quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

DISCO VOADOR PAIRA SOBRE PARNAÍBA

Fonte: Portal do Catita/Google
Fonte: Google


DISCO VOADOR PAIRA SOBRE PARNAÍBA

Elmar Carvalho

Na conversa a que me referi no texto anterior, o poeta Jorge Carvalho contou-nos um fato deveras interessante sobre OVNI (objeto voador não identificado). Antes, porém, devo repetir que o conheço faz mais de trinta anos, desde que ele cursava a Faculdade de Direito do Recife, a mesma em que estudaram, sem concluir o curso, os grandes poetas Castro Alves e Fagundes Varela.

Quando ele vinha de férias (no final dos anos 70 ou começo dos 80), trazia-me revistas literárias da autoproclamada vanguarda, que me deixavam atualizado com o que se fazia em outros Estados, e entre elas a Gandaia. O vate, que é também fiscal do Ministério do Trabalho, contou-nos que, na década de 1950 (salvo engano de minha parte), quando ele ainda era menino, um disco voador foi visto pairado sobre o mercado central de Parnaíba, a grande altura.

Vários feirantes e consumidores teriam visto o objeto voador, o que causou certo burburinho na feira. O Jorge o observou de um lugar privilegiado, verdadeiro mirante, a área aberta do belo e velho edifício Leão, pertencente a seu avô, o comerciante Antônio Thomaz. De seu “observatório”, viu quando o disco voador se deslocou em direção ao Delta do Parnaíba, em grande velocidade e notável capacidade de aceleração, ao tempo em que baixava de altitude.

Pela sua forma de disco, pelo fato de ter ficado imóvel no ar, pela velocidade e desempenho na aceleração, não poderia ser avião, helicóptero ou balão. Como o suposto OVNI foi visto simultaneamente por várias pessoas, no mercado público da cidade, em plena luz do dia, o que parece ser incomum nos relatos desse tipo de evento, é certo que não se tratava de alucinação, já que as condições e circunstâncias do momento e do local não predispunham a isso, de modo que os estudiosos do fenômeno teriam grande proveito se conversassem com o Jorge e com outras pessoas contemporâneas, que tenham presenciado esse episódio.

Para os céticos, invocando Shakespeare, Cristo e um humorista, relembro: há mais mistérios entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia; na casa de Deus há muitas moradas e no céu há mais coisas do que apenas os aviões de carreira. Não fora isso o bastante, os cientistas, sobretudo os físicos, cada vez mais descobrem novos e fascinantes mistérios, como a possibilidade de existirem universos paralelos e “várias e inefáveis dimensões”, como eu disse num de meus poemas.

23 de abril de 2010  

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

ÚLTIMA CARTADA



ÚLTIMA CARTADA

Elmar Carvalho

O homem pediu
ao pombo-correio
que partisse e lhe trouxesse
um ramo verde de esperança.
O pombo retornou
apenas cansado.
A última árvore
o homem havia cortado
para fazer o esquife
em que seria enterrado.  

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O enviado do Diabo



O enviado do Diabo
Pádua Marques Cronista, contista e romancista
Mané Vinvim, Domingos, Sardião, Florindo, Seu Lino, Pilão, Tunga, Zé Preto, Menelau, Capote e Miguel Arcanjo estavam ali no porto Salgado naquela terça-feira de mão no queixo esperando uma decisão do encarregado dos estivadores pra saberem como iria ficar a situação dos dias parados, sem movimento e muita conversa naquele meio pra fim de agosto em Parnaíba. Alguns deles haviam passado já umas três noites na beira do rio matando muriçocas.

No amanhecer do dia seguinte vinha lá de dentro dos armazéns e lojas alguém com alguma novidade sobre de como iria ficar o serviço daqueles homens que pouco tinham pra levar pras suas casas. Mas isturdia havera de tudo voltar a ser como antes. Em casa da maioria, morando nos distantes, as crianças passavam necessidade e os calangos estavam passando por debaixo das trempes da cozinha porque a Parnaíba estava parada e as mulheres dos estivadores não tinham o de comer pra botar na panela. Tardasse muito podia dar até em morte!

Tudo por culpa de um tal Waldemar Figueiroa, o novo inspetor da alfândega de Parnaíba e que tão logo desembarcou no porto Salgado foi logo impondo mil e uma normas pra tudo quanto era atividade. Era ter conhecimento de que estava atracando um vapor, um barco qualquer e lá estava ele mesmo fazendo revista nas cargas, bagagens e até nas pessoas!

Não tinha conversa e nem privilégios. O coitado do velho que viesse dos Araioses ou de São Bernardo com a filha e o genro se consultar com doutor Mirócles na Santa Casa e ele Figueiroa suspeitasse, era de mandar abrir a mala e revirar tudo. Caísse na besteira de trazer dos Araioses um leitão, um capado, um franguinho que fosse pra um agrado a doutor Zé Narciso corria o risco de ser repreendido e humilhado na frente de todo mundo.

