domingo, 11 de abril de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Elmar Carvalho

Batista Rios e Elmar Carvalho

11 de abril

NO REINO DO SOBRENATURAL

Fui à casa de meu colega e amigo João Batista Rios. Pedi-lhe que me contasse uma história que ele me havia contado há mais de seis anos, quando ele era juiz de Bertolínia, e eu, de Ribeiro Gonçalves. Muitas vezes viajamos, à noite, no mesmo velho e desconfortável ônibus, para as nossas longínquas Comarcas. De madrugada ele descia na sua cidade e eu continuava em minha desgastante odisséia madrugada friorenta a dentro. Repetiu a história da mesma forma como eu guardei em minha memória. Certo dia do início da década de 1990, quando ele era servidor federal da Previdência Social e advogado, por volta de 13:30 horas, estacionou seu carro na frente do Colégio das Irmãs, onde deixou sua filha, e seguiu a pé em direção a seu escritório, situado no Palácio do Comércio. Na calçada da antiga Escola Técnica Federal, na frente da EMBRATEL, avistou o padre Geraldo Vale, que fora capelão da Polícia Militar do Piauí e fora seu diretor espiritual no grupo da Renovação Carismática da Escola Dom Barreto. Quando o padre o avistou, em gesto largo e de muita expansividade, abriu os braços, como se estivesse se preparando para um grande abraço, e sorrindo o chamou de “meu advogado Dr. Batista Rios”, como costumava saudá-lo. Conversaram no máximo dois minutos. Despediram-se e Batista seguiu para o seu escritório. Um pouco adiante, voltou-se e viu o padre afastar-se no ensolarado início de tarde teresinense. O meu colega admirava esse capelão, pelo que ele tinha de ungido, de santidade, de homem efetivamente de Deus. Fazia tempos que não o via, mas sempre pensava nele, sempre desejando revê-lo, uma vez que passara a integrar o grupo da Renovação Carismática do Cristo Rei, deixando o que era dirigido pelo padre Geraldo. No caminho, foi pensando em como o achara rejuvenescido, quase transfigurado em sua expressão de alegria, de paz, de beatitude, com feição e expressões angelicais. De tarde, ao deixar o seu escritório, foi pegar uma revista na banca do Solon, na praça Pedro II. Nessa banca, encontrou Célia, que fora sua colega do antigo INAMPS e do grupo carismático do Dom Barreto. Com muita alegria lhe informou que havia encontrado, antes das duas horas da tarde, o padre Geraldo. Célia, incrédula e sorrindo, disse-lhe que ele estava a fazer mais uma de suas brincadeiras, pois tal fato jamais poderia ter acontecido, posto que o capelão havia falecido há mais de um ano. Batista retrucou-lhe que ela é quem estava a fazer gracejo, e foi embora. No dia seguinte, quando o magistrado Batista Rios, como costumeiramente fazia, foi assistir a uma missa na igreja de São Benedito, encontrou, logo na entrada do templo, a senhora Ivani, pessoa de muita devoção e de sua estima. Disse-lhe da alegria de haver encontrado, no dia anterior, o padre Geraldo Vale. Dona Ivani, algo perplexa, com as pupilas um tanto dilatadas, respondeu-lhe: - Meu filho, padre Geraldo já faleceu, faz mais de ano... Batista Rios, católico da mais lídima devoção, homem íntegro, magistrado honrado, não sabe a explicação definitiva para o fato, mas somente que ele aconteceu, da maneira que me narrou. Talvez o seu desejo em rever o sacerdote tenha sido tão forte, que materializou a imagem dele, que estava incrustada indelevelmente em sua mente; talvez o padre tenha obtido permissão para lhe aparecer uma última vez, para que Batista pudesse dar o seu testemunho de que há mais coisas no céu do que apenas aviões de carreira, como asseverou célebre ironista.

