terça-feira, 30 de março de 2010

O POETA ELMAR CARVALHO LANÇA LIVRO EM PARNAÍBA

Wilton Porto

Charge de Gervásio Castro, ilustrando o "poemito" Mestre Ageu

O poeta Elmar Carvalho lançou na noite do dia 27 (março/2010) o livro “PoeMitos da Parnaíba”, num conjunto de 25 PoeMitos, em que ele retrata figuras populares, pitorescas, excêntricas e jocosas da cidade, “mas sempre no que elas tinham de mais comovente e de mais humano”.

O livro conta com as ilustrações de Gervásio Castro, parnaibano ora morando no Rio de Janeiro, e considerado um gênio nesse tipo de arte, aqui navegando pela charge, outras vezes pela caricatura. Cunha e Silva Filho, na apresentação do livro diz: “...Os recursos de criatividade já conhecidos dos seus principais exegetas, saltaram do espaço poético para o desenho ilustrado, adquirindo ainda mais vida e complementando as descrições físicas, morais e psicológicas pelas quais ficaram conhecidos na crônica social da cidade de Parnaíba”.

Assim, o livro fora apresentado pelo poeta Alcenor Candeira Filho, e depois pelo Presidente da Academia Parnaibana de Letras, cronista e poeta Antônio Ribeiro dos Santos, como de autoria de Elmar Carvalho e Gervásio Castro, tal a sintonia entre arte literária e arte em forma de figuras.

Existe uma forma elmarcarvalhiana de escrever. Isso significa que Elmar Carvalho é reconhecido pela maneira de poetar. Como a maioria dos poetas de hoje, ele não usa da rima metrificada, rígida do parnasianismo. Ele está para o modernismo. Os temas são variados, primando pela crítica, lirismo, social, políticos e, como se pode ver nos poemitos, o lado jocoso, pitoresco, excêntrico, como lemos no primeiro comentário do livro. Porém, eu capto rimas espalhadas por cada poema escrito. Vejamos no próprio livro aqui comentado, no poemito Derocy: Oral (final do segundo verso) com boçal (final do terceiro verso). Bestialógicos (final do quarto verso) com ilógicos, escatológicos (segunda e terceira palavras do quinto verso, que conclui esse verso com a palavra “tirava”.

Em “Meio-Quilo”, no sexto verso, surgem: “estrambóticas e eróticas”. Em Alarico da Cunha ele tomou mão de quixótico e exótico no quarto verso. No poeMito Lobaia, ele vai um pouco mais longe nas sequências de rima da terceira à sétima estrofes, no tocantes aos finais: monstruoso, mastruoso, famoso. Lobaia, cobaia. E assim o poeta se agiganta, trazendo musicalidade, cores, harmonia, síntese... Em Maria das Cabras, por exemplo, vejamos essa sequência que traduz beleza rítmica: “Passava com seu passo leve/ - quase voo de pássaro”. Confira o leitor as palavras: passava, passo e pássaro. Não existe uma repetição de fonemas? Uma aliteração, recurso poético? Gostaria que o leitor do livro parasse um pouco do poemito “Bernardo carranca”. As rimas, como costumamos ver, não têm: a rima que está presente no final de cada verso. Exemplo: primeiro verso rimando com o terceiro e segundo rimando com o quarto. Todavia, nesse poemito, o autor do livro imprimiu rimas por todo o poema. Uma marca registrada de Elmar, que dá beleza, musicalidade e gostosura em se apreciar o poema.

Poeta Elmar Carvalho está entre os grandes literatos do Piauí. Não fica a dever a nenhum bardo deste país. E como morou muito tempo em Parnaíba, aqui estudou e viveu uma grande efervescência literária, é considerado filho desta cidade, apesar de ter nascido em Campo Maior. PoeMitos da Parnaíba mostra o amor que o vate tem pela cidade litorânea. E o parnaibano agradece a esse Juiz: o carinho que ele dispensa a esta terra, o muito que legou em termos de literatura e de amizade.

Do livro ora lançado, publico – aqui – o poemito “Mestre Ageu”, porque além de nos legar obras “escultóricas” de grande valor, esse homenageado no livro de Elmar é meu amigo e por quem tenho grande respeito. A consideração que há entre nós dois é das mais brilhantes.



MESTRE AGEU

Mestre Ageu
Mago das artes escultóricas,
Novo rei Midas do antigo mito
A transformar em estátuas
Troncos toscos de madeira
Com os toques de suas mãos.
Mestre Ageu
Pigmalião dos mágicos toques
Faz mais uma escultura:
Ninguém se espantaria
Se ela gesticulando
Lhe desse “bom dia”.
Mestre Ageu
De arte tão exata
Que lhe força fabricar
O seu cinzel de cortar.
Mestre Ageu
Em sua agrura
Agora chora ora e deplora
Afagando/abraçando/agarrando
A escultura, sua cria/tura:
O compra/dor a veio buscar.

Notem o jogo de palavra dos seis últimos versos.



Um comentário:

  1. Nobre bardo,
    Primeiramente, aceite minhas congratulações por mais esta publicação de um poetar singular que é o seu estilo ímpar de fazer versos. O caro vate já é sabedor da minha admiração por tamanho talento e pelo jogo que, com inigualável maestria, faz com as palavras como foi feito em POEMITOS.
    Quero ter a oportunidade de ler o seu caçula literário!
    Nelson Rios
    Leitor Assíduo

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