terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Um país chamado Brasil


Cunha e Silva Filho

               Abro a  Folha de São Paulo que eu  mesmo,  me deslocando de casa, fui comprar na banca em frente  do Shopping da Tijuca. O jornaleiro, calado,  me entregou  o  exemplar do jornal, me dando  um troco. Saí da banca neste domingo  bem  próximo do Natal. Na ida e  na volta,   alguns  pensamentos  íntimos, portanto,  inconfessáveis.. Pensei na vida e ao mesmo tempo  me lembrei logo  há quanto  tempo  passou a bater  o meu coração. Senti cansaço,  de mistura com um  pouco de tédio e amargura. Se fosse um  poeta  romântico, talvez  me  assaltasse o sentimento   do  spleen... 

               Os anos passam. As pessoas que encontrei  no caminho de ida e de volta  pra comprar o jornal quiçá jamais verei de novo. Sinto-me um solitário habitante de uma   ilha  cercada de humanos, ou dos  “esqueletos humanos”  borgianos, por todos os lados. “Oh, humanidade”, como  gosto de  repetir  esta  frase que já se me tornou quase um bordão,    apanhada em Melville! Não vou dizer o título da obra   do  autor  norte-americano que li  no tempo de universitário  porque não quero dar  mole (brincadeira  minha)  aos pesquisadores  caçadores  de frases  de escritores  famosos a serem  usadas em epígrafes  de seus  ensaios, poesia  ou  ficção. Quero que se deem ao trabalho    insano  de fazer como eu fiz com  respeito a uma epígrafe de Shakespeare que ninguém  soube me informar (nem uma  doutora em literatura inglesa  de uma grande  universidade conseguiu localizar os versos que aparecem como epígrafe  em Da Costa e Silva,1885-1950, no livro Verônica, de  1927.

             Foi uma luta  homérica encontrá-la. Quase que me dera vontade  de ler toda a obra do bardo inglês  (Não a li ainda  por inteiro, confesso  meu desleixo imperdoável) de Straford-upon-Avon, cuja data  natalícia, por sinal -   li no Globo do dia  14 passado, - , vai   ser comemorada em  2014. Serão   homenagens justíssimas as que lhe  serão   rendidas pelos   450 anos do nascimento do velho   conhecedor da alma  humana. A reportagem  tem um título que lhe resume a importância  de  escritor universal : “Moderno aos  450 anos depois”.  Mas,  mudemos de assunto, que isso é apenas uma  digressão   à Machado de Assis (1839-1908), ou quem, sabe,  à Sterne(1713-1768).

Um  cidadão brasileiro  não pode  ficar  alheio  aos  erros e desacertos   cometidos  por governos, sobretudo  pelo que aí está. Até agora,  não  consigo  compreender  por que , no exterior ,   há tanta gente  louvando  o lulismo e ainda   afirmando  que  o governo do  Sr. Lula é de esquerda. Que diabo de esquerda é  esta  que não  com sigo  vislumbrar  até usando  de uma lupa? Esquerda que  privatiza,   que  mantém  um Congresso  cheio de maracutaias?  Gostaria de  que  esses       sociólogos,   filósofos e  cientistas  políticos  estrangeiros, bem  postos  em  universidades, sobretudo do Velho Mundo,  viessem  acompanhar  o dia-a-dia  do brasileiro   a fim de que  tomassem   conhecimento  nas fontes originais   dos  grandes  males   que  ainda atolam   o país em  lamaçais  de  vária natureza  semântica. É certo que  alguns passos  no  setor  social  tiveram   ganhos, e mesmo  acho que  os programas sociais tipo  Bolsa-Família  tenham   melhorado   a vida das faixas  mais  humildes da sociedade. Mas, acautele-se para o seguinte: o governo  investe maciçamente em  publicidade e  esta tem efeito inequívoco  sobre espíritos desavisados  ou  ignorantes da massa  da  população.

Entretanto,  um país não se constrói só  de  melhorias  sociais. “Nem só do pão  vive o homem”.  É preciso  que  seja íntegro,  dê exemplo  de probidade  de gerenciamento  público  e  de dignidade   no  trato com  o setor  privado, não  permitindo  que com  este   uma simbiose   de  ilicitudes  coexista.

Não  é  possível que  se mantenha  um Congresso    onde  campeia   o descaso  com  a  população brasileira   que assiste diariamente  a notícias que  nos envergonham  como  nação. O mal  é tão  amplo,  tão profundo  que atinge  praticamente   todos os três poderes, a tal  ponto que  o brasileiro   médio  desacredita em tudo que    se associe aos governos federal, estaduais  e municipais. As eleições estão  às nossas portas e é chegada a hora  de   mudarmos o nosso   comportamento   de eleitores , repensarmos  no bem do   país e  retirarmos   da Câmara Federal e do Senado  os  políticos   de fachada, os maus  políticos,   com perfis de mensaleiros,  que ali estão unicamente   para  tirar vantagens  de um  povo   que não lê,  não  tem visão  política  nem compromisso  com  o seu   próprio    país.

Veja,  por  exemplo,  o que   há poucos dias   ocorreu com a  Assembléia Legislativa  do Rio de Janeiro no tocante  à pauta de aumento   de salários  do governador, dos   deputados. Como se sabe,  são os deputados que determinam  o próprio  aumento de seus   salários e  mordomias  apoiados  em não sei quê  lei  ou  estatuto interno, privilégio  este que deveria  ser  de imediato   extirpado  de todas as  casas  legislativas e em todos  os  níveis de representação   popular). Acontece que,  quando  o governador   tem  seu salário   aumentado, toda a cúpula do governo,  numa reação   em  cadeia,   é também   beneficiada com  aumentos e estes não são migalhas  daquelas que  são dadas para os barnabés, os médicos,  os professores, os funcionários em geral  de   hierarquia  inferior.

O Brasil,  como se pode ver,   pouco mudou em diversos setores.  A modernização aqui trouxe  proveitos, sim, ninguém pode negar. Contudo  manteve e até  acirrou  vícios   políticos nefastos: corrupção em  elevado  grau,  oligarquia,  clientelismo, fisiologismo,    votos   comprados e o  pior de tudo  da vida pública: a impunidade  aos que, no  poder,   cometem  desídias, malversações, peculato.

O país é contraditório  em seus ganhos e perdas. Tem uma  natureza  barroca nas suas formas de vida e de comportamento, e, além disso,  oferece uma  enigma a ser decifrado  pelos    estudiosos e analistas.Nele cabem tantas definições seculares, que vão do  ufanismo ingênuo  do Conde Afonso  Celso,  até  definições de há muito    conhecidas de seu povo  e do seu destino:  “País do  Futuro (de Stefan Zweig), terra do  “homem  cordial, ”  expressão cunhada e só entendida  ao pé da letra  quando  não foi  esta  a  intenção  real  que lhe deu   o historiador e crítico Sérgio Buarque de Holanda. País do samba, país do carnaval,  país   da corrupção, da malandragem  de cima e de baixo,  país macunaímico (em alusão  ao romance modernistaMacunaíma, de Mário de Andrade)  terra dos bruzundangas(em alusão  à obra  de Lima  Barreto Os bruzundangas)  país do futebol e de suas  torcidas  fanáticas  até ao extremo de se tornarem   criminosas. País  exuberante, desde  as suas riquezas naturais até  as curvas sensuais  depreendidas pela arquitetura de Oscar  Niemayer..

