou por isso mesmo. Cunhandita acabou ficando sozinha no mundo. Largado o serviço da cozinha, onde fazia de um tudo, se punha na janela e num descuido da patroa, que vivia cochilando por dê cá aquela palha, ia até a porta pra dar definição de quem entrava e quem saia das outras casas na rua Grande e adjacências.

E nesse ofício de ficar espiando a vida alheia e se insinuando e mostrando os peitos na janela pra quem quisesse ver, acabou chamando a atenção de Raimundo Dias da Silva, irmão do capitão Simplício Dias, marido de dona Isabel Tomásia. Era rapaz de boa presença, rico, doido por farra na Coroa e no Porto Salgado e que viu na negrinha de antes de vinte anos, na flor da idade, tudo e mais um pouco pra movimentar sua vida naquela vila da Parnaíba em 1811. Cunhandita agora era meter a cara na porta e lá estava o filho de finado Domingos Dias da Silva passando a cavalo e tudo o mais.

Cunhandita no início quis se fazer de difícil naquele mundo onde estava desamparada e onde um negro nunca iria ter direito nem muito menos ser acreditado. Sentiu que Raimundo Dias da Silva queria alguma coisa, mas pensasse o que pensasse, ela era moça de casa de família. Vai que o doutor José Cândido fica sabendo? Era coisa de sair com uma mão na frente e outra atrás e tendo certeza de um grande castigo. Mas não houve quem fizesse Raimundo arredar o pé. Era de dia e de madrugada esquentando os fundos das calças numa sela do cavalo e assobiando, em teme de acordar o doutor.

Passados uns meses Raimundo e Cunhandita estavam se deitando. E mais um pouco, um belo dia de tarde a patroa desconfiou que a negra estava era prenhe! Não bateu e nem tirou pedaço, mas deu uma prensa bem dada. Cunhandita não queria dizer o nome do autor do mal feito. Foi o custo da mulher do médico ameaçar contar a situação ao marido. Coisa de no mínimo uma dúzia de bolo de palmatória bem dada. Aí a negra caiu das carnes, chorou, pediu clemência, lembrou a vida miserável e a morte dos irmãos, coisa e tal. Disse nome e sobrenome, Raimundo Dias da Silva, irmão de capitão Simplício Dias. A casa de José Cândido de Deus e Silva e as próximas da igreja quase vieram abaixo.

Doutor José Cândido foi informado uns quinze dias depois do ocorrido e numa noite entre uma conversa com Simplício Dias e o irmão sobre a ocorrência de incêndios nos armazéns de charque que tiveram como suspeitos uns negros fugidos pra Araioses no Maranhão, pediu que o irmão Raimundo Dias da Silva reparasse o erro de fazer mal à negra cozinheira de sua casa. As conversas já haviam deixado as camarinhas pra ganhar a gente mais elegante na praça da matriz, nos pontos de comércio e até nas repartições do governo da vila da Parnaíba. 

Simplício chamou o irmão Raimundo e mandou que desse jeito naquele embrulho em que havia se metido. Falou pras paredes! Que negra? Fazia empenho de se deitar com diabo de negra? Queria que se casasse abugigado? Era de dar ocupação de seu tempo com negra fedendo a azeite? Mas se o irmão Simplício Dias fazia mesmo questão de criar justiça com pouca coisa, que arranjasse ele mesmo um casamento pra Cunhandita com algum negro de suas terras nos Morros de Mariana, Tatus, lugar bem longe! Era a saída.

Do dia pra noite Cunhandita deixou a casa de doutor José Cândido e foi embora pra sua terra. Levou umas mudas de roupas e algumas moedas de tostões que recebeu do patrão e da mulher pra nunca, mas nunca mais por os pés na vila da Parnaíba. Quando tomou assento na canoa naquele início de tarde no porto Salgado pra ir embora de uma vez da casa do patrão, Cunhandita estava com a barriga já tomando vulto e junto de negro Afonso, seu camarada. Quando caiu a noite a vila da Parnaíba pode dormir sem medo de escândalo, mas Raimundo Dias da Silva iria continuar andando a cavalo, feito quem vira bicho e assobiando embaixo das janelas alheias.   

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

GINÁSIO PARNAIBANO

Fonte: Google


GINÁSIO  PARNAIBANO

Alcenor Candeira Filho

     O Ginásio Parnaibano foi fundado e instalado no prédio da av. Presidente Vargas em 11.06.1927 por um grupo de professores, empresários e políticos, dentre os quais José Narciso da Rocha Filho, José Pires de Lima Rebelo, Luís Galhanoni, Monsenhor Roberto Lopes, Antônio Godofredo de Miranda, Mirocles de Campos Veras, Constantino Correia.