Descesse um canoeiro com cinco ou seis sacos de carvão ou de manga, no porto Salgado e Figueiroa estava rente mandando abrir, derramar no cais pra ver se havia algum indício de contrabando. Senhora ou moça fosse embarcar pra Tutoia e pra de lá ir pra São Luís, ele queria saber o que tinha na bagagem. Armazéns estavam sendo revistados.

As lojas colocadas sob a suspeita de venderem artigos falsificados ou de não recolherem os impostos devidos. Desde então nunca mais se tinha tido sossego naquela Parnaíba. Era o grande, o pequeno, o miúdo, o rico, o mais ou menos, o arremediado! Quem viesse atravessando de canoa de Ilha Grande, do Labino e dos Tatus com alguma mercadoria, era motivo até de prisão.

E a coisa foi engrossando. Os comerciantes passaram a reclamar e agora já em voz alta e em reuniões por uma atitude de quem fosse de direito. Aquilo não estava certo não! Casa Inglesa, Franklin Veras e tantas outras. De tanto se reclamar sobre esta atitude do inspetor Figueiroa, a conversa acabou chegando aos ouvidos de seu Constantino Correia, presidente da Associação Comercial de Parnaíba.

A Associação Comercial de Parnaíba e a Associação Comercial Varejista de Parnaíba se uniram com propósito de dar um cobro no inspetor Waldemar Figueiroa. Naquele setembro de 1927 o comércio da Parnaíba parou. Nem pra frente e nem pra trás! Lojas e armazéns no porto Salgado e vizinhança, fosse do que fosse, ficaram com as portas fechadas por dez dias. Todos os escritórios de representação, importadores e exportadores. E no porto o movimento vindo do Maranhão desceu ao rés do chão. Os estivadores ficaram com os braços cruzados.  

No porto Salgado aqueles dias de incertezas foram os piores pra todos aqueles homens rudes. Sem terem o que fazer, um vapor pra descarregar ou carregar, passavam o dia tomando banho. Uns pescando peixes miúdos, branquinha, bagres e até camarão de água doce.

Outros ficavam apostando quem tinha mais força pra atravessar até a ilha em frente, mostrando destreza, nadando só com um braço. Mergulhando por mais tempo, catando isso ou aquilo no fundo do rio, caçando jacarés nos alagadiços na Ilha de Santa Isabel, achando graça, mangando uns dos outros.

Mas por trás daquela alegria por não terem trabalho, aqueles estivadores amargavam uma tristeza grande. Suas famílias passavam necessidades.  E nos Tucuns e mais embaixo nos distantes da Parnaíba, nos pontos de cabarés, com suas mulheres feias, umas gordas, outras sujas, mais outras magras, desdentadas, enfraquecidas, desalinhadas, com filhos pelo meio, de vestidos encardidos e cheirando a azeite de coco ou a tição de fogo sapecado, a pobreza dominava. Quitanda que fosse não queria mais vender fiado. Gente doente na porta da Santa Casa era só o que tinha.

Já entre aquela gente pobre tinha quem estivesse se saindo pra pegar no que era alheio, vivendo de jogo apostado. E veio entre uns estivadores aquela vontade de vingança com o inspetor Figueiroa ou até mesmo com donos de lojas e armazéns. Se era pra dar prejuízo que desse pra todo mundo!

Zé Preto, negro de uns vinte e poucos anos, parrudo, cabeça quadrada, de boa altura, vindo de São Bernardo ainda molecote e que cresceu e se criou ali pelo porto Salgado, sempre de faca peixeira por dentro do cós do calção imundo de sujo, foi lá nos fundos de um armazém e trouxe ainda na boca da noite uma vasilha até o meio, cheia de cera de carnaúba, um molambo e um tição de fogo aceso.

Enquanto os companheiros estavam entretidos com o jogo de baralho pra matar o tempo e as muriçocas, ele Zé Peto, já correndo a noite pra entrada na madrugada, foi até a casa de pedra desceu os degraus e caiu na água levando a vasilha já acesa. Era pra jogar no interior da embarcação Estrela do Mearim. Tivesse gente dentro ou não, o intuito era tocar fogo, causar prejuízo.

Mas o negro acabou fazendo barulho e alguém lá de dentro, talvez um vigia, se acordou e perguntou quem era que chegava. Zé Preto não respondeu. De novo o embarcadiço perguntou quem era. Zé Preto começou a ficar com medo. Quem pode mais do que Deus?  Quem pode mais do que Deus? Quem pode mais do que Deus?