Nos contrastes e confrontos,  o Brasil  mantém  ainda um alto  índice de analfabetos  funcionais e um  elevadíssimo  índice de criminalidade, de violência de vária natureza, entre  familiares, entre  estranhos,  protagonizada  em assaltos,  estupros,   excesso de velocidade nas estradas  e nas ruas da cidade motivado  por usos de álcool, drogas e irresponsabilidade  de motoristas.  País em que adolescentes   criminosos  matam  a sangue frio  crianças,   jovens, adultos e idosos e, o que é mais gravoso,  ficam impunes  protegidos que são  pela  lei  da menoridade   penal. De resto,  a impunidade  da  nação brasileira  tem  um  alcance tão tentacular  que   não  pune  os crimes de colarinho branco, sobretudo  de  políticos   estelionatários e vendilhões. Arranjaram um meio de prender   os corruptos  de alto coturno  através  da prisão semi-aberta e de mordomias   mantidas  intramuros  prisionais  quando  os presos  que vêm  da  pobreza  chafurdam em  prisões  que mais   são   campos  de concentração  nazista, Um  ilustre Ministro do Supremo  Tribunal  Federal, estarrecido, confessou  que  nossas  prisões   são  uma vergonha  para  a nação.

Na saúde  estamos longe  de  termos   um tratamento  humano,  pois nos faltam  hospitais,  médicos,   infraestrutura  nos que já existem e,  por isso,  os  hospitais brasileiros, - insista-se – os públicos em geral,    são  uma espécie de  antecâmara da morte  por   falta  de  meios   de tratamento em tempo devido  e em leitos em quantidade  necessárias. Enquanto  isso,  a cúpula do poder em Brasília  tem  jatinhos  da FAB para  atender  a presidente  do Senado e a outros   detentores  de altos cargos federais com  finalidades   fúteis   como  casamentos  de  amigos  correligionários  ou  , como   noticiou a  imprensa  televisiva,  para fazer  implante de cabelo do Renan Calheiros. Ora,  leitor,    o gasto  faraônico com  esses  políticos   é um  escarro  no rosto dos cidadão brasileiro,  sobretudo dos   despossuídos  de  saúde, transporte e educação   de qualidade. Oh, como  gostaria de que que  os brasileiros  atentassem para  essa ciranda  de descalabros  produzidos  pela  República  do Planalto e  se mobilizass em  fraternalmente  para   alijar  de uma vez  por todas toda   essa corja  de  parasitas   do  Erário Público!
que
É por isso que tanto  inveja – saudável  inveja! -  me causa  saber  que em alguns países    tenham nascido figuras   tais como  um Gandhi, um  Lincoln, um Benjamin  Franklin, um Churchill, um Franklin Delano  Roosevelt, um Martin Luther King,  um Mandela e alguns  poucos outros   homens  eminentes  que  têm  uma nobre  missão  a cumprir com o seu  povo  e o bem-estar  das suas  nações.     

domingo, 29 de dezembro de 2013

Seleta Piauiense - R. Petit


O CANÁRIO DE BERTHA

R. Petit (1894 – 1969) Pseudônimo de Raimundo de Araújo Chagas

Júlia tinha um canário, tu bem viste,
mas Bertha tinha um outro extraordinário
que muitas vezes o seu canto ouviste
como se fosse um sonho imaginário.

Júlia tratava os dois de modo vário!
Tanto assim que o de Bertha fez-se triste
porque ela dava alpiste ao seu canário
dando arroz ao de Bertha em vez de alpiste.

Como o canário original de Bertha,
estristeci, vendo na vida incerta
esse grupo de cínicos que existe,

que estende a mão de amigo sendo algoz,
vão criando canários com arroz
e alimentando amigos com alpiste...      

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Missa de São Benedito

Fonseca Neto

Preste atenção nesta história...
Sabina, Severo, Januário, Gaudêncio, Pia e Doroteia: o que têm em comum tais nomes e tais pessoas históricas? Todos santos mártires venerados na tradição cristã-católica. O que mais dizer? Parte de seus corpos, como relíquias, jazem na igreja de São Benedito, no centro velho de Teresina, desde o dia da sagração desse templo pelo bispo de São Luís do Maranhão, 3 de junho de 1886. 
Pois na noite deste sábado, 21 de dezembro, até essas relíquias, de seu silêncio solene – além da colunata real e aparente da bela matriz –, ergueram-se para aplaudir a Orquestra Sinfônica de Teresina e o Madrigal Vox Populi cantando a Missa de São Benedito, composição e regência do maestro Aurélio Melo. Sem dúvida nenhuma, o mais relevante acontecimento musical de Teresina neste ano de 2013. Toda missa do rito latino tem idêntica estrutura textual, e realização litúrgica, há muitos séculos. Aurélio capturou a essência de tudo e compôs uma obra de arte para o Benedito que está em Teresina. 
Kyrie, eleison. “Senhor, tende piedade de nós”. Vozes, violinos, trompas, rogam aos céus piedade aos filhos da atroz escravidão; cantam a redenção sobre o túmulo-mor. dos excluídos de Teresina. Mártir Santa Sabina, aqui presente: cantai, rogai, intercedei. 
Gloria in excelsis Deo. “Glória a Deus nas alturas”. Violas, trompas, clarinetes, glorificam o Deus de múltiplos continentes; enaltecem o Deus dos desesperados que, retirantes e famintos, ergueram este templo face a face com o sol poente teresino, de intensa calidez. Mártir São Severo, presente: intercedei. 
Credo in unum Deum, Patrem omnipotentem. “Creio em Deus, Pai todo poderoso”. Cielos, flautas, solistas, proclamam a fé da negritude no Pai onipotente; na terra dos capatazes, há de ser do Justo o único poder. Mártir São Januário, presente: tocai e cantai junto; intercedei.
Sanctus, Sanctus, Sanctus. Hosanna in excelsis. “Santo, Santo, Santo. Hosana nas alturas”. Baixos, trombones, clarinetes, clamam uma terra e um céu glorificados; fim aos cativeiros ao redor da cidade e do mundo. Mártir São Gaudêncio: intercedei.
Benedictus. Benedictus qui venit in nomine Domini. “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Fagotes, bombos, trompetes, bendizem os que vêm clamar a liberdade no reino dos cativos neste Alto da Jurubeba; Benedito, fizeste-te franciscano da cor da África que está do outro lado do Mediterrâneo, do Atlântico; vieste a cá proteger e inspirar o artista, orquestrador de teu adro-terreiro. Agora entendi: Aurélio veio de Oeiras e do Alto do Rosário veio junto o Benedito congo. Doroteia intercedeu. 
Agnus Dei. Qui tollis peccata mundi, miserere nobis. (Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós). Oboés, tímpanos, violinos, invocam altíssimas forças para a lavagem dos pecados do mundo; piedade Sebastião, de coração dilacerado, florando com o cinzel as portas desta casa de negros rezantes. Santa Pia, Mártir, aqui presente. Piedade.
Música é louvor. “Quem canta bem, reza duas vezes”. Diz o maestro Aurélio sobre essa criação, sacra de nascença, que, invocando-o, sempre foi ajudado por frei santo Benedito: este o contempla em imagem do alto da torre sineira e de outras sacadas.
Para essa igreja-monumento sonhada como lugar de liberdade dos negros de Teresina do tempo do cativeiro, de fato, foi um dia de santa magia gloriosa. Nos louvores a Benedito, fundiram-se os talentos de dois entre os maiores mestres artistas desta terra chamada Piauí, Sebastião Mendes e Aurélio Melo. Claro que essa noite tinha que ser luminosa, depois da tarde em que renasceu o Sol, deificando o verão. 
Luciano Klaus, regente do coral, a tudo dirigiu. Inclusive a edição em DVD, então lançada. Obra coletiva de real valor. Estrelas? A tudo assistiu Maristela Gruber. E na primeira fila, entre os presentes, a infanta Maria Clara, uma assistente muito especial, se disse leitora de textos meus e observou que têm palavras difíceis. Pedi-lhe tenha paciência; logo entenderá tudo. Agora fico imaginando esse latim, acima. Mas digo-lhe que muita gente grande não sabe, e precisa saber, o que é o verso “glória in excelsis Deo”, que barítonos e sopranos, trompas e trompetes entoaram na vodúnica e seráfica colina.
Missa benedita, aureliana. Amém.      