     Numa das dependências do ginásio funcionava a Escola Normal de Parnaíba, também estadualizada em 1959, passando a ter sede própria no Bairro Nova Parnaíba e a ostentar o nome de Escola Normal Francisco Correia.

     Segundo a Wikipédia, o educandário “teve por objetivo inicial oferecer à juventude parnaibana, principalmente a masculina, o ensino secundário preparatório para cursos superiores” , oferecendo as seguintes disciplinas: Português, Matemática, Latim, Inglês, Francês, Geografia, História da Civilização e do Brasil, Ciências e História Natural, Cosmografia, Filosofia, Química, Física , Música e Trabalhos Manuais.

     Quando ingressei no colégio em 1959 somente Filosofia e Cosmografia não constavam mais da grade curricular. No ano seguinte saiu o Latim. No curso científico foi criada a cadeira de Literatura Brasileira e como matérias facultativas Educação Moral e Cívica (depois OSPB-Organização Social e Política do Brasil) e Religião.
    
     Referindo-se ao  período em que estudou no Ginásio Parnaibano, a partir de 1928,  Renato Castelo Branco lembra no livro de memórias “Tomei um Ita no Norte” que desse estabelecimento de ensino, onde pontificaram os professores Edson da Paz Cunha, José Pires de Lima Rebelo, João Batista Campos, Euclides de Miranda, Alfredo Amstein,  José de Sousa Brandão, João Orlando de Moraes Correia e outros,  -  “saíram o Ministro de Estado João Paulo dos Reis Velloso ,  os Governadores  Chagas Rodrigues e Alberto Silva,  o Vice-Governador do Rio Grande do Norte e Prefeito de Natal, Almirante Tertius César de Lima Rebelo...” A lista é grande e abrange escritores, médicos, engenheiros, advogados, militares, economistas, embaixadores e políticos que se destacaram no cenário nacional.

     O Ginásio Parnaibano foi transformado em escola pública estadual em 1959, no primeiro ano do governo Chagas Rodrigues, com o nome de Colégio Estadual Lima Rebelo.

     Fiz todo o curso ginasial e científico nesse colégio, entre 1959 e 1965, tendo sido aluno de José Rodrigues de Melo e Silva, Edmée Rego Pires de Castro, Augusto Bauer, José de Lima Couto, Maria da Penha Fonte e Silva, Maria Celeste de Jesus, Santinha, Francisco Pessoa (Baiano), Clóvis Ximenes, Plautila Lopes, José Nelson de Carvalho , Ozias Furtado, Francisca Basto, Leônidas de Castro Melo Sobrinho,  José Caldas Passos, Eduardo Lopes e Alexandre Alves de Oliveira.

     Alguns colegas de ginásio: Roberto Broder, Paulo de Tarso Mendes de Sousa, Vítor de Athayde Couto,, Evandro Correia, Eusébio Costa Athayde, Antônio José de Castro Sousa (Beré), José Carlos de Carvalho Veiga, Alberto Teixeira, Francisco das Chagas (Chaguinha), Paulo Meneses, José Maria Cruz, Mário Pirs Santana, Clóvis Leite;  de curso científico: Nícia Trindade, Gilda Ribeiro, José Mendes Mourão Filho, Florêncio, Francisco Zeidan, Maria Lúcia Cunha.

     Nas festividades do Dia 7 de Setembro as principais escolas da cidade (Colégio Estadual Lima Rebelo, Instituto São Luís Gonzaga,  Colégio Nossa Senhora das Graças e Escola Técnica União Caixeiral) vestiam  a roupa de gala e caprichavam no desfile ao longo da av. Presidente Vargas. Havia entre os estudantes grande rivalidade. Quem se apresentou melhor? Qual a melhor bateria?

     O Colégio Estadual adotava duas fardas: a do dia a dia com calça e túnica cáqui e a de gala com calça e túnica brancas.

     Quase todas as pessoas  citadas neste trabalho  -  professores e alunos  -  figuraram nos quadros de conclusão de curso artisticamente trabalhados pelo Sr. Barreto e que ficavam expostos em paredes de salas e corredores. Na época da mudança do Colégio Estadual Lima Rebelo para a sede atual, esse precioso acervo histórico  -  memória viva e verdadeira do estabelecimento  -  desapareceu misteriosamente. Não sei se o Instituto São Luís Gonzaga, atual Colégio Diocesano, e o Colégio Nossa Senhora das Graças ainda conservam seus velhos quadros de formatura.

