quinta-feira, 5 de agosto de 2010

LVIII – PELA GRANDEZA E BELEZA DE AMARANTE

Lauro Correia
Professor Emérito UFPI





1ª PARTE

Com dois versos de “Os Lusíadas”, maior poema épico de nosso idioma, inicio este escrito homenageando e defendendo a bela e encantadora cidade de Amarante:
“Cesse tudo quanto a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.”
A grandeza de Amarante está fundamentalmente vinculada a sua gente, seu povo, seus filhos ilustres, seus amigos e defensores.
A grandeza da poética e histórica Amarante é descrita desde os tempos da Vila de São Gonçalo, e foi consolidada pela migração de famílias ilustres de nosso Piauí, que lá se fixaram, entre elas: Ribeiro Gonçalves, Mendes, Pinto de Moura, Sobral, Vilarinho, Nunes, Carvalho, Noronha, Campelo, Lira, Almeida, Guimarães.
Na década de 1930, o notável industrial piauiense, nascido no litoral, José de Moraes Correia, conhecido entre os amigos e familiares como Zeca Correia, instalou uma Usina de descaroçamento das plumas de algodão, “ouro branco” daquela época, iluminou a cidade com energia elétrica, pela primeira vez, e gerou mais desenvolvimento para toda a região.
Entre seus filhos ilustres, nacionalmente conhecidos, correndo o risco de involuntária omissão, mencionarei os nomes de Da Costa e Silva, o príncipe dos poetas piauienses e autor da letra do nosso Hino; Odilon Nunes, sem contestação, o melhor e maior pesquisador e historiador nascido no Piauí; Clovis Moura, antropólogo e poeta; Alberto da Costa e Silva, embaixador e membro da Academia Brasileira de Letras.
Entre seus amigos e admiradores, com involuntárias omissões, citarei os mais recentes, com artigos publicados em jornais, revistas e pela internet:
01 – Elmar Carvalho – 24/09/2008 - “Recuerdos de Amarante”
02 e 03 – Olavo Pereira da Silva e Claudiana Cruz dos Anjos, Maio/2009. - “Cultura,
Memória e Identidade da Cidade de Amarante” - Revista Presença.
04 – Natacha Maranhão – Maio/2009 - “Amarante” - Revista Presença.
05 – Dagoberto Carvalho Junior – 11/10/2009 - “SOS AMARANTE”
06 – Fonseca Neto – 26/10/2009 - “Amarante, SOS”
07 – Alberto da Costa e Silva – 25/03/2010 - “Em defesa de Amarante”
08 – Cunha e Silva Filho – 27/04/2010 - “Crime de lesa – pátria”
09 – Enéas Athanazio – 29/05/2010 - “SOS AMARANTE”
10 – M. Paulo Nunes – 25/06/2010 - “Salvemos Amarante”
11 – Lauro Correia – 10/07/2010 - “ Pela Grandeza e Beleza de Amarante”
A grandeza de Amarante depende também obviamente de sua economia representada pela agricultura, pecuária, comércio e indústria.
A beleza de Amarante está amplamente descrita, elogiada, cantada e divulgada nos escritos e fotografias que compõem as manifestações de uma dezena de intelectuais piauienses citados.
A beleza de Amarante se evidencia em vários aspectos: natural, paisagístico, urbanístico, arquitetônico e histórico.
Admirar o belo é ser artista; cantá-lo pertence aos poetas, escrevi quando jovem; e hoje, longevo de 86 anos, com apenas um único e singelo soneto, de minha autoria, dedicado à amada esposa Rosette, não obstante mais de vinte livros e folhetos impressos ou inéditos, solicitarei ao poeta Israel Correia, meu filho, que preste homenagem em versos à bela, bucólica e querida Amarante.