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Natal de Oeiras


Natal de Oeiras

Dagoberto Carvalho Jr.

Chamavam-se “berços”
de alecrim, andré-miúdo
e ingênua criatividade –
os presépios de minha infância,
cuja visitação era o Natal de Oeiras.
Antes das “árvores” que vieram de fora
e tomaram as salas,
colorindo-as de alegria alheia.
Lembro-me do que foi de Burane,
na Praça da Bandeira;
o de Dona Lourdes, na Rua do Norte;
o do Colégio das Irmãs,
em seu sobrado-convento,
antigo palácio dos presidentes da província.
O da casa de minha avó,
no Beco do Quartel,
tinha cama de madeira
porque o menino já era grande
e dormia vestido de gesso.
Uma vez faltou luz elétrica.
Demora-me a noite na memória,
como a lanterna vermelha que me levou
aos santos endereços da saudade;
que nunca mais deixou de iluminar os meus Natais.


Recife, Natal de 2010

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Mensagem natalina através da charge de Fernando di Castro


Através da bela charge de Fernando di Castro, o blog apresenta sua mensagem de Feliz Natal e excelente Ano Novo aos seus frequentadores e leitores.    

domingo, 22 de dezembro de 2013

Seleta Piauiense - Lucídio Freitas


Evocação

I

Lucídio Freitas (1894 – 1921)

Dias bons que passei... Horas filigranadas
De ouro real... A primavera abria em flor
O campo e o céu, e andavam longas revoadas
De asas, verdes e azuis, na apoteose da cor.

Dias bons... Alvas mãos, doces e perfumadas,
Esperavam por mim à hora do sol se por...
E eu beijava-as, feliz... e elas frias, beijadas,
Desfaziam-se ao luar em carícias de amor...

Vida passada... dor... todo o meu sonho extinto...
Céu azul, verde mar, rosas vermelhas, sinto
Que hoje tudo morreu, desespero medonho!...

Não, nem tudo morreu... vaga felicidade...
A saudade ficou, pois não morre a saudade,
E o sonho anda a viver dentro do próprio sonho...     

sábado, 21 de dezembro de 2013

Grutas-moradia nos tempos bíblicos


José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

          Peregrinar à Terra Santa exige dose de conhecimentos bíblicos, senão vira apenas aventura turística. Cada nesga do solo israelense evoca milenares histórias da epopeia humana, rica de revelações sobrenaturais.

          Rochas e montes abundam no solo onde Jesus, patriarcas, profetas, reis e dominadores, apóstolos, árabes, magos orientais e belas mulheres compuseram fantásticos capítulos da Bíblia. Montes e penhascos íngremes exigem possantes carros ou táxis mercedes benz para escalá-los. No alto do monte Tabor, 800 metros, Jesus transfigurou-se.  Vê-se, lá embaixo, a pequena cidade de Naim, onde ressuscitara o filho da viúva. Dondoca de Teresina, mais entendida em novelas do que em leitura bíblica, encantava-se com as mercedes. Fotografava-as, incessantemente, sem se ligar às explicações do guia.

          Grutas, no passado, serviam de moradia às pessoas e animais domésticos. Construíam-se casas sobre rochas. Debaixo delas, cavava-se a gruta. Espalhavam-se pelo deserto, servindo de guarida e repouso aos viajantes e animais.  Jesus compara o homem prudente ao que ergueu sua residência sobre a rocha, e o inconsequente, sobre a areia. Na Bíblia, encontram-se dezenas de referências às pedras e rochas, símbolos dos corações endurecidos ou da firmeza na fé (“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja”) . Nas montanhas, o encontro com o divino: Abraão no monte Mouriá; Moisés no monte Sinai; Elias no monte Carmelo; Jesus no monte das Oliveiras e Calvário. Rei Davi escreveu belo salmo (120 ou 121) , que eu, antes de viajar, repito: “Para os montes levanto os olhos: de onde virá o meu socorro? O meu socorro virá do Senhor, Criador do céu e da terra. Ele não permitirá que teus pés resvalem...” Sirvo-me também do salmo 90 (ou 91), aprendido com minha mãe, Dedé: “Anjos te sustentarão para que não tropeces em alguma pedra”.

          Provavelmente, a jovem Maria tenha residido em gruta de Nazaré, vila miserável e desprezada, na época. Na gruta, o anjo Gabriel anunciara-lhe a fecundação do Messias.

          Difícil aceitar o nascimento de Cristo em dezembro. O frio da estação não permitia pastores vigiar rebanho à noite, nos campos, conforme relata o evangelista Lucas (cap. 2). Jesus nasceu no verão de março. Provavelmente.

          José e Maria recolheram-se a uma gruta de Belém. Tinham dinheiro para custear hospedaria, mas faltavam vagas. A cidade, que fica a 5 km de Jerusalém, encontrava-se lotada de visitantes para o recenseamento imposto pelo imperador romano. O casal acomodou-se em uma gruta, em geral, do tamanho de uma sala social. José e Maria eram pobres, mas não miseráveis, como exalta o sentimentalismo religioso.

          Profetas e patriarcas souberam descobrir, nas pedras, penhascos e montanhas, o sentido da vida pelo esforço, fé e sublimação. Peregrinar pela Terra Santa renova a esperança aprendida na Bíblia. Como diz padre Tony: “A gente nunca volta a mesma pessoa, nem lê a Bíblia, como antes”.     

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

INSÔNIA


INSÔNIA


ELMAR CARVALHO


No silêncio abissal
da noite estagnada
a engrenagem pesada
do tempo se desenrola
e desaba sobre mim.

As botas cadenciadas
das horas marcham
- lentas lesmas –
marcham infinitamente
na noite sem fim...    