O negro estivador se arrepiou dos pés à cabeça, segurou a peixeira na cintura, saiu se abaixando até alcançar a popa da embarcação e se faqueou na água. A vasilha com a cera de carnaúba ainda pegando fogo foi deixada no convés. Lá mais em cima os colegas ouviram o barulho de alguém na água e a gritaria e correram pra ver do que se tratava. Mas Zé Preto, favorecido pela escuridão, deu um mergulho profundo e quando saiu foi do outro lado, entre os matos da beira do rio, já na Ilha de Santa Isabel.

Enquanto isso no outro dia e nos dias seguintes chegavam mulheres vindas dos distantes com recas de meninos, sujos, famintos, doentes, pedindo comida nas portas das famílias mais ricas. E aquilo fez com que pela primeira vez as senhoras dos maiorais pedissem aos maridos que fosse feita alguma coisa pra afastar aquele flagelo. 

Os maiores comerciantes da Parnaíba se reuniam pra abrir as burras e criarem um meio de ajudar aqueles miseráveis. Se desse comida, tipo arroz, feijão, farinha, massa de milho, açúcar, um quarteirão de azeite,  roupa, rede pra dormir, um paletó velho, algum calçado, um pão de sabão de coco pra tomarem banho e lavagem de trens, remédio. Nada de dinheiro!

Essa situação de calamidade na Parnaíba naquele mês de setembro com o comércio perdendo dinheiro, a fome e as doenças se aproximando das casas dos ricos na praça de Santo Antonio, na porta do Colégio das Irmãs e do largo da igreja de Nossa Senhora da Graça e do Rosário dos Pretos, a pobreza e a inquietação capazes de causar até morte!

Ladrões, ditos amigos do alheio, se apossando de tudo, até de uma galinha no quintal, acabou chegando aos ouvidos do governo no Rio de Janeiro, a capital da República dos Estados Unidos do Brasil. Lá mais uns dias e chegou a decisão de afastar Waldemar Figueiroa do cargo de inspetor da alfândega.    

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A gratidão

Fonte: Google


A Gratidão

Carlos Henriques Araújo
Cronista e memorialista

O sucesso não é ser feliz, é ser grato. Grato por tudo de bom que nos acontece, por tudo que conseguimos, enfim, por tudo que temos: Nossa vida, nossa saúde, nossa família, nossos parentes, nossos amigos, nossa casa, nosso emprego, nossa empresa, nossos empregados e a todos com quem convivemos e nos ajudam ou prestam-nos serviços.

A felicidade vem como consequência. Não há ninguém no mundo que não tenha algo para ser grato. Pode ser por um “bom dia” que recebemos, um livro que ganhamos, um presente de natal ou aniversário, uma viagem que fizemos, um pôr do sol ou uma estrela no céu que curtimos, uma flor que encontramos num jardim, uma música que ouvimos, um banho que tomamos, a brisa fresca de uma noite de lua que sentimos, o canto de um pássaro que ouvimos, até o ar que respiramos.

Tudo que possuímos, fazemos, sentimos e curtimos é uma dádiva divina portanto devemos ser grato, primeiro a Deus, depois a quem nos proporciona e compartilha.

Nada nos faz tanto bem quanto o agradecimento manifestado explicitamente. Devemos dizer para nós mesmos o quanto somos e estamos felizes, diariamente, desde quando acordamos até a hora que vamos dormir.

E para as pessoas mais próximas que gostamos, como pais, filhos, companheiros e amigos, além do sentimento de amor que sentimos, temos que demonstrar com palavras, abraços e atitudes.

Ajudar, ser solidário, fazer o bem aos outros deixa-nos mais felizes, além de formar uma corrente do bem que se propaga entre as pessoas, mas sempre sem esperar retorno imediato pois, fazer o bem é como plantar uma árvore, o fruto só vem depois.

Sejamos grato por tudo de bom que nos aconteceu, que nos acontece e que nos acontecerá. Não devemos reclamar por algo de errado ou ruim que nos acontecer. Nada nos acontece por acaso, é importante ficarmos atentos para descobrir o motivo e evitá-lo para que não se repita.

Vamos ser felizes com o que temos e almejar sempre o melhor mas sem esquecer que a vida passa rápido. Vamos viver o presente todos os dias sem deixar nada para depois, pois podemos não estar lá para curtir e se tivermos pode ser que não tenhamos mais a mesma vontade e disposição.

Façamos o melhor para nós e para os outros aqui e agora. Vamos ser grato por tudo e a todos, vamos nos amar e amar os outros. A recompensa sentimos no dia a dia em forma de felicidade.

