segunda-feira, 15 de março de 2010
RELEMBRANDO A VELHA MESTRA
Casarão da Praça Bona Primo, em que residiu a professora Briolanja Oliveira. Recentemente, foi doado pelo município, na gestão do prefeito Joãozinho Félix, para ser a sede da Academia Campomaiorense de Artes e Letras, sob a presidência do escritor e historiador João Alves Filho.
SIMÃO PEDRO ANDRADE
Uma sensação muita estranha senti quando vi nosso casarão invadido. Relembrei minha infância e os tempos felizes; domingo ao cair da tarde na Praça da Matriz, uma multidão de crianças a correr e brincar. Recostado ao painel do boi, meus olhos percorriam a imensa paisagem, de lonje avistei o casarão solitário, entre os portais cor de vinho, ela ali estava, sentada na cadeira de palinha elegante como uma rainha.Corri em direção ao que avistara, com a respiração ofegante beijei suas mãos, e como numa prece falei: "Abença Tia Briolanja", abençoado atendi ao convite para sentar,quieto esperei a pergunta de sempre: " Meu filho, como vai o Turuka?" ao tentar responder a pergunta uma nuvem de andorinhas rasga o céu, o sino da igreja anuncia, se aproxima a hora de Maria;do corredor do casarão uma voz é ouvida,é a Maria José, preta velha querida, anunciando o jantar a ser servido.Fico quieto esperando o convite, e escuto uma voz suave fazendo um pedindo: "Maria José, ponha mais um prato, hoje temos um convidado". Assentado à mesa olhando a porcelana branca e fina, aguardo o momento para ser servido.Três crituras ao redor da mesa se postam, cada uma na sua função,servindo-nos com amor e zelo, expressando um largo sorriso.Ouso levantar minha vista e aqueles olhos amendoados e tristes me fitam com carinho como se agradecesse a companhia,com um sorriso tímido respondo e de novo me inclino. A boa Teresa de mim se aproxima, com uma jarra me serve água pura e cristalina. Ao fim da refeição,ela se recolhe ao quarto grande,mais uma vez deixo meu ósculo naquelas mãos, peço sua benção,e uma voz suave me diz: "Deus te abençoe meu filho". Aquele pequeno e frágil corpo entra em seus aposentos,a porta é fechada,saio dali feliz, sem saber que aquele era nosso último encontro.
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Estas situações mexem muito comigo, sou muito ligado ao passado, não me prendo a ele, mas temho um profundo respeito.Esta casa representa muito para mim,foi o berço da minha família, antiga residência do Papai Emídio ( Cel. Emídio Genuino de Oliveira).Fiquei triste de momento com a surpresa, não sabia de nada, pois a casa pertencia a um outro ramo da família.Não mais encontrarei ali a Teresa, com seus petiscos maravilhosos, nem o sorriso do Luquinha ao me cumprimentar, é da vida, tudo passa. Agora,refeito do susto e confortado estou feliz com o destino dado a casa, ela vai ser preservada, e nossa Tia Briolanja, com certeza vai ficar muito feliz em ver nossa casa transformada agora em um paiol de cultura.
ResponderExcluirLeia- se tenho, na segunda linha do comentário.
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