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O INSONDÁVEL DESTINO DOS LIVROS

Flagrante da solenidade de lançamento, vendo-se Dílson Lages  Monteiro, Homero Castelo Branco, Elmar Carvalho, Reinaldo Torres e Antenor Rego Filho 

Elmar Carvalho, Antenor Rego Filho e Joaquim Neto

14 de novembro   Diário Incontínuo

O INSONDÁVEL DESTINO DOS LIVROS

Elmar Carvalho

Desde muito tempo, na medida do possível e sem radicalismo, tenho procurado seguir o velho ditado: “boa romaria faz quem em sua casa fica em paz”. Mormente nos dias de hoje, em que os ladrões agem, muitas vezes, com desnecessária e descomedida violência (e em que o trânsito se torna cada vez mais conturbado e perigoso). Mas até quando o homem de bem deve ficar às ocultas e recluso, e o ladrão solto e às claras?

Contudo, mesmo estando sentindo incômodos efeitos colaterais da radioterapia, resolvi atender convite do poeta, escritor e professor Dílson Lages Monteiro, que relevantes serviços presta às letras piauienses, através do magistério e de seu excelente portal Entretextos, e fui assistir ao lançamento de seu livro O rato da roupa de ouro, que além do ótimo texto ostenta as belas ilustrações de Ângela Rêgo.

O evento aconteceu na livraria Entre Livros, na noite da última sexta-feira. Logo à chegada, deparei-me com os velhos amigos Antenor Rego Filho e Homero Castelo Branco, com os quais entretive agradável palestra. Como o lançamento acontecia no interior de uma livraria, em que eu me encontrava cercado de livros por todos os lados, caí em tentação consumista e resolvi adquirir o livro A mística do parentesco – uma genealogia inacabada (volume 5): Os Castello Branco e seus entrelaçamentos familiares no Piauí e no Maranhão, da autoria de Edgardo Pires Ferreira.

Esse livro não interessa apenas aos membros das famílias enfocadas, mas a todos os interessados em história, porquanto todos os títulos em que a obra se divide são iniciados por textos, que dizem respeito à História do Piauí. Alguns membros da ilustre estirpe foram contemplados com verbetes, alguns de mais alongado conteúdo, mormente os que se destacaram no empreendedorismo, na política, nas profissões liberais e nas artes, sobretudo a literária.

Fui apresentado por Dílson Lages ao poeta Joaquim Neto, que não conhecia. Revelou-me ele que já lera grande parte de meus poemas, através de livros que se encontravam em poder de Maria, uma amiga nossa, principalmente de meu filho João Miguel e da Fátima. Disse-me ele que costumava se hospedar com os pais de Maria, residentes na zona rural de Esperantina, quando de passagem por esse município. Fiquei mais uma vez surpreendido com os caminhos misteriosos pelos quais os livros chegam ao conhecimento de uma pessoa, sobretudo se levarmos em consideração as pequenas tiragens de nossas obras literárias, e a sua precária distribuição em nosso estado, que quase sempre ocorre apenas entre amigos, familiares e literatos.

Algumas décadas atrás, o poeta Rubervam Du Nascimento me deu a notícia de que encontrara uma socióloga em Paulistana, onde ele se encontrava em serviço de fiscalização do Ministério do Trabalho, que havia lido um livro de minha autoria em Recife, cidade onde ela estudara e residia. Nunca enviei nenhum livro de minha autoria para a capital pernambucana, de modo que fiquei deveras intrigado sobre como essa socióloga, numa cidade de mais de um milhão de habitantes, fora ali encontrar um livro deste modesto autor. Parecem ser insondáveis e surpreendentes os caminhos de um livro.

Em minha juventude, li um texto do escritor e historiador uruguaio Eduardo Galeano em que ele dizia que escrever um livro seria como colocar uma mensagem numa garrafa e atirá-la ao mar; a possibilidade de que alguém a recolhesse e a lesse era muito remota. Pois a socióloga, contactada pelo Rubervam em Paulistana, por cúmulo de grande coincidência, porquanto muito raramente ele se deslocava a essa cidade, realizou a façanha, algo milagrosa, de encontrar e ler um livro de minha autoria na bela Veneza Brasileira, que cantei em versos de minha adolescência, quando lá estudei durante o período de três meses, nos idos de 1974.

E o poeta Joaquim Neto, como se fosse o destinatário de uma mensagem lançada ao oceano, encontrou os meus livros numa casa humilde da zona rural de Esperantina. Fico feliz de, através desses encontros improváveis, ter levado algo, que espero tenha sido bom e útil, a alguém que não conhecia, e cujos fatos vieram a meu conhecimento por inesperadas coincidências e circunstâncias.      