Sejamos alegres, amáveis, educados, prestativos e bondosos. Deixemos que o espírito nos oriente nas nossas atitudes, ações e decisões. E sejamos felizes

domingo, 23 de fevereiro de 2020

OS RIOS

Rio Surubim. Foto: Elmar Carvalho


OS RIOS

H. Dobal (1927 – 2008)

Ai rios do Piauí, água rica de peixe
de couro e de escama.

De todos os rios sobra uma cantiga
de bem viver. Um rio preguiçoso
se compraz no seu curso. Outro rio
subterrâneo se afunda no peito.

Campo de areia, água viva nos pés,
água pesada na memória.
Senhor das dimensões um rio segue
suas margens renovadas, ribanceiras
movediças. Um rio move
seus habitantes, seus destinos.

                      Dodó das Cabeceiras
                      conhecedor dos rios
                      com eles aprendeu
                      a plenitude da vida.

Seu ritmo irregular um rio instala
faz a sua própria força. Cava os seus canais
seus tributários arrecada.

Água de beber, água de lavar,
água de nuvem, água do chão.
Móvel. Migrante. Um rio.
Jamais o mesmo.

Extraído do site Alguma Poesia

sábado, 22 de fevereiro de 2020

IDEIAS SÁBIAS E INSPIRADORAS PRECISAM SER IMPLEMENTADAS




IDEIAS SÁBIAS E INSPIRADORAS PRECISAM SER IMPLEMENTADAS

Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)


                Ou seja, se você não vai a todas as lojas do shopping, não deveria pagar o valor integral da taxa de estacionamento que lhe é cobrada, mas um percentual, uma fração, cujo numerador seria a tarifa integral, e o denominador o resultado da divisão obtida entre o número de estabelecimentos visitados e o montante do de empresas que o centro comercial dispõe.

                Como não, se aquele edil quer que frequentadores das salas de cinema dos shoppings, após o fechamento das demais lojas, fiquem isentos da taxa de estacionamento? Quer dizer, a partir do momento de fechamento daquelas, o que era privado, passaria a ser público, e gratuito. Ora, ora. Seria isso atividade parlamentar, ou intromissão descabida? Imiscuir-se em assunto atinente à iniciativa privada, e não só isso, de caráter excepcional? Certamente, o shopping deve recolher o imposto sobre serviços tendo como base o faturamento referente a todas as vagas disponibilizadas ocupadas, conforme registro do ingresso no estabelecimento. Que as salas de cinema, então, arquem com o valor dispensado, assumindo a tarifa de estacionamento de seus usuários, após fechado o shopping; ou será que existe vaga específica para tal ou qual loja/empresa?

                O mesmo prolífico parlamentar teria outro inusitado projeto de cunho econômico-social a oferecer: eximir, isentar da taxa de iluminação pública os deficientes visuais, uma vez que, segundo ele, esses não usufruem da energia elétrica que ilumina as vias públicas. Por que não estender a isenção quanto à eletricidade consumida pelas lâmpadas da residência, comércio ou local de trabalho dos mesmos cidadãos? Se, também nesses, não veem o que elas iluminam, deveriam ser responsáveis financeiros tão somente pelo consumo de energia elétrica relativa a outras fontes: condicionadores de ar, splits, ventiladores, ferros de passar, liquidificadores, geladeiras, fogões; lâmpadas, não.

                Logo, logo vai propor, caso encontre um par legislativo ou alguém com inteligência tão privilegiada, que os vegetarianos ou veganos não deveriam pagar, recolher tributos sobre as refeições com base em carne animal, que os restaurantes ou similares oferecem ao público em geral. Por motivo de justiça, talvez propor isenção aos carnívoros, em relação às frutas, legumes e hortaliças que, ainda que ofertadas a todos, não usufruíssem ou não consumissem. Ou não?

                Papo assim, tão anacoluto quanto o do nobre e “inocente” parlamentar, somente o daquele boquirroto ministro governamental que, não de todo satisfeito com as asnices tantas vezes ditas, inopinada e, intempestivamente, como aquela de chamar os funcionários públicos de parasitas, acrescentaria outra mais ofensiva, idiota e desnecessária que as anteriormente veiculadas: que dólar bom é dólar alto, valorizado, porque, assim, evita que trabalhadores, como os domésticos, possam viajar à Disney, fazendo uma festa danada. O tosco auxiliar presidencial nem esperou que a verdade lhe fosse apresentada: mais de três centenas de milhares dos nossos sagrados empregados domésticos, por conta, também, de outros coices disparados por governos e parlamentos intransigentes, perderam seus empregos no último semestre, e muitos ainda vão perder, porque – como diria o Eclesiastes: oh vaidade das vaidades! diríamos: oh pobreza das pobrezas! -, mesmo as contribuições previdenciárias e patronais que seus empregadores em nome deles recolhiam, até o ano de dois mil e dezoito, e que poderiam deduzir no momento da apuração de seu imposto de renda, não mais poderão fazê-lo em relação ao ano dois mil e dezenove. É provável – seria isso que estariam almejando ou desejando os ilustres pensadores da economia brasileira? – que a informalidade volte a ser o repositório de tantos deles, e de outros profissionais expurgados da formalidade.

