domingo, 18 de abril de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Elmar Carvalho


18 de abril

VIDAL FREITAS - A TOGA E A CÁTEDRA

Nesta quarta-feira, conheci a Dra. Myrtes Freitas, irmã de meu colega e amigo Vidal Freitas Filho, corregedora da Defensoria Pública do Estado do Piauí, que fora inspecionar o polo sediado na Comarca de Regeneração, cujo titular é o defensor público Ivanovick Pinheiro, que também exerce o magistério superior, com muita proficiência. É uma pessoa simpática, de agradável conversação e interessada em assuntos culturais. Instigada por mim, falou-me de seu pai, o honrado e saudoso magistrado Vidal Freitas. Colho no livro Sua Excelência o Egrégio, da autoria do professor A. Tito Filho, a informação de que ele nasceu em Oeiras em 1901, e de que fundou e orientou jornais, em que escrevia sobre diversos assuntos. Foi professor de português, latim, inglês e história. Fundador e diretor de colégios. Bacharelou-se na Faculdade de Direito do Recife. Exerceu a magistratura em diversas cidades do estado. Segundo a referida fonte, dominava o francês, o inglês, o alemão, o italiano e o espanhol, além de conhecer profundamente o latim. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Piauiense e à Academia Piauiense de Letras. Em 1971, aposentou-se como desembargador. Perguntei à Dra. Myrtes se era verdade certo caso interessante e um tanto anedótico de que ele fora protagonista. Contou-me o caso. O desembargador Vidal era um homem sério e honrado, e bom e justo. Quando era professor da velha Faculdade de Direito, havia um aluno que trabalhava na então toda poderosa Casa Inglesa, que era rígida com relação ao cumprimento de horário. Por isso, esse aluno, forçosamente, chegava quase sempre um pouco atrasado às aulas. O diretor da faculdade, por alguma razão que desconheço, passou a fiscalizar a frequência dos discípulos. E certo dia foi inspecionar a frequência dos alunos do desembargador. Disse haver notado que na lista de presença não constava a falta desse aluno, que ainda não chegara. Vidal Freitas respondeu que ele viria, que já estava chegando. De fato, naquele instante o aluno entrou na sala, e a sua presença ficou mantida. Esse aluno galgou importante cargo público e conservou pelo mestre Vidal uma amizade e gratidão, que perdurou até depois de sua morte. Sua gratidão era tanta, que um dia comentou para familiares de Vidal Freitas, quando ele já havia falecido, mesmo sabendo que ele fora batista praticante, assim como sua família, de que havia sonhado com o velho professor, e de que este lhe pedira a celebração de uma missa. A família, claro, sabia que as suas convicções religiosas jamais lhe permitiriam fazer esse tipo de solicitação, mas entendeu que a realização desse culto católico era uma maneira de esse homem demonstrar a sua mais profunda gratidão pelo desembargador Vidal Freitas, por quem nutria nobres e perenes sentimentos de reconhecimento e amizade pelos benefícios recebidos. E a missa foi celebrada, com a presença da Dra. Myrtes Freitas.

Um comentário:

  1. Caro Elmar:
    Também conheci o Des. Vidal de Freitas. Ele morava perto da casa de um tio meu já falecido. Era pessoa respeitada intelectualmeante, sobretudo pelo seu talento para línguas. Certa vez, meu pai e eu estávamos passando por uma rua que vai dar na Praça Pedro II. De repente, meu pai cmprimenta um senhor bem vestido, já idoso mas ainda forte. Trocam algumas palavras de cortesia.
    Esse senhor era o professor Vidal de Freitas. Papai, então, aproveitando a ocasião, me apresenta a ele, acrescentando: "Filho, fale um pouco de inglês com o Desembargador." "Sim papai, será um prazer. Durante uns poucos instantaes, dialogamos animadamente na língua de Shakespeare. Tinha o Desembargador um inglês fluente, rápido, se não me engano com sotaque americano. Papai achou que me saí muito bem e demonstrando fluência.Foi, assim, que conheci a figura desse intelctual, poeta e escritor piauiense.
    Vejo que o amigo continua firme usando a pena, ou melhor, o teclado, para contar algum fato, acontecimento ou relatos de ordem vária que possam ter lhe chamado atenção no dia a dia da vida de um escrior e juiz.
    Cunha e Silva Filho

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