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Fim de Ano


Cunha e Silva Filho

            Volto  à minha coluna.  Ah, quanta  água  não  correu  entre a ausência  da escrita  dirigida  a quem  tem alguma  estima  pelo que  digo, comento,  reclamo  e  me indigno e este  texto de  hoje!Estar  ausente  no espaço  da coluna me deixa  triste  e pesado, sem  falar  num  estado   de angústia , de carência,  de algo  que,  indefinido,  me está faltando como  alento  de viver,  de  poder   respirar  e sentir  que  estou   ainda  com a lucidez do  filósofo  René Descartes (1596-1650):  “Penso, logo  existo,” e ainda com  o sentimento  de  que  me omiti,  de que me calei  ou até  de que  fui cúmplice. Escrever, o mais quanto  seja  possível de nossas energias,  me leva a esta  conclusão:  é algo que  me dá  a certeza de que  estou sendo   útil a alguém  ou a alguma coisa. Escrever  é dar   forma  aos sentimentos,  ideias  e pensamentos. É quase  fisiológico, um ato  que do viver se torna   uma rotina  doce  de executar, ainda  que concorde  com  Raquel de Queiroz(1910-2003) naquele  ponto  em que ela  declara  ser desgastante   escrever, que eu  entendo como   algo   equivalente  a  afirmar  ser  difícil  escrever.   
           O crítico  Álvaro Lins (1912-1970) sempre  deu a maior atenção ao estilo de um  autor. Sem  estilo, para ele,   o escritor  fica  incompleto, sem grandeza, sem força  de convencimento  da  realidade  recriada,   seja  pela ficção, seja  pela  poesia.É preciso que, no arranjo  das frases, exista uma equilíbrio tão  íntimo e  tão único entre as palavras que  constituam  frases ou enunciados. ou, como ele dizia,   os “vocábulos   tornados  seres-vivos”.(Literatura e vida   literária. – diário e confissões. 1º e 2º vols. Rio de Janeiro: Civilização  Brasileira, 1963, p. 43-45). Ele  liga  a questão  do estilo a uma  justaposição das palavras,  cuja     combinação   exata    nos  passa  uma “sensação  existencial”. A palavra, então,  para ele  não  é  apenas um  signo arbitrário  de que falam  os linguistas,  está antes mais  relacionada ao cratilismo  da concepção   de Platão, i.e.,  uma   percepção de que  entre  as coisas e as palavras,   reportando  Vítor Manuel  Aguiar e Silva (Teoria da literatura. 6 ed. Coimbra: Livraria Almedina,1984, p. 664-669)  o   pensamento   de Platão, há “motivo” visto que  ‘quem conhece as  palavras, também conhece as coisas.’   Eu me pergunto,  não haveria  nisso  uma   analogia com  o que Lins  define  palavras  em função  de enunciado como   “seres-vivos?”
      O  que comento acima faz parte  desta marcação de fim de ano, que é um retorno  a um diálogo om  o leitor e, num diálogo,  os temas  podem  mudar, os assuntos  podem  pular  como  borboletas   movimentando-se  em várias   direções.
     Assim, sendo a notícia que mais me  interessou  foi a morte  de Mandela, este construtor,  por assim dizer,  de uma nação, já que um   país   dividido  pelo apartheid não é uma  país  completo nem  pode ser chamado de nação. Mandela pertence  à galeria dos grandes  homens  públicos da Humanidade,   como Lincoln,    Gandhi,  Martin Luther King e poucos  outros. Só não  ficou  bem  nas cerimônias   e homenagens  prestadas  a  Mandela  foi  a comitiva  de  presidentes  brasileiros, verdadeira    colcha de retalhos  ideológica.Não  me cabe na  cabeça  a ideia de  alguém  ter  idealizado  essa  ida  em conjunto   de  presidentes  da  República  brasileira que nada  representam, no  plano doa valores   universais   simbolizados   pela  figura   grandiosa  de Mandela.Eu até diria  que é preciso  ter fibra, ser  querido  por um  povo, ser amado  como   foi  Mandela, ser respeitado  como   foi  Mandela  - e não   creio que   os  presidentes  que  lá foram  representar  o  povo brasileiro se enquadrem   com rigor   nesses  atributos. Nosso  país  é carecente  de   homens  de  grande   envergadura    cívica, de grandeza  de sentimentos,  de amor  à paz,  de  simplicidade com  o  seu  povo e de  querer  verdadeiramente  o bem-estar  de toda uma nação.
      Numa crônica   brilhante e corajosa   a escritora   Heloísa Seixas (O Globo, 14/12/2013, p. 23), nos relata  que, na fase  de  manifestações    nas ruas   reivindicando por  melhoras condições  de vida  em vários setores do  pais,  ouvira  de um  motorista de táxi  a frase seguinte: “No Brasil, tudo  vira moda. Até manifestações de rua” A  escritora    conta que,  ao ouvir   o que  comentou  o motorista,  fez questão  de discordar dele, embora   o motorista   insistisse que  era  verdade  o que ele dizia. Dito e feito,  em algumas  semanas  a onda dos protestos  se   esvaziou. Era  mesmo  uma moda entre as muitas que no  país  se  exibe.
      A frase do motorista   não foi tampouco  por ela  esquecida, ou melhor,   antes  fora  relembrada  algumas semanas  após voltar  da Alemanha  onde   passara   “quase um mês”. Ao desembarcar   no Rio, a cronista fez algumas constatações. Somos um “povo fútil.”  Fútil  por  várias  razões:  pouco  valor damos  à cultura, ao cuidado com a nossa  Biblioteca Nacional, não  frequentamos      os museus,  arquivos. Pouco valor  damos  aos livros, ao   que  possuímos de bom  como  patrimônio  histórico-cultural. Ela enumera  uma série de  futilidades  que já  criaram  raízes  no país: a) morar  em  barracos e ter  uma parabólica;b) ter mais televisores  do que  geladeiras; c) não frequentar  bibliotecas  mas  ter  febre de  ficar  em  lan houses; d) temos  “em massa”  analfabetos  funcionais que  se debandaram, diretamente   para o Facebook;e) somos  uma classe média de compradores  em Miami  a tal  ponto  que já nessa cidade  há vendedores   falando  português; f) somos  campeões de  botox no rosto  e silicone nos seios, até  se tornando   exigências de menininhas de 14 e 15 anos para seus  pais; g) abrimos  academias de ginástica em cada quarteirão  de São Paulo e Rio de Janeiro;h) somos   a maior estatística  em cirurgias  plásticas. E por aí vai a nossa  vaidade.A cronista, só pra  concluir desabafa:
Voltei da viagem com essa sensação de que somos  mesmo  fúteis, superficiais, e me lembrei  do motorista do  táxi.”   

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Guaxenduba


Fonseca Neto

O litoral do Amapá ao Ceará de hoje é uma das primeiras áreas avistadas por navegantes ibéricos na época da expansão comercial. Hoje território brasileiro, esse rosto litorâneo voltado à linha equinocial, conheceu um duro processo de tomada de posse por parte do invasor português, no final do século XV, por todo o século XVI e grande parte do XVII. 
Do Ceará ao Amapá, litoral que se configura por imensas dunas, até a baía de São Marcos, no Maranhão, e depois ao Pará, até a fronteira com a França, no Oiapoque, por entrâncias e reentrâncias, num complexo de águas, ilhas e matas, fazendo maranhões e pororocas com aluviões doces e salgados. O esforço português de apossar-se dessa extensa faixa litorânea e daí ao controle das terras das ribeiras rumo ao sertão, afrontou seus habitantes nativos milenares, e também os invasores concorrentes oriundos da própria Europa, franceses e holandeses entre os mais frequentes.
A narrativa desse enfrentamento por terras e gentes a colonizar, sob a compulsão mercantil do tempo, é a história da formação do Maranhão antigo, assim do Pará, além do citado Ceará e Piauí, este, mais afilhado das dinâmicas do avanço colonial aos sertões que da dinâmica dos referidos mares navegados.
Os estudos dessa guerra generalizada são quase nada conhecidos na historiografia brasileira. São poucos, é verdade, mas quase desconhecidos. Parece deles não querem saber, os referentes interpretativos da história da América Portuguesa dos primeiros séculos e que se fizeram hegemônicos a partir da corte carioca e de São Paulo. 
Aqui da Ufpi, duas contribuições relevantes e recentes enriquecem o conhecimento desses séculos de enfrentamentos: 1) a tese de doutorado da professora Jóina Freitas Borges, sob o título “Os senhores das Dunas e os Adventícios de Além-Mar: Primeiros Contatos, Tentativas de Colonização e Autonomia Tremembé na Costa Leste-Oeste (Séculos XVI e XVII)”, que deve ser publicada em livro brevemente; 2) um livro que acaba de entrar em circulação, de autoria do professor João Renôr Ferreira de Carvalho, com o título “Ação e Presença dos Portugueses na Costa Norte do Brasil no Século XVII – A Guerra do Maranhão: 1614-1615” (Edufpi, 2013).
Arbitradas em favor de Portugal em 1494 pelos acertos interdinásticos e papais de Tordesilhas, essas terras foram objeto de uma primeira investida de apossamento real em 1535, quando divididas em lotes, doados, de iure e herdade, a fidalgos ricos para explorá-las economicamente. Essa via não se consumou e já no final do Quinhentos toda essa faixa litorânea estava sob a influência de franceses, negociada com indígenas, salvo algumas áreas, a exemplo do famoso Delta, habitado pelos tremembés, que opuseram forte resistência a estranhos. Ponto culminante da presença da França é a sua fixação, por algum tempo, em Upaon-açu, depois São Luís, onde organizaram uma Feitoria, a partir de 1596. Ergueram depois o Forte São Luís, em 1612, o que fez Portugal correr para assegurar seu quinhão tordesilhano. 
O estudo de Renôr foca os episódios encetados por Portugal para afastar os franceses. Acentua a difícil vitória portuguesa, com arrimo em muita referência documental, e revisita historiograficamente a Batalha de Guaxenduba, travada em fins de 1614 e que tomou Upaon e o Forte de Saint Louis. Vitória lusa sobre franceses e tupinambás aliançados, tão cantada e decantada pelos maranhenses. De fato, essa vitória maranhoa – feita São Luís em cidade e capital de um novo Estado colonial (1621) –, permite Portugal avançar militarmente para oeste, por terra, mar e rios, e a estabelecer seu domínio sobre o vale amazônico. Guerra de mundos que submeteu, e até eliminou, além de tupinambás e outros grupos indígenas, os próprios franceses e holandeses.  
Fontes documentais bem lidas, com destaque para representações cartográficas seiscentistas da “costa norte”.
Livro prefaciado pelo atual embaixador de Portugal no Brasil que, ufano, recorta da poética descobrimentista de Sophia Andersen, que “O mar tornou-se de repente muito novo e muito antigo / Para mostrar as praias / E um povo / De homens recém-criados ainda cor de barro / Ainda nus ainda deslumbrados”. A apresentação é do acadêmico Celso Barros Coelho.   