                Ou seja, parece que estamos muito bem servidos de cabeças pensantes, tanto paroquial, quanto, nacionalmente. Querer mais o quê? Talvez, repor nossos palácios governamentais e povoar os parlamentos com gente abnegada, sensível e preocupada com o bolso e o emprego dos cidadãos, como tantas que, ora, lá estão; desse modo, ideias tão sábias quanto inspiradoras, como as acima citadas não correriam o risco de esvair-se, esfumar-se em meio à realidade cotidiana.   

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

APL defende a adoção de autores piauienses em audiência pública do CEE

Fonte: site da APL

A Academia Piauiense de Letras participou, através de seu presidente, jornalista Zózimo Tavares, da audiência pública realizada hoje (20.02), pelo Conselho Estadual de Educação, para discutir o novo currículo do Ensino Médio.

O debate é travado em todo o país. Cada Estado está encarregado de elaborar as diretrizes curriculares para esta etapa do ensino básico.

Os Estados seguem o cronograma de implementação da Base Nacional Comum Curricular, a BNCC.

Participaram do evento técnicos e dirigentes da Secretaria Estadual de Educação que estão trabalhando a reforma.

Mais de 20 instituições interessadas na questão também se fizeram presentes ao debate e ofereceram propostas.

A Academia, por exemplo, defendeu a adoção do ensino de literatura piauiense nas escolas, como determina a Constituição Estadual, em seu Artigo 226.

Também pediu que seja incluído no novo currículo o cumprimento da Lei 6.553/14 (Lei Merlong Solano). Ela determina que pelo menos um terço dos livros paradidáticos adotados pelas escolas das redes pública e privada sejam de autores piauienses.

 As mudanças no Ensino Básico dão margem a que cada Estado defina seu currículo de referência, contemplando as questões regionais e locais.

As escolas também têm autonomia para elaborar seus currículos.   

DESASTRE ECOLÓGICO

Fonte: Google


DESASTRE ECOLÓGICO

Elmar Carvalho

O homem andava de dois.
Tornou-se frágil
e arrimou-se na bengala.
Tornou-se fraco ainda mais
e anda de quatro
como os outros animais
de que ninguém mais fala:
os animais não mais existem
e o homem já não fala.
O homem é o enigma da Esfinge
por ele mesmo reinventado,
mas indecifrado.   

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Agenda furada



Agenda furada

Carlos Rubem
Cronista e articulista

Em julho de 1999, já por conta das comemorações dos 500 anos do Brasil, empreendi viagem de lazer, por 07 dias, com a minha família, a Porto Seguro, local em que a esquadra cabralina “descobriu” este país tropical.

Antes, estivemos em Salvador. Certo dia, através de uma agência especializada, fomos fazer um passeio pela cidade, numa Van, juntamente com outros turistas.

Em determinado momento, o motorista estacou o carro enquanto o guia prestava informações acerca da capital baiana. Apontou para uma casa dizendo que ali havia nascido o Visconde de Cairu, aquele que articulou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal, que resultou a Carta Régia de 24 de janeiro de 1808.

Nesta hora, o meu filho Gérson Oeirense Lopes Reis, de 08 anos, à época, tomou a palavra, se apresentou, disse de onde era e acrescentou que em sua cidade havia a Casa do Visconde da Parnaíba, a Casa da Pólvora, arrancando estrepitosa gargalhada dos presentes!...

Como acontece habitualmente, o Ministério Público Estadual mandou confeccionar uma vistosa agenda, constando fotografias de diversos pontos turísticos do Piauí, para distribuir entre seus membros, servidores e estagiários.

Qual a minha surpresa, referente ao mês de fevereiro do fluente ano, está estampada uma imagem do Solar das 12 Janelas, edificação colonial, com a seguinte legenda: “Casa do Visconde da Parnaíba - Oeiras (PI)”. Claro que fiquei desapontado com este flagrante equívoco.

Tomei conhecimento deste fato, hoje (18.02.2020), na sede local do MP/PI. Quando comentava sobre este assunto com a simpática Tatiana Ximenes, Assessora Ministerial da 2ª Promotoria de Justiça, da qual fui titular, esta me indagou se era verdade que um dos proprietários daquele Solar houve 12 filhas e que, cada uma ficava, nas janelas, observando o tempo passar.