2ª PARTE

Em Fevereiro de 2007 há mais de 3 anos, quando do lançamento do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento, em Teresina, capital de nosso Estado, os Ministros dos Transportes – Paulo Passos e da Integração Nacional – Pedro Brito, em companhia do Presidente José Machado da Agencia Nacional de Águas – ANA, anunciaram, como as duas principais obras do PAC no Piauí, a construção da FERROVIA TRANSNORDESTINA e a implantação de cinco USINAS HIDROELÉTRICAS no curso do Rio Parnaíba.
Escrevi à época o artigo XXI – 05 EQUÍVOCOS DOS MINISTROS, em 03/03/2007, com cinco folhas, e outros se seguiram até hoje, publicados no jornal “Norte do Piauí”, de Parnaíba, e em Teresina, combatendo as indesejadas, desnecessárias e assassinas Usinas Hidroelétricas.
Evidenciei a importância de outra ferrovia por mim denominada FERROVIA TRANSPIAUÍ, de sul a norte, partindo de Elizeu Martins ou Coronel Gervásio, seguindo para Floriano – Teresina – Campo Maior – Piripiri – Piracuruca – Cocal, com bifurcação para Luiz Correia e Timonha, futuro segundo Porto Marítimo de nosso Estado, na fronteira do Ceará.

A TRANSNORDESTINA está sendo implantada, e a TRANSPIAUÍ, deveria também estar sendo implantada!
Os artigos e documentos anexos estão reunidos em duas publicações: “Análise e Comentários”, com 120 folhas, e “Rio Parnaíba e Usinas Hidroelétricas” com 55 folhas.
O artigo LVII, sob o título “Usinas Hidroelétrica”, datado de 20/10/2010, com 6 folhas, apresenta OITO ARGUMENTOS – claros, seguros, técnicos e irrefutáveis, contrários à implantação no Rio Parnaíba de 5 hidroelétricas, entre elas a de Castelhano, a qual inundaria a bela e histórica Amarante, inclusive as preciosas casas residenciais de Da Costa e Silva e Odilon Nunes.
Os 8 ARGUMENTOS têm os seguintes títulos:
01 – Cada Rio, um Rio
02 – Exemplo dos Estados Unidos
03 – Lição do Rio Tietê
04 – Usina Eólica versus Usina Hidroelétrica
05 – Hidrovia versus Usina Hidroelétrica
06 – Razão Histórica
07 – Navegabilidade do Rio Parnaíba
08 – Relatório da JICA
O presente artigo se constitui no 9º Argumento contrário às Usinas Hidroelétricas.
Alguém perguntaria porque somente agora, em Junho de 2010, lembrei-me de escrever sobre Amarante, e a resposta é fácil, pois os técnicos do Ministério das Minas e Energia, da CHESF e da ELETROBRAS escondiam que Amarante seria inundada pelas águas do Rio Parnaíba, o qual atualmente a envolve, beija e acaricia. Um telefonema do mestre M. Paulo Nunes, meu amigo há meio século, trouxe-me a triste notícia, fazendo-me intranqüilo até que esse pesadelo seja eliminado por Deus ou pelos homens.
Voltemos ao poema “Os Lusíadas” e façamos a adaptação dos dois versos citados aos dias atuais, e afirmarei que o valor mais alto que se alevantou é o da POESIA, da CULTURA, da HISTÓRIA, do BELO, da INTELIGENCIA, do RESPEITO, da ÉTICA, da MORAL, da DIGNIDADE, do TRABALHO, da LEI, da JUSTIÇA.
O valor mais alto é o ESPÍRITO, sustentáculo do ser humano, dos povos e de suas civilizações.
Se a República Brasileira é Federativa e Democrática, constituída por 3 poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário, independentes e harmônicos, não é possível que nós piauienses, filhos da Terra do Sol, mas brasileiros como os demais irmãos federados, assistamos de braços cruzados que o Poder Executivo, através do Ministério das Minas e Energia, da CHESF, Eletrobrás e ANEEL prejudique o nosso Rio Parnaíba, o Velho Monge de Da Costa e Silva, inunde com um dilúvio a nossa querida Amarante, implantando cinco usinas hidroelétricas, distantes apenas 50 quilômetros entre si, denominadas indesejadas, desnecessárias e assassinas, pois gerariam cada qual em média o inexpressivo valor de 60 megawatts, os quais serão supridos pela energia eólica dos ventos do nosso litoral e da área da cidade de Paulistana.
O Rio Parnaíba é o único do Nordeste navegável, até o oceano, numa extensão de 1.100 km, de Santa Filomena a Luiz Correia, e deverá voltar a ser navegado, para o transporte da SOJA produzida nos Cerrados piauienses e maranhenses, até o Porto Marítimo de Luiz Correia, atualmente em obras para sua conclusão, com calado a ser elevado, mediante dragagem, de 6 para 10 metros.
É preciso que a Associação dos Magistrados Piauienses, o Ministério Público Federal e Estadual do Piauí, OAB – Seção do Piauí participem dessa CAMPANHA CÍVICA EM DEFESA do RIO PARNAÍBA e da CIDADE de AMARANTE.
E, certamente, esta CAMPANHA CÍVICA continuará com a efetiva e permanente atuação da FURPA – Fundação do Rio Parnaíba, capitaneada pelo Professor Francisco Soares, e continuará a merecer o apoio do Lions Clube, Rotary Clube, Maçonaria, Jornais, Rádios, Televisão, Universidades, Academias de Letras, Organizações não Governamentais ligadas ao Meio Ambiente, e outras instituições piauienses.
A proteção das nascentes do Rio Parnaíba, na Chapada da Mangabeira, onde nasce o Riacho Água Quente, origem do longo rio, está sendo efetivado por intermédio de um Parque Nacional, cuja criação e implantação são resultados da ação e persistência de duas importantes instituições piauienses: Associação dos Magistrados e Ordem dos Advogados.
Urge concluir, e antes desejo solidarizar-me com os dignos amarantinos, intranqüilos e magoados com o perigo do dilúvio.
Com manifestações de estima, respeito e admiração, dedico este artigo à amarantina Senhora Clara Nunes, esposa do Mestre M. Paulo Nunes, escritor e acadêmico, uma das maiores e melhores expressões da intelectualidade piauiense, e também amarantino pelos laços do coração.
Estarei, permanentemente, na luta pela defesa de nossa querida Amarante, e certamente Deus não haverá de permitir que as Usinas Hidroelétricas indesejadas, desnecessárias e assassinas sejam incluídas e retiradas de um quarto leilão da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, como aconteceu recentemente no dia 30 de Junho.