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

NOSSA TERRA, NOSSA GENTE - TV MEIO NORTE


(*) Francisco Miguel de Moura

Sou formado em Letras, mas também em Crítica de Arte, uma pós-graduação na Universidade Federal da Bahia. Mas não custa nada, de vez em quando a gente meter o bedelho onde não é chamado. Acontece que na sexta-feira 06-12-2013 fui convidado pelo cantor e compositor Lázaro do Piauí, atual Presidente da Fundação Cultural do Piauí, para participar do programa “Nossa Terra - Nossa Gente”, do qual é o apresentador. Era apenas a gravação. O programa só vai ao ar no domingo. Ou seja, conheci a televisão por dentro e por fora.  E posso garantir que não houve cortes, foi tudo para o ar tal como na gravação. Perfeita. 

      Participei como escritor, levei livros e fotos e também minha mulher, aliás, ela me levou, pois já quase não dirijo. Apresentei meus livros, falei sobre o fazer literário, dei minha opinião sobre a literatura de antes e de hoje, referindo as minhas participações na sociedade em conjunto com outros escritores, além de uma parte de minha família e meus amigos – assim quis o apresentador Lázaro do Piauí. Chegou até a falar na data do casamento de Francisco Miguel de Moura e Maria Mécia Morais Moura (minha esposa), completando 53 anos de vida conjugal, no domingo, dia 8.

       Confesso que gostei e senti que repercute na sociedade o dito programa “Nossa Terra, Nossa Gente”. Mas gostei muito de também conhecer os participantes, companheiros daquele evento: Um grupo novo de sambistas do Monte Castelo, um cantor já famoso pelos prêmios que recebeu e que há muito tempo retornou de Brasília e outras parte do país. Nome: My Brother. Esse moreno tem uma voz forte e bonita que bem merece o respeito da classe e dos ouvintes. Realmente é um cantor de boca cheia, com repertório variado, indo do samba do morro ao samba-canção, passando pelas recentes inovações do samba. Deu-me uma saudade quando cantou “Fascinação”, dedilhando seu próprio instrumento, como tocaria em qualquer sensibilidade do planeta, mesmo sem ser artista.  E aqui lembro da história, não sei se folclórica, de que o empedernido poeta João Cabral de Melo Neto não gostava de música. Não posso acreditar. Se assistisse ao My Brother, naquela tarde, estremecer-lhe-ia alguma coisa por dentro.

        Participante do programa foi também a cantora Raquel Moura, com sua doce e marcante voz e um repertório que vai desde as músicas feitas por ela mesma e pelos parceiros que a acompanham instrumentalmente, sem esquecer as grandes marcas da música popular brasileira, tudo já constando do seu CD, em fase de distribuição. Sabem onde ela nasceu? Em Bocaina - PI, perto de Picos, de Francisco Santos. Porém mora em Valença do Piauí, onde seus pais se estabeleceram.  Mas as coincidências foram tão grandes que o Lázaro gritou “Não tem jeito, a Raquel Moura é parenta do escritor Chico Miguel de Moura”.  

        Como escritor, meu propósito era falar intelectualmente, recitar poemas (recitei apenas dois: o mais popular e um outro que eu havia escrito na véspera). Mas terminei cedendo à magia do discurso do Lázaro, divertido, gostoso e alegre, na fala do povo e das coisas do povo. Programa descontraído como é Lázaro do Piauí, onde se misturam tantas coisas, “a bagunça como o povo brasileiro gosta”, mas uma bagunça organizada, dizia ele. E como se não tivesse sido planejado. Mas foi bem planejado pela inteligência e criatividade do apresentador, aqui e acolá, colocando coisas muito engraçadas da nossa gente, junto com gírias e anedotas, ele próprio recitando um belo poema caboclo.

         Ainda não falei do grupo “Estampido”, ali representado por dois participantes que disseram e mostraram a alegria que levam a vários lugares, tais como hospitais de doentes do câncer e abrigo de idosos. 

          Sei que há muitas pessoas que desejam conhecer e reconhecer a nossa cultura popular, que é rica. Mas é preciso ter cuidado, porque há muita coisa oficial que não passa de uma deturpação da cultura do povo. Não vou citar programas nem ninguém, mas que tem, tem. No Carnaval e no São João ainda se pode respirar um pouco do que foram. Mas já está me coçando a língua pra referir o “Boi do Piauí”. Para mim, nosso boi é muito mais aquele que se chama de “Reisado”, onde o boi é apenas uma figura, embora a principal do teatro livre do povo, aquele que assisti quando criança.  Infelizmente num programa de tevê com seu tempo medido e contado não dá para apresenta muitas coisas, mas tenho certeza de que o Lázaro concordaria comigo neste ponto.

    Há poucos dias recebi uma carta de um piauiense que mora na Áustria e tem muita vontade de conhecer a cultura popular piauiense. E para isto gostaria voltar ao Piauí, embora já tendo morado em Teresina, para rememorar algumas coisas e ver outras. Alguma coisa ainda encontrará; mas as manifestações do passado estão morrendo e na tentativa de avivá-las ocorrem muitas deturpações. Mas venham, venham outros mais conhecer nosso povo e nossa gente e não deixem de assistir, se possível ao vivo, o “Nossa Terra, Nossa Gente”. Aí somos apresentados como somos e não como querem que sejamos. 

    Aqui tem muito mais belezas do que no Rio, Minas ou São Paulo. Aqui é o centro cultural do Brasil, como disse Luiz Fernando Veríssimo, em suas andanças por este país, numa crônica bem humorada. Podem acreditar que nosso boi não morreu, morreu foi o boi deles, nos tais “rodeios”, um arremedo das nossas “pegas do boi solto e brabo do sertão, feitas pelos destemidos vaqueiros, em seus gibãos de couro”.
    