     Cabe aqui uma palavra de reconhecimento ao presidente da Federação do Comércio do Estado do Piauí, dr, Valdeci Cavalcante, que ao restaurar o majestoso prédio da Escola Técnica União Caixeiral, nele implantando o Centro Cultural João Paulo dos Reis Velloso, teve a sensibilidade de recuperar os quadros de formatura, mantendo-os em paredes do estabelecimento. Pode parecer pouco, mas para mim representa muito: graças à preservação desse acervo, revejo de quando em vez o quadro da turma de  1954 de que meu pai fez parte e me envaideço ao me ver, entre os professores homenageados, em quadros do  período  de 1972  a 1976.

     Em fins dos anos 60, o Colégio Estadual Lima Rebelo ganhou nova sede na av. Cel.Lucas Correia, passando o prédio da av. Presidente Vargas a abrigar o Grupo Escolar Miranda Osório.

     Nos anos 90 o governador Mão Santa instalou no velho prédio a Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

     Depois de alguns anos de abandono, o majestoso prédio foi restaurado pelo SESC-PI e a partir de 14.08.2019  tornou-se sede da Escola Militar Jair Bolsonaro .

     A opção pela denominação tem sido criticada em redes sociais. Muitos acham que a honraria deveria recair em Miranda Osório (José Francisco de Miranda Osório), militar ,  político  e  um dos heróis das  lutas pela independência do Brasil no Piauí, com destemida atuação em vários movimentos libertários, destacando-se o de outubro de 1822 em Parnaíba, o da Batalha do Jenipapo em Campo Maior e o da Balaiada. Ainda que Miranda Osório não fosse mais merecedor da homenagem que o  presidente da República, o que só é admissível para efeito de argumento, seria no mínimo menos polêmico.   

domingo, 25 de agosto de 2019

Livro

Fonte: Google


LIVRO

Weliton Carvalho

                  a Anthony Leahyr

          Folhas que o outono guarda
          para as solidões dos invernos:

lareira que aquece os calafrios mais sombrios,
          confessor de pecado e santidade,

           onde as palavras se reconhecem plenas
           de amor, beleza e angústia, que tudo nele
                       se (re)inventa mistério

             e nada se decifra por completo,
                 porque tudo prenhe de vida
       – fina sinfonia que rege todo universo:

                  o mundo não basta em si,
                     é preciso reinventá-lo.
          (o mundo, simplesmente, transborda)

          Não seria o livro um modo de negar a morte?

Por agora e ainda converso com Shakespeare e Cervantes
   e os apresento aos meus filhos, que se encantam tanto.
   
Gutenberg inventou a máquina de sonhar em vigília
   e recolheu as folhas do outono para a primavera –
   quando no verão o livro plana à flor do vento lilás,

        porque o livro guarda o mundo em colorido,
           que os homens perdem a cada instante.   

sábado, 24 de agosto de 2019

Barão de Campo Maior: uma vida e muitas lutas *

Foto antiga de Campo Maior. Fonte: blogue Bitorocara/Google


Barão de Campo Maior: uma vida e muitas lutas *

Reginaldo Miranda
Da Academia Piauiense de Letras

Em 25 de março de 1839, no sítio Alagoa da Mata, então situado no Município de Campo Maior, depois de José de Freitas, nascia Augusto da Cunha Castelo Branco, futuro Barão de Campo Maior. Era o primogênito de uma série de oito filhos do comendador Francisco da Cunha Castelo Branco, abastado fazendeiro e líder do Partido Conservador, agraciado com a ordem de Cristo, e de D. Raimunda Joaquina da Conceição Castelo Branco, todos oriundos de velhas estirpes do centro-norte do Piauí.

Estudou as primeiras letras na casa paterna, com mestres convidados, conforme o costume da época, prosseguindo depois em São Luís do Maranhão, onde cursou preparatórios. Com vocação para a carreira jurídica, seguiu para Recife, a fim de matricular-se na Faculdade de Direito em busca do bacharelato. Porém, não pôde prosseguir nos estudos porque mal completara dezenove anos de idade, recebeu a infausta notícia da morte do genitor. E, na qualidade de primogênito, teve de retornar à casa paterna, a fim de consolar a desventurada mãe, ajudá-la no encaminhamento dos sete irmãos menores e assumir a administração dos bens deixados pelo genitor. Então, a obrigação falou mais alto, tornando insustentável qualquer possibilidade de permanecer no Recife.