6 comentários:

  1. Prezado Elmar Carvalho:
    Ha muitos anos, quando adolescente, li um conto do filólogo Silveira Bueno,incluído num livro didático de José Cretella Jr. para o ginásio. Era, considerando as diferenças, semelhante ao relato feito por você. Alguém encntra, num determinado lugar, uma pessoa. Conversa com ela e, dias depois, conversando com um amigo, vem a ser que aquela pesoa há tempos estava morta.
    Quando li a história de Silveira Bueno, senti medo e fiquei assombrado com o relato, o que é comum como reação de um adolescente. Só que a história sua, Elmar, ao que tudo indica, foi real. Hoje em dia, qualquer tipo de relato dessa natureza nos deixa preplexos, embora ninguém possa negar que o outro lado da vida, como se costuma afirmar, seja algo que dificilmente se pode deconhecer. Prova é que a dooutrina espírita já demonstrou que o universo do além-túmulo é tão verdadeiro quanto a chamada relidade empírica pela qual todos nós , vivos, estamaos passando.
    O curioso é que relatos sobrenaturais, seja históriaas narradas com acontecidas, seja narrativas da imaginação do tipo que o escritor norte-americano, Edgar Allan Poe, produziu, em geral são apreciadas pelo ser humano não obstante sintam medo dos aoontecimentos reportados. Temos medo dos realtos e contraditoriamente somos atraídos pela leitura deles.
    Esse tipo de relato não deixa de ser enigmas que nos desafiam por sua dimensão insólita. O medo é uma espécie de sedução. Somos inlfuenciados por arquétipos, por mitos, por tudo o que está soterrado no inconsciente coletivo. Há um prazer que o indivíduo sente pelo mistério e por tudo o que não pode ser entendido só pela razão de ordem materilista. Temos sede do imaginário. O cotidano da realidade, despopjado da dimensão sobrenatural, tornaria a vida insossa, sem graça nem encanto. É preciso despertar a aura do mistério em todas as suas formas e realidades.

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  2. Seu amigo e honrado magistrado, foi testemunha de uma materialização espiritual, é uma fato comum e sempre acontece; os ditos mortos, continuam vivos e fiéis a seus pricípios e amizades.Da dimensão que se encontram podem nos visitar,o intercambio tem a permissão de Deus, que sendo justo e bom, nos permite assim abreviar nossa saudade. Os que não se materializam nos visitam em sonho ou quando estamos acordados, nem todos podem ver, sentir ou ouvir, muitos se quer sentem a presença, mas é fato incontestável eles estão junto a nós, a morte não nos separa.

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  3. Aldenora Celina de Seixas e Silva12 de abril de 2010 às 11:56

    Leiam essa e procurem na internet:
    O próprio Chico Chavier confessou sobre a sua iniciação mediúnica:
    “Meu pai queria me internar em um sanatório para enfermos mentais (...) Devia ter suas razões; naquela época me visitavam também entidades estranhas perturbadoras”.
    CHICO E ESPIRITOS LITERÁRIOS
    No "Parnaso de Alem Túmulo" Chico Xavier apresenta um soneto, no "estilo dos sonetos do exílio" como se fosse uma psicografia ditada pelo "espírito" de Dom Pedro II.
    Ora, o "espírito" de Dom Pedro II não sabia nem ninguém lhe comunicou no além, nem a ele nem a Chico, que os "sonetos do exílio" não eram de Dom Pedro senão de um nobre que o acompanhava? (Com toda razão Gustavo Barroso ridicularizava então a Chico Xavier num artigo em "O Cruzeiro").
    "E no caso de Humberto de Campos é mais grave"...
    "porque ele capricha em obedecer ao Decreto do Governo Federal que instituiu a ortografia fonética, decreto baixado depois de seu trespasse" (Timponi, Miguel: "A Psicografia ante os Tribunais", 4ª ed., pág. 333).
    Chico Xavier fundou em Pedro Leopoldo o Centro Espírita São Luis Gonzaga, Rei da França.
    Isto é, os "espíritos superiores" que pretendidamente assessoram a Chico seriam tão ignorantes, que não sabem que São Luís Gonzaga, jesuíta, italiano, morto muito jovem no século XVI é completamente diferente de São Luís, Rei da França, das Cruzadas, morto velho no século XIII.
    Entre outros muitos exemplos, não haveria obtido tão facilmente êxito o repórter Hamilton Ribeiro. A seu pedido, Chico Xavier "psicografou" uma mensagem do "espírito" da mãe do Sr. João Guignone, Presidente da Federação Espírita do Paraná. Acontece que foi artimanha do repórter, a senhora "comunicante" está viva em Curitiba.
    FINALMENTE O ENCEFALOGRAMA DE CHICO XAVIER
    Por motivos de saúde houve que fazer o eletroencefalograma de Chico Xavier, fora do controle dos espiritistas quando finge que está "psicografando". Resultado esclarecedor: "Foco temporal classicamente responsável por distúrbios sensoriais, alucinações, ouvir vozes (...), arritmia, tendência a ataques epilépticos ou `transes´" (Ver, entre outras publicações, Revista "Realidade", Novembro, 1971).