Expliquei-lhe que seu relato se trata de uma fantasia já arraigada na crença coletiva. Tudo ocorreu a partir da força artística do monumental poema “Noturno de Oeiras”, da lavra do Elmar Carvalho, natural de Campo Maior, membro da Academia Piauiense de Letras - APL, cujo fragmento transcrevo abaixo:

“Da casa de doze janelas
doze donzelas me espiam com olhares
que são setas de de medo que
assustam e extasiam”.

As lendas sempre embalaram os povos ao longo do tempo...   

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

LIVRO E DISCOS VOADORES

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

                  

LIVRO E DISCOS VOADORES

Elmar Carvalho

Anteontem aconteceu o lançamento de “Seleta em Verso e Prosa” de Alcenor Candeira Filho, meu amigo há mais de trinta anos. Nutrimos uma admiração e respeito recíprocos. Já há algum tempo lhe “cobrava” uma antologia que contemplasse também seus   textos mais antigos, que sempre admirei, e que achava importantes pela “parnaibanicidade” de que estavam impregnados.

O Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, excelentemente, apresentou a obra, através de texto em formato de crônica. O Alcenor fez algumas contextualizações e esclarecimentos necessários. Em suma, foi uma grande festa, de cultura e de congraçamento, em que pude rever caros amigos. Estou me refestelando com os belos textos enfeixados na antologia. No decorrer do farto coquetel, conversei com o amigo e poeta Jorge Carvalho, e admirei, mais uma vez, a sua memória prodigiosa.

Disse-me que, entre os guardados de sua mãe, descobriu um pequeno convite para a missa de sétimo dia de minha irmã Josélia, tragicamente morta no esplendor de seus quinze anos, em desastre automobilístico, em 2 de julho de 1978. Em determinado ponto, falamos em almas ou espíritos, já que o Jorge é espírita convicto e praticante. Das almas derivamos para discos voadores.

A escritora Dilma Pontes nos instigou a contarmos algum caso sobre esses objetos voadores. O Jorge, que é meu amigo faz mais de trinta anos, desde quando ele ainda era estudante universitário no Recife, e me dava o prazer de visitar-me nos Correios de Parnaíba, quando vinha de férias, lembrou-se de que eu tinha uma antiga experiência a esse respeito. Narrei o fato que me aconteceu.

Eu fora com o Reginaldo Costa, do jornal Inovação, levar um recado do sociólogo Antônio José Medeiros a uma pessoa que morava perto de Chaval (CE). Fomos em minha motocicleta. Quando voltamos, em certo ponto da estrada, já noite fechada, vimos umas luzes, arredondadas, mais ou menos da altura do teto de uma casa, no meio do breu total da noite. Parei a moto. Eu e o Reginaldo olhamos essas luzes sem nenhum receio.

As luzes pareciam suspensas sobre uma grande árvore, como bolas natalinas, porém maiores que estas. Logo descartei todas as possibilidades “lógicas”: não eram fagulhas de fio elétrico encostado em folhas, porque elas caem, são avermelhadas, pequenas, efêmeras e não são redondas; não podiam ser folhas, flores ou brotos fosforescentes, porque estes são de baixa luminosidade e também não têm forma arredondada definida, e por estas mesmas razões não poderiam ser fogos-fátuos, que, além do mais, oscilam ao sabor do vento.

Achei prudente prosseguir em direção a Parnaíba. Chegando ao povoado Olho d'Água, resolvi parar em um boteco que havia na beira da estrada, que achei simpático por imitar um carroção antigo, todo de madeira. Tomamos umas três doses de pinga, pagamos algumas para umas pessoas presentes, e contamos o caso. Dissemos a que distância ocorrera.

Os nativos nos informaram que no local indicado aconteciam alguns fatos misteriosos, e que ali já apareceram alguns animais mortos, inclusive jumentos, como se tivessem sido sugados ou drenados; não apresentavam uma gota de sangue. Com efeito, o imaginário popular fala em certos “chupa-cabras”, uma espécie de vampiros vindos do espaço sideral.

Não conversei mais sobre este assunto com o Reginaldo. Parecia termos feito um pacto de silêncio. Contudo, uma única vez, muitos anos depois, puxamos esse caso. A lembrança que eu tinha era a mesma que ele conservava, o que parece dar credibilidade à história, que asseguro ser verídica. Não tenho explicação para o acontecido, mas os mistérios são mesmo sem explicação. Caso contrário, não seriam mistérios.   

22 de abril de 2010

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Um livro notável

Reginaldo Miranda



Um livro notável

Zózimo Tavares
Presidente da Academia Piauiense de Letras

Reginaldo Miranda brinda seus leitores com mais uma obra literária de fôlego e essencial, este Piauienses Notáveis, fruto de ampla e criteriosa pesquisa em arquivos do Piauí e além-mar.