Em 1858, está de volta à fazenda, onde, sem perda de tempo, para compensar as dores e frustrações advindas do infausto acontecimento lança-se de corpo e alma ao trabalho. De espírito empreendedor e inteligência invulgar, não demora a aumentar o rebanho e ampliar as fazendas, construindo considerável fortuna (Pacotilha, 12.9.1883; Diário do Maranhão, 13.9.1883, 10.6.1887 e 9.1.1889).

Também, ingressa na Guarda Nacional, adquirindo a patente de capitão, depois passando a tenente-coronel e, por fim, coronel.

De família tradicionalmente política, desde cedo seguiu os passos do saudoso pai filiando-se nas fileiras do Partido Conservador, a fim de continuar seu trabalho na região. E para defender sua agremiação política não media esforços, empregando os recursos necessários.

Por essa legenda, foi eleito deputado provincial para as legislaturas iniciadas em 1862 e 1872, noutras tantas apoiando parentes e correligionários.

Segundo Relatório da Repartição dos Negócios do Império (1832 -1888), o então tenente-coronel Augusto da Cunha Castelo Branco, ofereceu ao governo imperial uma casa de sua propriedade, na Praça Saraiva, capital da província, para ali estabelecer-se um pequeno seminário ou instituto de humanidades, destinado a alunos internos e externos para estudarem os preparatórios, ainda que não desejassem seguir a vida eclesiástica; ou então, em segunda hipótese, caso não se fundasse o seminário,  poderia ser estabelecido o Liceu Provincial, que ainda não tinha edifício próprio. Foi então a dita casa colocada à disposição do governo da província, a fim de dar-lhe o destino conveniente, tendo em vista que o oferecimento fora feito no sentido de auxiliar a instrução secundária.

Em 16 de janeiro de 1875, foi agraciado com o título nobiliárquico de Barão de Campo Maior, tendo em vista os relevantes serviços prestados à instrução pública.

Por esse tempo, Augusto da Cunha Castelo Branco tinha grandes plantações de cana e algodão, cujos preços desse último gênero caíram bastante. Por essa razão, inicia plantações de café, sendo pioneiro dessa lavoura no Piauí. Segundo o noticiário da época, “a par de sua lavoura de cana, cultiva 6.000 pés de café, com pretensão de duplicá-los anualmente” (Diário do Rio de Janeiro, 16.10.1875).

Na mesma época, no plano político foi indicado para o cargo de 3.º vice-presidente da província, assumindo de fato a presidência no período de 21 de novembro de 1877 a 9 de janeiro de 1878, por pouco mais de um mês e meio.

Esse curto período em que governou o Piauí coincidiu com a terrível seca de 1877, em que morreram as pastagens e seu imenso rebanho foi dizimado. Por outro lado, a cisão do Partido e as constantes despesas para manter o seu grupo político agravaram a sua situação financeira, levando-o a enfrentar dificuldades para manter a família numerosa, constituída aparentemente por 23 filhos.

Sobre esse assunto assim esclarece Monsenhor Chaves:

“Depois da seca de 1877, o Partido Conservador cindiu-se em dois. De um lado ficaram figuras exponenciais, como Coelho Rodrigues, Simplício de Sousa Mendes, Odorico de Sousa e outros, defendendo intransigentemente a ortodoxia partidária, sem abertura para as liberalidades que se faziam sentir em seu seio. Do outro lado ficaram o cônego Tomás de Morais Rego, o coronel Augusto da Cunha e outros, que aceitavam as ‘ligas’ e certo modus vivendi com os liberais. No Piauí a luta entre os dois grupos, os Padeiros e os Batinas, foi feroz e sem quartel. O Barão de Campo Maior jogou-se inteiramente nela e como era o que possuía mais fortuna foi o que arcou com a responsabilidade financeira do entrevero, acabando por arruinar-se completamente” (CHAVES, Mons. Joaquim. Obras Completas. Teresina: FMCC, 2013. P. 532).

Então, abandonou a política partidária e retornou com garra e determinação à administração de seus negócios particulares. Entregando a fazenda Lagoa da Mata ao filho Rodrigo, estabeleceu-se na fazenda Boqueirão, no município de Livramento, hoje José de Freitas, onde à frente de escravos, iniciou o árduo trabalho de plantar pastagens e legumes, assim como recuperar o rebanho. Todavia, com a abolição da escravatura e consequente perda de seus escravos, novo baque veio abater-lhe as forças, inviabilizando essa iniciativa.