______________________
*Francisco Miguel de Moura - Escritor e Membro da APL - Academia Piauiense de Letras, em Teresina (PI) e da  IWA - International Writers and Artists Association, em Toledo,OH, Estados Unidos.        

domingo, 15 de dezembro de 2013

5OO ANOS DE 'O PRÍNCIPE' (MAQUIAVEL) E OS CÂNONES REGENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA


O magistrado Geraldo Magela e Silva Meneses, titular da 7ª Vara da Justiça Federal em Teresina (também conhecida como 7ª Laborativa) convida os interessados e estudiosos para, no próximo dia 18, quarta-feira, na Sala de Capacitação Doutor José de Ribamar Freitas, no Fórum Coelho Rodrigues, assistirem à conferência do jurista Nelson Nery Costa, que discorrerá sobre 5OO ANOS DE 'O PRÍNCIPE' (MAQUIAVEL) E OS CÂNONES REGENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA. Preliminarmente, haverá a palestra "PLANEJANDO O ANO-NOVO", a ser proferida pela bacharela Joelma Dias de Araújo.   

Seleta Piauiense - Nogueira Tapety (1890 - 1918)


Holocausto

Nogueira Tapety (1890 - 1918)

Eu devia prever que toda essa locura
E esta dedicação com que te tenho amado,
Não podiam mover-ter a impassível ternura
Pois nunca existiu o bem com o bem recompensado.

Entretanto, bendigo a terrível tortura
E os súplicos cruciais por que tenho passado,
Pois sofrendo por ti, eu sinto que a amargura
Tem o doce sabor de um fruto sazonado.

Olha bem pra mim: vê que vinte e seis anos
Não podiam me ter por tal forma abatido
Nem roubar minha força e vigor espartanos,

Se estou precocemente exausto e envelhecido,
É do efeito fatal dos tristes desenganos
E do atroz desespero em que tenho vivido.      

sábado, 14 de dezembro de 2013

Fantásticas profecias messiânicas


José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

          Minha fé cristã, de vivência católica, dispensa fronteiras. Membros da Igreja Batista costumam convidar-me para reuniões em família.  Estuda-se a Bíblia, associada ao cotidiano das pessoas, sem confrontos de igrejas, ora-se, serve-se lanche. Neste dezembro, comemorou-se a tradicional confraternização natalina,  com amigo oculto, reflexões bíblicas, brincadeiras, sucos, a ceia. Espírito natalino do qual papai-noel não faz parte, mas Cristo aniversariante. Pediram-me a palavra, destaquei algumas profecias messiânicas do Antigo Testamento. Fantásticas, porém desconhecidas de muita gente, inclusive de habituais paroquianos.

            Textos bíblicos começaram a ser produzidos, a partir de quase mil e quinhentos anos antes de Cristo. Primeiro autor, Moisés, descendente do patriarca Abraão, educado na alta corte de Faraó, colheu informações da memória coletiva e escreveu o Gênesis, entre outros. No terceiro capítulo, início da civilização humana, Deus revela a primeira profecia messiânica, um libelo contra a serpente (o Maligno): “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a semente da tua descendência (filhos do pecado original) e a semente da mulher (o Messias). Ele te visará a cabeça e tu lhe visarás os pés.” Teólogos apontam, nesta profecia, a futura mãe de Jesus, e a luta do Salvador contra o Satanás na descendência de Eva. No Nargum (textos que circulavam nas comunidades judaicas, até 250 anos antes do nascimento de Cristo, que serviam de orientação para leitura da Bíblia), encontra-se uma passagem significativa sobre a profecia: “Quando a descendência da mulher guardar os mandamentos da Lei, eles se voltarão diretamente contra ti (o Maligno) e esmagarão a tua cabeça. Mas quando abandonarem os mandamentos, tu te voltarás diretamente para eles, e tu os ferirás no calcanhar. Contudo para eles haverá um remédio... No futuro, eles estarão em paz com o calcanhar, nos dias do rei, o Messias”.

            Dois milênios antes de Cristo, Deus promete ao patriarca Abraão, raiz do povo hebreu: “Na tua descendência (o Messias), serão benditas todas as nações”. (Gênesis, 22). O projeto da salvação humana não se restringe só ao povo judeu. Jesus enfrentou essa ideologia judaica, comendo com pagãos, visitando e curando romanos imperiais, visitando territórios  inimigos dos judeus.

            Jacó, filho de Abraão, no leito de morte, abençoou cada um de seus 12 filhos. Ao por as mãos sobre Judá, profetizou: “Não se apartará o cetro (reinado) de Judá, nem o bastão de comando, até que venha aquele (Messias) a quem devem obediência aos povos”. Jesus descendia dessa tribo.

Aproximadamente, dez séculos antes de Cristo, o profeta Balaão, em êxtase, profetizou: “Vê-lo-ei, não agora, nem de perto. Uma estrela (o Messias) procederá de Jacó, de Israel subirá o cetro...” (Números, 24). Profeta Isaías, sete séculos antes, anteviu o Messias: “Do tronco de Jessé (pai do rei Davi), sairá um rebento, e das suas raízes um novo rebento (o Messias)” (Isaías, 11). Mais adiante: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, chamado Emanuel (isto é, Deus no meio dos homens).” Naquele mesmo tempo, o profeta Miquéias anunciava: "E tu, Belém de Éfrata, de ti, tão pequenina, sairá o que há de reinar, cujas origens são desde a eternidade.” Esta profecia me chama atenção para o primeiro capítulo do evangelista João, uma obra-prima da literatura universal: “No princípio era o Verbo (o Messias), e o Verbo estava junto de Deus e o verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus,... e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Paro por aqui. Um arrepio de espírito natalino me toma conta. Nem a ceia natalina e presentes me seduzem tanto.    

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

José Castello: O rato da roupa de ouro

Flagrante da solenidade de lançamento, vendo-se Dílson Lages  Monteiro, Homero Castelo Branco, Elmar Carvalho, Reinaldo Torres e Antenor Rego Filho

José Castello

Chega-me de Teresina, Piauí, “O rato da roupa de ouro”, narrativa infantil de Dilson  Lages Monteiro (FOTO), com ilustrações de Ângela Rego (Nova Aliança Editora/Portal Entretextos). Um delicado esforço para aproximar as crianças de um dos mais complexos temas do mundo contemporâneo: o poder. Crianças precisam de limites.
A compreensão da opressão, porém, as ajuda a entender melhor os limites desses limites e a distinguir o respeito ao outro do desprezo pelo outro. Um tema doloroso, que Dílson transforma, porém, em um relato inspirador. “A sombra da lua caminhava entre pedras. Galhos secos espreguiçavam seus braços e pernas”, começa Dilson, humanizando a natureza e tornando-a menos angustiante.
Os animais que a habitam vivem sob o jugo de um rato. Ele dá as regras, ele diz como cada um dos bichos deve ser. “Vence os dias o mais adaptado, o mais rápido, o mais atento, o maior em esperteza e sabedoria”, pensa. E é assim, segundo seus próprios valores, e sem considerar os alheios, que governa um casarão abandonado.
Tanto o rato é esperto que, em vez de impor seu governo com a violência, o impõe com a adulação. Sua política é a da submissão de almas. Tira seu poder não tanto da força, que não tem, mas da astúcia, precioso e perigoso veneno. Mas o rato também tem seu limite: a cobra, que desliza pelas frestas do casarão. Diante dela, o rato todo poderoso treme. A cobra é seu inferno e, mais que isso, a fronteira que delimita seus atos.
Talvez — penso aqui — a cobra o leve a experimentar a precariedade do poder.