O livro sai com o selo da prestigiada Coleção Centenário, da Academia Piauiense de Letras, idealizada e iniciada por ele, quando presidente da Casa de Lucídio Freitas, para celebrar os 100 anos de fundação da entidade.

Uma coleção que, tocada pelo arrojo e o dinamismo de Nelson Nery Costa, atual presidente da APL, se firmou como o maior projeto editorial do Piauí de todos os tempos, com mais de 100 volumes publicados, em sua maioria de obras raras e clássicas do e sobre o Piauí.

Piauienses Notáveis é o primeiro Tomo de uma série de três que o autor tem na gaveta sobre vultos do Piauí.

Este primeiro volume abrange o Período Colonial. O próximo será relativo às personalidades que marcaram o Império no Piauí. O seguinte focalizará os notáveis da República.

Neste primeiro volume, o autor reúne as biografias de 80 personalidades. Trata-se, então, do maior conjunto de biografias piauienses publicados até agora em um único livro.

Em sua linha de pesquisa, segue fielmente os passos do biógrafo pioneiro Miguel de Sousa Borges Leal Castelo Branco e de Pereira da Costa, Clodoaldo Freitas, Odilon Nunes e monsenhor Chaves, mas acrescenta fatos e dados novos, colhidos diretamente em fontes primárias.

Uma autoridade, hoje, em pesquisas genealógicas, Reginaldo Miranda retira da poeira do esquecimento, com este seu projeto, muitas figuras de relevo de nossa história.

Neste volume, ele joga luzes sobre a vida e a obra de Domingos Jorge Velho a Caetano Vaz Portela, passando por Domingos Afonso Mafrense, Mandu Ladino, João Pereira Caldas, João do Rego Castelo Branco, Simplício Dias da Silva, Valério Coelho Rodrigues, Luiz Carlos pereira de Abreu Bacelar, Cacique Bruenque e José da Cunha Lustosa, entre outras personalidades marcantes do começo do Piauí.

Com este livro, o Piauí seguramente se conhecerá melhor, na medida em que visita sus antepassados e o legado de cada um deles.

Como apropriadamente observou o historiador Fonseca Neto, titular da Cadeira 1 de nossa APL e autor do prefácio da obra, com este livro “a chamada América Portuguesa, em particular a regionalidade centrada no Piauí, ganha uma contribuição efetiva para dela se ter medidas mais fundamentadas de sua formação social-histórica”.

Vê-se, por aí, que Piauienses Notáveis já nasce como um livro notável.   

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Seleta Piauiense - Clóvis Moura

Fonte: Google



OUTONAL

Clóvis Moura (1925 – 2003)

Depois da primavera o caos no mundo
e uma nuvem deitada nos meus braços,
criança abandonada que regressa
até o tempo de voltar criança.
Depois da primavera um lance apenas
de resto para viver um pouco tarde:
as tardes que perdemos são memória
e as mãos acordam para um abraço calmo.
Depois da primavera uma esperança
de tudo ser tranquilo e repousante,
ser como aquilo que sonhei um instante.
E depois deste outono a vaga espera,
um sabor de passado sem memória
ou só memória, após a primavera. 

sábado, 15 de fevereiro de 2020

CARNAVAL – A FESTA DO POVO

 
Fonte: Google


CARNAVAL – A FESTA DO POVO

Carlos Henriques Araújo
Cronista e memorialista

Ninguém sabe, exatamente, como e quando surgiu o carnaval. Os estudiosos e pesquisadores, cada um ao seu modo, têm uma definição. Uns acham que o carnaval teve sua origem nas antigas celebrações da humanidade, como as festas gregas e egípcias que homenageavam a deusa Isis e o renascer da natureza com a chegada da primavera. Outros defendem que as festas de carnaval estão associadas a fenômenos astronômicos e a ciclos naturais.

Segundo a Vikiquote, "o carnaval é um período anual de festas profanas, originadas na antiguidade e recuperadas pelo cristianismo, que começava no dia de Reis (Epifania) e acabava na Quarta-feira de cinzas, às vésperas da Quaresma. Constituía-se de festejos populares provenientes de ritos e costumes pagãos e se caracterizava pela liberdade de expressão e movimento".

O carnaval talvez seja a única festa universal, depois do reveillon. Ela se caracteriza por bailes, festas, desfiles e corsos transformados em divertimentos públicos e manifestações populares de liberdade.

No Brasil, o carnaval deve ter começado por volta do ano de 1723, de lá cara cá sofreu influência do carnaval de vários lugares: dos portugueses das ilhas de Açores, Cabo Verde e Madeira, que o chamavam de Entrudo, vieram o corso e o mela-mela; depois chegaram, vindo da França, as batalhas de confetes e de serpentinas, o uso de máscaras e as fantasias, entre elas a do Pierrô, da Colombina e do Alecrim.