Porém, era um espírito inquebrantável nunca se curvando às adversidades. Buscando implementar nova iniciativa, contrata alguns empregados e interna-se em matas do Maranhão, em busca de seringais para explorar a borracha, então muito valorizada. Embora tenha conseguido algum êxito inicial, paralisa as atividades por falta de capital, sem resultado prático. Sobre esse assunto, assim noticiou o jornalDiário do Maranhão:



“Exploração – No dia 15 passou nesta cidade o Sr. Barão de Campo Maior, acompanhado de 26 homens com destino a Pinheiro, onde vão explorar os seringais. Também têm seguido muitas pessoas d’esta cidade como mesmo fim” (Diário do Maranhão, 27.12.1887).



A essa altura da existência, com a fortuna arruinada, mas a responsabilidade com numerosa família, inclusive 10 filhas inuptas, o Barão de Campo Maior não tinha tempo para esmorecer nem para lamentar. É quando seu parente Fileto Pires Ferreira, assume o governo do Amazonas em 23 de julho de 1896. Escreve-lhe o barão, contando sua situação e dizendo que não queria emprego público, apenas uma oportunidade de trabalho. Assim entendido e sem perda de tempo viaja para Manaus, onde monta uma pequena indústria cerâmica às margens do rio Negro. Porém, o afastamento de seu parente do governo em agosto de 1898, coincidiu com um surto de impaludismo e beribéri que o atacou, tirando-lhe, assim, qualquer perspectiva de ali continuar, razão pela qual abandonou a pequena empresa com as poucas economias aplicadas.

De regresso para casa, onde desejava tratar seus males em meio aos familiares, desembarca em São Luís do Maranhão já muito doente. Encaminhado para uma enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, vem a óbito em 28 de novembro de 1898. Segundo Monsenhor Chaves, seu óbito deu-se “sem a presença de um parente, de um amigo, sequer um conhecido que lhe assistisse os últimos instantes. Foi inhumado como um desconhecido no cemitério público da capital maranhense”, no entanto “por sua movimentação política a serviço da comunidade, por sua tenacidade no trabalho e por sua grandeza moral no infortúnio, merece a nossa consideração”(CHAVES, op. cit. P. 533).

Apesar dessa informação do notável historiador que nos antecedeu, as notícias da imprensa maranhense contrariam esses fatos, de que tenha morrido como um desconhecido e sem a presença de amigos. Augusto da Cunha Castelo Branco, Barão de Campo Maior era uma figura muito conhecida na capital maranhense, onde estudara na mocidade e, posteriormente, estivera por inúmeras vezes, no trato de seus negócios. Ali vendera muitas boiadas e gêneros alimentícios aos grandes comerciantes do lugar, onde mantivera boas relações comerciais. São inúmeras as notas de sua presença ali veiculadas nas colunas sociais da imprensa local. Assim, mesmo nesse momento de infortúnio jamais passaria por um desconhecido. De fato, assim noticiou o jornal Diário do Maranhão:



“Nesta capital faleceu o Barão de Campo Maior (Augusto da Cunha Castelo Branco), natural do Piauhy, onde foi fazendeiro.

‘Havia chegado ultimamente do norte, por estar com a sua saúde alterada.

‘Será agora à tarde o enterro sahindo da caza à rua do Trapiche, onde estava hospedado.

‘Foi encarregado dos funeraes a caza de armador C. Banco” (Diário do Maranhão, 28.11.1898)



No jornal Pacotilha, consta o seguinte anúncio divulgado por seu filho primogênito:



“Missa -  Barão de Campo Maior – Rodrigo da Cunha C. Branco, manda no dia 5 do corrente, sufragar na Igreja do Carmo a alma do seu pae e amigo Barão de Campo Maior, falecido n’esta capital no dia 28 do mez findo, e para esse acto solemne convida os seus conterrâneos” (Pacotilha, 3.12.98).



Portanto, essas notas deixam evidente que seu óbito e velório foram noticiados na imprensa maranhense, por um jornal vespertino; que seus funerais foram feitos por amigos; que, assim, não fora sepultado como desconhecido; e, por fim, que seu filho esteve em São Luís, ao menos para e missa de sétimo-dia e, certamente, para tratar de despesas advindas do tratamento e funerais.

