segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO



Pombal e apresentação do Grupo Purik, na praça Marechal Deodoro da Fonseca, centro histórico de Teresina, com suas belas músicas andinas.

23 de janeiro de 2010

Na manhã deste sábado, fui às compras, com minha mulher e minha filha, no centro da cidade. Enquanto a Fátima se desincumbia da demorada tarefa, por sua sugestão, fui com a Elmara conhecer o chamado shopping da cidade, onde foram instalados os camelôs que tomavam as ruas, as praças e as calçadas do centro histórico e comercial de Teresina. Devo admitir que foi um grande feito a atual gestão municipal conseguir a solução desse problema, de forma adequada e confortável para os vendedores ambulantes e para as demais pessoas, pedestres, motoristas e clientes. Minha filha aproveitou o ensejo para tirar fotografias dos pombos que ainda existem na Praça Marechal Deodoro da Fonseca, em suas acrobacias e revoadas. Vendo as aves em suas casinholas, lembrei-me do poeta Raimundo Correia, que também foi juiz de Direito. Num de seus magistrais sonetos, o parnasiano disse que na juventude, semelhante às pombas que deixam os pombais, as ilusões nos acompanham em revoada. Só que com esta diferença: as pombas retornam ao seu ninho, mas as ilusões, em nossa velhice, não voltam mais. O vate terminou ganhando o incômodo epíteto de poeta das pombas. Evidentemente, ele detestava tal apelido, e não lhe via a menor graça.

Na praça, perto da estátua do poeta repentista Domingos Fonseca, no gênero um dos maiores do Brasil, se apresentava o Grupo Purik, composto por índios, que se autodenominam “caminantes de los Andes”. Provavelmente, são descendentes dos Incas, que construíram as notáveis pirâmides andinas e formaram avançada e antiga civilização, tanto na agricultura, que era irrigada, como na domesticação de lhamas, alpacas e porquinhos-da-índia, bem assim na construção de prédios, monumentos, aquedutos e estradas, até a sua destruição pelo contágio de doenças européias e pelas tropas de Francisco Pizarro, que foi o El Matador de lá. Não sei se houve algum H. Dobal andino, a vergastar a sanha do conquistador espanhol. O grupo musical era formado por homens e mulheres, que vestiam suas roupas típicas e tocavam instrumentos de sopro e percussão, com o auxílio mecânico de playback. Havia uma bandeja para o recolhimento de contribuição financeira dos ouvintes e eram vendidos cd e dvd. Na capa do dvd que adquiri, estavam estampadas uma matilha de lobos e a imponente cordilheira dos Andes dos condores de Castro Alves, justamente considerado o maior poeta condoreiro do Brasil. Ao ouvir a bela e pitoresca música, com o som de diferentes flautas de Pã, pífanos, maracás e tambores, fui tomado por forte emoção, talvez atávica, como se um chamado selvagem e harmonioso me atraísse para as eternas geleiras dos Andes. Cheguei a sentir um quase calafrio, como se, por entre os sons das flautas e dos tambores, eu ouvisse o uivo enregelante de um lobo a me espreitar na neve.

Um comentário:

  1. Elmar,

    Estou maravilhado com seu blogue, suas crônicas e batendo palmas para sua filha Elmara, que, em tão boa hora coloca você no centro dos blogueiros do mundo. Sabia? Este é um mundo espetcular porque é onde você exerce grande liberdade de dizer e de fazer, para nós principalmente a poesia. Mas adorei ler sua crônica sobre o Shopping Cidadão, o passeio pela Praça Mal.Deodoro e tudo mais. Grande cronista que você é e não somente poeta e crítico literário! Ora, meu amigo, dou-lhe mil parabéns por tudo, voltarei a acessá com frequência e, para tanto faço, em seguida,um linque no meu http://franciscomigueldemoura.blogspot.com
    Abraço afetuoso do

    CHICO MIGUEL

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