Mas, graças à imaginação do brasileiro, nosso carnaval criou um estilo próprio que o tornou mundialmente conhecido e visitado por turista do mundo inteiro.

O Carnaval é, sem dúvida, a maior festa popular do Brasil. É festejado durante os quatro dias que precedem a quarta-feira de cinzas. Embora em cada estado exista um carnaval fora destes dias, que começou na Bahia quando os baianos começaram a brincar também na quinta-feira da terceira semana da Quaresma, dando o nome para esta festa de Micareta, que deu origem a várias outras nos estados do Nordeste, todas com característica baiana: axé music, abadás, pipocas e a presença indispensável dos Trios Elétricos.

Realizadas no decorrer do ano elas começam em Fortaleza com o Fortal; em Natal, com Carnatal; em João Pessoa, com a Micaroa; em Campina Grande, com a Micarande; em Maceió, com o Carnaval Fest; em Caruaru, com o Micarú; em Recife, com o Recifolia, e em Teresina, a Micarina.

O carnaval no Brasil, ao longo do tempo, tem sofrido uma metamorfose, os mais velhos que o digam. O espírito do carnaval, sem querer fazer trocadilho, parece que baixou noutro terreiro. Já foi o tempo que o carnaval era somente folia, prazer, alegria, descontração e principalmente uma brincadeira. Era costume dizer: vou brincar o carnaval. 

Segundo a escritora Betty Milan, autora do livro Os bastidores do Carnaval: "o carnaval faz parte da cultura do brincar que, por sua vez, faz parte de uma cultura do riso datada da Renascença, a chamada cultura rabelaisiana ou da praça popular". Mais na frente, ela conclui: "a cultura macunaimica e antropofágica do brincar, de tão nacional, não precisa ser contrária ao estrangeiro, não é nacionalista porque ela é indiscutivelmente universal".

Rachel de Queiroz expressa, com maestria, o espírito "do brincar" numa de suas crônicas: "Os pequenos blocos de foliões, de cara pintada, batendo os seus ganzás pelas ruas da cidade... Em geral esses grupos eram formados por habitantes de um quarteirão ou pouco mais, conhecidos de sempre, e que a folia carnavalesca, umas garrafas de cerveja e uns vidros de lança-perfume, davam animação suficiente para que, desinibidos enfrentassem a rua, os passantes curiosos e até outros grupos rivais."

A verdade é que o carnaval mudou, opinião corroborada pela escritora Lygia Fagundes Telles "Ligo a televisão. Plumas, pedrarias, dourados – é o desfile do carnaval milionário. Os holofotes estão tontos, tonto o cinegrafista porque os apelos são excessivos, tudo é importante ...”. Focalizar o passista, não perder a mulata que já vem vindo quase nua, tem que mostrar a fantasia de estrela, os Lamês e lantejoulas, os seios, o ventre, o traseiro, tudo. “Foca na Prochasca” dizia o reporter...

Para o cantor e compositor Paulinho da Viola “O Carnaval mudou, os desfiles privilegiam o espetáculo visual em detrimento do samba, do ritmo e do povo cantando".

É uma pena não termos mais uma Chiquinha Gonzaga para criar músicas para carnaval. Chega de competição! "Abram alas" para a alegria, para brincadeira e fechem as portas dos cofres da tesouraria dos empresário da Sapucaí.   

Diretoria da APL começa articulações para levar a Literatura Piauiense às escolas



Fonte do texto e das fotos: Cidade Verde

O Conselho Estadual de Educação foi a primeira instituição visitada pela nova Diretoria da Academia Piauiense de Letras nesta quinta(13) e teve como objetivo de levar a Literatura Piauiense para as escolas.

A determinação está prevista no parágrafo 1º do Inciso V do Art. 226 da Constituição do Piauí, que torna obrigatório o ensino de Literatura Piauiense nas escolas públicas e particulares do Estado.

Os dirigentes da APL foram recebidos pelo presidente do Conselho, professor Francisco Soares Filho, e pela vice-presidente, professora Margareth Santos.

A APL ficou de encaminhar oficialmente ao Conselho Estadual de Educação uma exposição sobre a questão.

Boa receptividade
O presidente da Academia, Zózimo Tavares, afirmou que a direção do Conselho foi muito receptiva.

Também participaram do encontro, de natureza informal, os acadêmicos Magno Pires (vice-presidente), Dilson Lages (2º secretário) e Elmar Carvalho, presidente da UBE-PI quando da elaboração da Constituição do Piauí de 1989.

Por solicitação da entidade, foi inserido na Constituição Estadual o dispositivo sobre Literatura Piauiense.

Até agora o texto não passa de letra morta e o seu cumprimento é a meta-síntese da nova Diretoria da APL.