Na vida familiar, cumpre esclarecer que Augusto da Cunha Castelo Branco, contraiu matrimônio em 1861, com Maria do Nascimento Elvas Castelo Branco, falecida em 15 de outubro de 1872, filha do comerciante e coronel do 1º Batalhão da Guarda Nacional de Teresina, José Rodrigues Elvas, presidente da Câmara Municipal de Teresina(1869) e chefe local do Partido Conservador e de sua esposa Teodora Elvas. Deste consórcio teve diversos filhos, entre os quais:

1.  Tte-Cel Rodrigo da Cunha Castelo Branco, nascido em 1862, residente na fazenda Alagoa da Mata, do Município de Teresina, casou-se civilmente em 10 de julho de 1900, com Ignez de Castro Cavalcante, nascida em 1870, no Estado do Ceará, filha de Reinaldo Bezerra Lima e Ana Maria Cavalcante de Albuquerque; foram filhas deste casal: 1.1) Dalila Castelo Branco (n. 1889); 1.2) Elody Castelo Branco (n. 1890, residente no lugar Boca da Mata, de Teresina, em 14.1.1926, casou-se com Antônio Pereira da Silva, cearense, lavrador, de 34 anos de idade, filho de José Pereira da Silva e Maria Pereira da Silva); 1.3) Ester Castelo Branco (n. 1891); 1.4) Denista Castelo Branco(n.1892); 1.5)Iracema Castelo Branco (n. 1895); 1.6) Olinda Castelo Brando (n. 21.10.1897 ); 1.7)  Guiomar Castelo Branco (n. 1898 – 7.12.1963); 1.8)Samuel Castelo Branco (n. 1899); 1.9) Augusto Castelo Branco (n. 1900); 1.10) Diva Cavalcante Castelo Branco (n. 16.3. 1903); 1.11) Ignez Castelo Branco (nascida em 1904, foi casada em 19.2.1925, com João de Deus Parentes Fortes, filho de Luiz Meneses Fortes e Leonídia Parentes Fortes, residentes em Teresina); e, 1.12) Maria Diva Castelo Branco (n. 27.9.1907), todas nascidas na referida fazenda Alagoa da Mata;

2. Raymundo da Cunha Castelo Branco;

3. Narcisa da Cunha Castelo Branco, nascida em 1870, falecida vítima de tuberculose pulmonar no lugar Alagoa da Mata, onde residia, da freguesia de Nossa Senhora do Amparo, termo de Teresina, em 2 de fevereiro de 1905, solteira, com 35 anos de idade;

4. Antônia Leonor do Nascimento Elvas, falecida juntamente com a mãe no mesmo dia do nascimento, em 15 de outubro de 1872.

Com a morte desta, casou-se com mais duas irmãs, sendo a segunda vez em 1873, com Antônia Elvas Castelo Branco, falecida em 11 do mês de fevereiro de 1877, com apenas 26 anos de idade, em Campo Maior. Deste consórcio nasceram três filhos, ficando inclusive um recém-nascido:

5. Maria Augusta Castelo Branco, nascida em 1874, residente no sítio Alagoa da Mata, do termo de Teresina, onde faleceu vítima de impaludismo crônico, em 11.2.1901, no estado de solteira;

6. Lucilla da Cunha Castelo Branco, nascida em 1875, falecida no lugar Alagoa da Mata, onde residia, da freguesia de Nossa Senhora do Amparo, termo de Teresina, em 10 de maio de 1900, solteira, com 25 anos de idade (Diário do Maranhão, 1.3.1877);

7. Maria Amélia Castelo Branco, nascida em 1875, residente na fazenda Boqueirão, de José de Freitas, casou-se em 15 de novembro de 1905, com o primo Alfredo da Cunha Elvas, filho de Manoel Pereira do Nascimento Elvas e Olímpia da Cunha Araripe;