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  4. Sobre o assunto em questão,o fenômeno da materialização foi estudado por renomados cientistas,entre eles citamos : Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas.Este fenômeno não foi criado pelos espíritas, é natural e sempre ocorreu em todas as épocas da humanidade.O próprio Cristo,ao sair do sepulcro materializou-se diante de Maria de Magdala. É prudente que ao emitir-mos uma opinião sobre um determinado assunto tenhamos conhecimento de causa.Ao que me recordo, na história narrada por nosso Poeta e Irmão, não foi levantada nehuma questão sobre a vida do Chico,não estou aqui também para fazer sua defesa,sua vida e sua obra bastam para explica-lo.Gostaríamos somente de sugerir o estudo aprofundado da vida e da obra deste homem e da Dourina Espírita,evitando assim,as más interpretações e divagações inúteis, baseadas em especulações sugeridas por fontes duvidosas.Um velho ditado nos convida a observar que:
    O dedo aponta a lua.
    O sábio olha a lua.
    O tolo olha o dedo.

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  5. Citar este palco lotado de cientistas, já seria forçar uma barra, e agora citar Jesus nestas presepadas nada hilariante, aí nem Deus foi poupado e até chamado de mentiroso. Por quê? Leiam o que está na Bíblia em DEUTERONÔMIO!!! Por favor, estamos falando do ÚNICO EVANGELHO, qualquer outro livro com pretensos poderes de reescrever A PALAVRA DE DEUS, estará consolidado o CHARLATANISMO HEREGE. Assistamos o filme GHOST, de cara não trata-se de heresia, porque claramente diversão.

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  6. Ainda criança,ouvi da minha Tia avó,Dona Anísia Pereira,uma história interessante sobre um destes encontros.O cenário era o grande largo da Igreja Matriz de Campo Maior,que na época era coberto por um alto mata pasto;passava ela por ali, por volta das seis horas da tarde, quando sentiu uma presença de uma comadre que há muito já se fôra,o arrepio foi incontrolável, o coração batendo tão forte que a pobre pensou que o peito ia se abrir, um suor gelado correu nas faces,o vento soprava forte,a vegetação balançava,olhou para os lados nada se via, mas atrás dela, onde não podia olhar, tinha certeza, a Marica estava lá. Olhou pro final do Largo, uns cinquenta metros faltava para o destino final,disparou numa carreira tão grande que os pés triscavam em suas nádegas, entrou de casa adentro e só parou de correr na presença da Tia Cota.Foi indagada por nossa Tia o motivo de tanta carreira,e com os olhos esbugalhados, respondeu com firmeza:" É a Mariiica Tiia Coota!". Depois do acontecido, nossa Tia,que era Mãe do Zé Olimpio e do Antonio da Paz,deu-lhe depressa um copo d´água pra coitada se acalmar.O tempo passou, mas o medo lhe acompanhou, mal sabia a Dona Anísia o que na frente lhe aguardava. A mesma por opção de vida resolveu não casar,cuidou dos pais e ajudou na educação dos sobrinhos com zelo e dedicação, vindo adotar mais tarde uma jovem que se formou e hoje é odontóloga.Nossa Tia,certo dia se depara com um movimento em nossa cidade,estavam planejando acabar com o cemitério velho, fazer dali uma praça pra enfeitar a cidade.O cemitério estva em ruínas e com o muro no chão,sepulturas destruídas e o mato a tomar de conta. Dona Anísia aos setenta e cinco anos abraçou esta causa, saiu de porta em porta esmolando a ajuda de todos para a reconstrução do lugar que abrigava entes queridos de quase todos da cidade.Desafiou a prefeitura e os "progressistas da cidade", sozinha tomou a frente e fez ali a sua obra, reconstruiu sepulturas, calçou todo o o lugar, retirou o muro do meio que separava os ricos dos pobres, levantou o muro de novo, e colocou um portão.Contratou uma ajudante que se chamava Teresa,a mesma ainda vive e mora ali bem ao lado,toma de conta até hoje e é a responsável pelas chaves.Para manutenção de tudo se fazia uma coleta mensal,todos cooperavam para a manutenção do lugar. Essa história poucos conhecem, os que ali visitam hoje não imaginam a luta que foi travada. Aquela garotinha assustada que tanto medo tinha dos "mortos", partiu pra o outro mundo aos noventa e quatro anos de idade.

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