Escritores conhecem isso muito bem. Com seus rascunhos, anotações, esboços, eles tentam controlar narrativas e personagens sobre os quais, a rigor, não têm controle algum. Todo escritor tem um limite: sua própria fraqueza. Também o rato, cada vez que se defronta com a cobra, prova dessa fronteira precária que ele, no entanto, logo ignora.
O relato de Dilson é narrado por um frágil gafanhoto que, a toda hora, é obrigado a ouvir do rato uma ameaça: “Quero ver apodrecer cada pedaço de sua folhagem, gafanhoto imprestável”. O poder é cheio de vielas e de becos escuros. Na escuridão de suas entranhas muita coisa parece ser o que não é. “Cheguei a pensar que me poupava em sinal de gratidão”, admite o gafanhoto. “Eu ensinei o rato a pular e isso lhe permitiu saltar para um galho quando, de surpresa, uma serpente deslizava, pronta para o ataque”. Mas se existe algo que o rato — o poder — não tem é gratidão. Não tem limites para seu ódio. Também com os grilos e os caracóis o rato aprendeu a transformar-se em coisa morta, aprendeu a camuflar-se. Julgava não lhes dever nada por isso. Mas o poder vê a piedade como uma forma de medo.
Qualquer leitor, por mais jovem que seja, pode constatar as insuficiências do poder que o rato acredita possuir. A começar por sua veneração pela serpente — “Admiro mesmo os mais fortes” — que, apesar de majestosa, é a fronteira de sua desgraça. O rato admira ainda as borboletas e os insetos voadores, porque, do contrário, com o frágil recurso da leveza, são capazes de escapar de situações que, para ele, pesado e  iludido, se transformam em intenso perigo.
Um dia, uma tempestade arrasta o rato poderoso para um buraco, onde ele se vê prestes a sufocar. A natureza é muito mais forte do que ele, com sua arrogância, supõe. O gafanhoto se protege da enxurrada montado no topo de uma árvore bem alta. “Do rato, só tive notícias no dia seguinte. Para minha surpresa, dava ordens em um palácio”. A arrogância do poder não tem fim e, mesmo da desgraça, um rato pode tirar mais força. No buraco, seu corpo, em vez da lama, se cobre com um estranho  pó amarelo, que ele logo entende tratar-se de ouro. Mais ainda: logo entende que se tornou num pequeno Midas, que transforma tudo o que toca em ouro também. “O rato, então, percebeu que um poder misterioso tornava ouro tudo o que tocava”.
A generosidade do poder parece inesgotável, enquanto, na verdade, ela só se impõe sob certas condições. Se damos atenção a suas palavras, vemos que esse poder gerado pela desgraça se torna ainda mais ameaçador. Mas é ele quem ameaça: “Quem não obedecer transformarei em ouro”.
Só resta a sapos, grilos e gafanhotos, abatidos como escravos, transportar pedaços de ouro para a toca real. “No buraco já não cabia peça de ouro”. Mas o rato irá aprender que o poder é transitório, que a realidade dá bruscas guinadas e, quando menos se espera, inverte o destino das coisas. A realidade é fluida, móvel, e mesmo o mais sólido poder, mais cedo ou mais tarde, pode ser arrastado pela enxurrada do real.
Uma nova tempestade transforma seu buraco de ouro e pureza em um mar de lama. “Parece que as águas de todos os esgotos da cidade andavam juntas, tamanha a força com que entravam no esconderijo dos bichos”. A lama é o reverso do ouro. Ela surge para indicar não só os limites do poder, mas parte expressiva de sua origem.
O poder é fluido porque ele é sempre uma tomada de posição diante do poder. O que faço? O que efetivamente posso fazer? O que faço com o que efetivamente posso? Perguntas complexas atapetam o caminho dos poderosos. A única maneira de tornar-se digno do poder é, em vez de descartá-las, enfrentá-las. Mas o rato, confuso, levado pela lama revolta, desmaia. “Acordou faminto, no antigo buraco em que morava. Olhou ao redor. Ninguém. Ia sair, mas tremeu. Sentiu a respiração das serpentes”. O limite do poder é outro poder.
Enquanto isso, o grilo — que sempre apostou na leveza e nos saltos e se contentou com a precariedade de sua pequena força —, sarado da perna, volta a sorrir. Ele compreende que o poder é leve e transitório. Nunca dele esperou a salvação, mas apenas uma forma precária de proteção. Nunca o viu como destino final, mas como um caminho não para levá-lo para fora de si, mas para trazê-lo de volta a si. Por isso continua livre.
A história de Dílson Lages Monteiro conduz seus pequenos leitores a uma confrontação precoce (e divertida) com a fragilidade dos valores humanos. Mostra-lhes que eles são móveis, que eles são instáveis, que eles são transitórios — que eles são, enfim, o que define o próprio humano.


Fonte: Portal Entre-textos

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SOBRE O JORNAL INOVAÇÃO


Membros do jornal Inovação no bar Recanto da Saudade, do saudoso Augusto (em pé, no 1º plano)


Membros do Jornal Inovação, sob o cajueiro de Humberto de Campos, vendo-se, da esquerda para a direita, no 1º plano: Bartolomeu Martins, Vicente de Paula (Potência), Elmar Carvalho e Canindé Correia; 2º plano: Danilo Melo, Francisco (Neco) Carvalho, Diderot Mavignier, Franzé Ribeiro, Sólima Genuína, Bernardo Silva, Reginaldo Costa e Paulo Martins; 3º plano: Jonas Carvalho, Israel Correia, Porfírio Carvalho, Wilton Porto, Alcenor Candeira Filho e Flamarion Mesquita. Percebe-se, nesta fotografia, a felicidade dos retratados com esse reencontro, posto que vários moravam em outros estados e municípios. Hoje, a maioria já não reside em Parnaíba



DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SOBRE O JORNAL INOVAÇÃO

Quem desejar ter maior conhecimento sobre a história, cultura, administração pública, economia, cultura e literatura de Parnaíba, sobretudo nos anos 1970/1980, deverá ler a dissertação de mestrado “Inovadores Parnaibanos: A Produção do Jornal Inovação de 1977 a 1982”, da autoria de Fábio Nadson Bezerra Mascarenhas. Para tanto, deverá colocar o título no site Google (ou outro sítio de procura) e efetuar a busca. Eu preferi imprimir e encadernar a dissertação, que me permite uma leitura mais confortável e um manuseio mais cômodo.

A obra, na sua parte introdutória e na contextualização, remonta ao apogeu econômico de Parnaíba, razão pela qual abrange os anos que vão de 1890 a 1950, sobretudo. Sua bibliografia é muito vasta e conta com centenas de notas de rodapé, nas quais as fontes das informações são indicadas. A banca examinadora foi composta pelos professores doutores Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz (orientadora), Marcelo de Sousa Neto e Francisco Alcides do Nascimento. Fábio Nadson teve acesso a todos os números do jornal Inovação, publicados no corte cronológico que a dissertação abarca. O periódico foi abordado nos aspectos ideológicos, social, gestão pública, economia, arte e literatura, conforme as matérias que ele publicou.