8. Capitão Antônio João Castelo Branco, nascido em 1876, no termo de Teresina; em 9 de maio de 1906, na cidade de Campo Maior, casou-se com sua parenta Benedita Teixeira Lobo (depois do matrimônio, Benedita Lobo Castelo Branco), nascida em 1898, residente no lugar Sete Buritis, do termo de Campo Maior, filha do capitão Jacob Canuto Lobo e de dona Henriqueta Teixeira Lobo; filho, entre outros: 8.1) Augusto Castelo Branco (Campo Maior: 1910 – 28.1.1994), mecânico e servidor público  estadual, fora casado com Antonina Lima Castelo Branco, residente em Campo Maior, filha de Vicente Lima Ibiapina e de Raimunda  de Melo Lima, de cujo consórcio deixou oito filhos, entre os quais: 8.1.1) Carlos Augusto Castelo Branco, encanador, nascido em 24.8.1946, residente em Campo Maior, casado na cidade de Barras, em 27.1.1968, com Maria da Conceição Castelo Branco, filha de João Cardoso de Macedo e Raimunda Ribeiro Cardoso; filha (entre outros): 8.1.1.1) Antonina Lima Castelo Branco Neta, nascida em 28.5.1969, casada em 22.10.1988, na cidade de Campo Maior, com Raimundo Nonato de Araújo Abreu, filho de Humberto Pereira de Abreu e Francisca de Araújo Abreu; 8.1.2)  Renato Lima Castelo Branco, nascido em 17.10.1947, na cidade de Campo Maior; 8.1.3) Francisco Antônio Castelo Branco, nascido em 6.7.1949, na cidade de Campo Maior, motorista, casou-se em 25.12.1973, na cidade de Capitão de Campos, com Maria das Graças Pereira, natural de Campo Maior; 8.1.4) Maria das Graças Castelo  Branco, professora, nascida em  20.2.1951, na cidade de Campo Maior, onde casou-se em 22.7.1972, com Raimundo Nonato Rodrigues de Sousa, servidor público federal, natural da cidade de Pedro II(PI); 8.1.5) José Antônio Castelo Branco, nascido em 10.2.1953, foi casado em 31.7.1978, com Maria Magnólia Rocha Lima, de quem divorciou-se em 2003; 8.1.5)  Carlos  Augusto Castelo Branco, servidor  público autárquico, residente em Campo Maior, casado com Maria da Conceição Castelo Branco, filha de João Cardoso Macedo e Raimunda Ribeiro Cardoso; filho(entre outros): 8.1.5.1) Antonina Lima Castelo Branco, nascida em 28.5.1969, na  Maternidade Sigefredo Pacheco, cidade de Campo Maior; 8.1.5.2) Augusto Castelo Branco Neto, nascido em 12.3.1970, na  Maternidade Sigefredo Pacheco, cidade de Campo Maior; 8.1.6) Evaldo Lima Castelo Branco, nascido em 1.2.1954; 8.1.7. Leonel Lima Castelo Branco, comerciário, nascido em 18.10.1962, na cidade de Campo Maior, casado em 4.7.1986, na cidade de Capitão de Campos, com Maria do Desterro Oliveira dos Santos, nascida em Campo Maior, filha de Jorge Lopes dos Santos e Luiza Oliveira da Silva; 8.2) João Canuto Castelo Branco, ferreiro, residente em Teresina, à Rua 16 de Novembro, 980,  casado em São Pedro do Piauí, com Esmerinda Lima Castelo Branco; filha: 8.2.1) Maria das Graças Castelo Branco Lima, nascida em 9.8.1950, no povoado Morrinhos, do termo de Teresina, hoje cidade de Demerval Lobão.   

Pela terceira vez, em 1877, Augusto da Cunha Castelo Branco casou-se com Francisca Elvas Castelo Branco, irmã das precedentes, falecida em 1894. Entre os filhos do casal, conta:

9. Aristolgiton da Cunha Castelo Branco, residente em Teresina, foi casado com Maria José Castelo Branco (n. 22.4.1916), foram pais de Maria Castelo Branco Leitão, que casou-se em 9 de janeiro de 1941, com o primo Antônio das Chagas Leitão;

