domingo, 24 de novembro de 2019

DALILÍADA

Fonte: Google
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DALILÍADA
(poema épico inspirado na vida e na obra de Dalí)

Elmar Carvalho

          I

Com seu recurvo bigode surreal
       – chifre e aguilhão –
Dalí touro e toureiro
toureia consigo mesmo.
Dali                Daqui                 Dacolá
Daquém                                    Dalém
de toda p’arte
de toda arte’manha manhosa
de toda ante-manhã maviosa
onde arde uma tarde
dentro da noite/dia surreal
que não é feita de preto e branco
mas de cores (b)errantes
e nunca de pusilânimes
                     cores cambiantes.

           II

Ó mulher amada
de tristes olhos perdidos parados
que o rito de tua gênese divina sublima
de busto transparentemente dissolvido
na neblina de agreste solidão
que toma a forma de teus seios
de teus seios que tomo em minhas mãos
de teus seios que são laranjas e maçãs.
E teus seios se fazem vales
pelas vertentes das nádegas.  

           III

No “Canibalismo dos Objetos”
degluti o teu sapato
como se fora teu pé.

           IV

A cúpula recôncava
se transmuda em cabeça
de mulher picassiana
e a paranóia continua
noutra cabeça deitada.   

(Continua na próxima postagem)

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