terça-feira, 15 de junho de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Elmar Carvalho


15 de junho

QUASE QUASÍMODO

Acabei de assistir ao jogo da Seleção Brasileira contra a da Coreia do Norte. Jogo morno, sem lances emocionantes e sem nenhuma jogada excepcional. O Brasil venceu pelo magro placar de 2 a 1, com gols de Maicon e Elano. O grande goleiro Júlio César, atualmente considerado o melhor do mundo, que vinha há várias partidas sem ser vazado, praticamente não teve trabalho. Quase que o seu trabalho consistiu apenas em tentar impedir o gol que sofreu. Terminei por me lembrar dos meus tempos de golquíper, sobretudo dos tempos em fui jogar algumas partidas no campo do Rabo da Gata, que ficava perto do pontilhão da estrada de ferro, no bairro que depois passou a se chamar Paulo VI. Os filhos do falecido Luís Pinto, dentista prático e funcionário dos Correios, organizavam um time com o pessoal das imediações da chamada rua da pista, no trecho próximo de onde moram o senhor Brito e o doutor Zé Laurindo, e acertavam os jogos com o time da região do outro lado do açude, como se dizia. Numa dessas vezes, o Otaviano insistiu para que eu não fosse, no intuito de que eu atuasse no campinho do Leopoldo Pacheco, como de costume. Mas eu me sentia honrado com a confiança que o Luís Pinto Filho, o seu irmão Deus Luís, que, brincando, eu chamava de diabo Luís, e os seus companheiros depositavam em mim, como goleiro, e aceitei o convite; até porque eu já tivera algumas atuações muitas boas no campo do Rabo da Gata, a fazer umas voadas acrobáticas e cinematográficas, ao menos na minha avaliação ególatra de hoje. No auge da empolgação de meus dezessete anos, quando eu vi o atacante Garrafinha se aproximar com a bola dominada para me fuzilar a meta com um tirambaço, já que ele era habilidoso, não vacilei e corri velozmente para me arremessar a seus pés e bloquear o chute. Esse atleta, ou por maldade ou por imprudência ou porque já não houvesse mais tempo de se desviar, chutou fortemente e me atingiu o rosto em cheio. Creio que cheguei a ter um leve desmaio. Vi os jogadores curvados sobre o mim, preocupados com a gravidade do acidente ou incidente pebolístico. Foi a mais grave contusão de minha vida. Isso me tornou mais prudente e mais precavido, para não mais me arriscar desnecessariamente. No dia seguinte, quando o Otaviano foi me chamar para o jogo no Leopoldo Pacheco tomou um grande susto quando abri a janela de meu quarto e ele viu o meu olho direito com um coágulo sanguíneo e a área próxima inchada e com um grande hematoma. Dizia ele que eu parecia o Quasímodo, ou seja, o Corcunda de Notre Dame, ou outro protagonista de um filme de terror.

4 comentários:

  1. Amigo, Elmar, li sua mensagem para o Zan, perguntando se eu já estava nas festas de C. Maior. Acredito que quando o grande goal-keeper dos carnaubais estiver lende este comentário, seu amigo Netto de Deus já terá desembarcado em Curitiba, encurtando férias detonadas por uma epidemia de "dengue" que assolou nossa C. Maior nestes últimos dois meses. Dizem que não houve nem a cerimônia de afagos ao "pau" do Santo, por absoluta falta de "moças' de todas as idades e, também, porque, nem o "aparecido" foi poupado. O dia seguinte da BitorocaraFEST lotou as aeronaves de dengosos. Foi sério, Elmar. Caras menos bonitos como eu e o Zan, ficamos com o semblante desse moço Quasímodo, assistindo os primeiros jogos da Copa do Mundo do grande Mandela. Febre, dores terríveis em todod o corpo e calafarios que viraram cosquinhas perto do que enfrentarei nestes dias na gelada Curitiba
    Uma abraço.

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  2. Caro Netto,
    Por iniciativa própria e também a pedido meu, o Zé Francisco Marques o procurou várias vezes para convidar o amigo para uma excursão etílico-gastronômico-cultural à barragem dos Corredores, mas sem sucesso; de modo que perdi o prazer da companhia do nobre e novel comendador. Mas pelo seu comentário vc já estava era em terras curitibanas.

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  3. Elmar, o Zé me convidou e se propôs a me levar pessoalmente ao aniversário do João Alves; dito e feito, poucas horas depois do término da festa Bitorocara nosso Dilermando Reis foi até à casa da minha mãe onde eu me encontrava totalmente nocauteado por aquela aquela aguardada e maravilhosa BitorocaraFESTA. Não tenho mais pique pra estas "esticadinhas"; até porque, minha rotina aqui em Curitiba mudou por completo; pra cê ter uma ideia, sei que no próximo natal, tomarei dois ou três copos de vinhos e fim de papo! Amigo velho, quando desembarco em Bitorocara o cérebro fica me atuzigando de teimoso, mas, as pernas, o figado e a labirintite respondem no dia seguinte com um sonoro, torturante e ensimesmado NÃO!
    A eternidade da minha juventude etílica está terminando exatamente no início dos meus cinquent'anos. Vida longa pra meus amigos, toneis de desculpas para o João Alves e outros que depois me convidaram pra mais rega-bofes mas, infelizmente, eu já estava aqui na parte debaixo do mapa convalescendo e detonado por um... Mosquito!
    Abraços.

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  4. Achei interessante o texto o corcunda lambilasca, pois o fato de ser feio não significa que o ser humano não tenha outros atributos......

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