10. Luzia Cunha Castelo Branco da Silva (aparece também no registro de alguns netos, Luzia Soares Castelo Branco), nascida em 1888, residente no lugar Santa Úrsula, do termo de Teresina, onde casou-se em 27.9.1918, com Ovídio Soares da Silva, de 44 anos de idade, piauiense, lavrador, filho de José Vicente Soares da Silva e Manoela Soares da Silva, ambos residentes no mesmo lugar; o matrimônio foi celebrado pelo parente Fenelon Castelo Branco, juiz de casamentos de Teresina; filho (entre outros): 10.1) Augusto Soares Castelo Branco (Altos, 26.11.1911 – Campo Maior,  22.12.1966), comerciante, residente em Teresina, na Rua Anísio de Abreu, 1053 e depois no lugar São Francisco, do termo de  Campo Maior, casado em 8.5.1954 com Maria de Lourdes  Costa Castelo Branco, filha  de Vidal Ferreira  da Costa e Francisca Gomes da Costa;  filhos desse casal: 10.1.1) Vera  Lúcia da Costa Castelo Branco, nascida em  29.7.1955, na cidade de Teresina; em 31.3.1973, na cidade de Campo Maior, casou-se com Alan Leôncio Rio Lima, natural de Fortaleza; 10.1.2) Luzia Herlene da Costa Castelo Branco, nascida em 15.7.1957, na cidade de Campo Maior; 10.1.3) Gilberto Vidal Castelo Branco, nascido em 5.7.1958, em Campo Maior; 10.1.4) Maria da Conceição da Costa Castelo Branco, nascida em 21.9.1959; 10.1.5) Augusto Castelo Branco Filho, nascido em 6.9.1960, na cidade de Campo Maior; 10.1.6) Maria  Cristina da Costa Castelo Branco, nascida em 3.1.1962, na cidade de Campo Maior; 10.1.7) Wanderlita da Costa Castelo Branco, nascida em 13.3.1963, na cidade de Campo Maior; 10.1.8) Elizabeth Costa Castelo Branco, nascida em 10.7.1964, na cidade de Campo Maior; 10.1.9) Ferdinand da Costa Castelo Branco, nascido em 22.7.1965, na cidade de Campo Maior; em 26.12.1985, na cidade de Teresina, casou-se com Auricélia Gomes Sousa, filha de Francisco Silva e Sousa e Aneci Gomes Sousa, residentes  em Parnarama(MA); 10.1.10) Carlos Henrique da Costa Castelo Branco, nascido em 31.7.1966, na cidade de Campo Maior, onde casou-se a 6.11.1987, com Maria Valdirene Rodrigues, natural de Picos(PI) (Antes do matrimônio, Augusto Soares Castelo Branco, teve uma filha natural por ele reconhecida, com Rosa Ferreira de Sousa, por nome Zilmar Ferreira de Sousa, nascida em 23.12.1946, na cidade de Teresina); 10.2. Maria Augusta Saraiva Castelo Branco Soares, nascida em 1.3.1910, na cidade de Altos, residente em Teresina, conjunto Primavera I, onde faleceu com cem anos de idade, em 29.11.2010, foi casada em 4.2.1942, com Areolino de Abreu Saraiva, servidor público, filho de José Antônio Saraiva e Maria Amália de Abreu Saraiva; sendo a causa mortisinsuficiência cardíaca senilidade, e o óbito declarado pela neta Rosângela Amália Saraiva Riotinto; filha (entre outros): 10.2.1. Maria de Fátima Castelo Branco Saraiva, nascida em 21.10.1953, na cidade de Teresina.

11. Maria Castelo Branco, nascida em 3.6.1888, no lugar Boqueirão, do termo de José de Freitas, depois passando a residir naquela cidade, onde faleceu em 30.6.1967, inválida, solteira, com 79 anos deidade;

12. Argemira da Cunha Castelo Branco, residente no lugar Coroatá, do Município de Teresina;

13. Benedita da Cunha Castelo Branco (nome de casada: Benedita Castelo Branco Leitão), nascida em 10 de dezembro de 1884, no sítio Boqueirão, onde casou-se em 3 de julho de 1908, com Manoel das Chagas Leitão, nascido em 20 de abril de 1877, no Estado do Ceará, residente no lugar Triunfo, do Município de José de Freitas, filho de Francisco das Chagas Leitão e Ana Rodrigues Soares, falecendo ele em 8 de julho de 1942 e ela em 3 de novembro de 1958, vítima de hipertensão arterial; foi filho desse casal, Antônio das Chagas Leitão (n. 8.6.1908), que casou-se com a prima Maria Castelo Branco Leitão;

14. Antônia Castelo Branco, nascida em 1884, residente na cidade de José de Freitas, à Rua Barão do Rio Branco, onde faleceu em 20 de julho de 1970, com 86 anos de idade, solteira, inválida;



No ano seguinte ao óbito da terceira esposa, Augusto da Cunha Castelo Branco contraiu quartas núpcias com Filomena Sampaio, falecida em 1897, sem genealogia.

Com essas notas registramos os traços biográficos de Augusto da Cunha Castelo Branco, Barão de Campo Maior, um trabalhador infatigável, político intemerato e benfeitor de nossa sociedade. Ao longo da vida, conheceu grandezas e misérias, transitando pelo poder, a riqueza e a pobreza, porém, deixando um nome honrado e grande descendência* em nossa terra. Merece nossa homenagem e nossa consideração.

  
________________



* No presente texto demos preferência à descendência pesquisada em fonte primária, julgando relevante a publicação desses dados dada à falta de informações sobre os mesmos nos livros de genealogia da família Castelo Branco. No entanto, existem alguns outros descendentes elencados no livro A mística do parentesco – uma genealogia inacabada. Os Castello Branco e seus entrelaçamentos familiares no Piauí e no Maranhão, 3ª Edição Revisada e Ampliada, de Edgardo Pires Ferreira (São Paulo – SP, ABC Editorial, 2013). Esses dados genealógicos devem ser lidos em sintonia com aqueles.

_____________________

REGINALDO MIRANDA, autor de diversos livros e artigos, é membro efetivo da Academia Piauiense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí e do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-PI. Atual presidente da Associação de Advogados Previdenciaristas do Piauí. Contato: reginaldomiranda2005@ig.com.br