Parnaíba, 10 de Julho de 2010.
166º da Cidade e 248º da Vila

3 comentários:

  1. AMARANTE, DE AMORES ANTES PUJANTES, O MARANHÃO ADIANTE, VISTO DO ALTO DA IGREJA, VEJA, MONTES VERDES MARGEIAM O PARNAÍBA! AMARANTE, DE GENTE GRANDE, DE MINHA AMIGA SÍLVIA E DE MEU AVÔ, ILUSTRE PROFESSOR BENJAMIN SOARES DE CARVALHO. NAS GOTAS DE ORVALHO DAS MANHÃS DE MARÇO ELE REBENTOU, CRESCEU, ESTUDOU E NOS EDUCOU. DE AMARANTE TRAGO A LEMBRANÇA DAS HISTÓRIAS QUE ELE ME CONTAVA E DAS FOTOS QUE ELE PORTAVA.. (RAPHAEL BARBOSA)

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  2. Prezado Lauro Correia:

    Este que chamarei de Artigo-Manifesto em torno da defesa e preservação de Amarante é uma banho que nos lava a alma. No meu juízo, o Sr. sintetizou tudo o que vários intelectuais piauieses e não piuaienses pensaram em seus artigos em defesa de Amarante, além do que sabiamente traz de sua experiêcia científica e técnica sobre a absoluta ausência de argumentação da parte de quem idealizou esse projeto de eliminar Amarante afundando-a nas águas de uma hidrelétrica. Fiz dois artigos contundentes sobre o assunto e nele mostrei que, ao destruir a minha/nossa terra natal, o governo federal estará comentendo um crime de lesa-pátria. Já é hora de levar este calamitoso projeto à apreciação do Presidente da República, através de um abaixo-assinado da população amarantina, residente ou não, em Amarante, e de tods os piauienses, envolvendo para tanto os diversos setores da sociedade civil representados pelos seus diferenes segmentos e instâncias, suas várias entidades culturais, científicas, históricas, religiosas, ambientais, jurídicas. Com essa pressão de peso, acredito que os agentes do governo federal hão de refrear suas pretensões de levar a cabo esse plano insano, descabido e desnecessários para tão pouco retorno energético, além de ferir fontalmente os direito de uma população que não poderá perder seu espaço físico, arquitetônico, e sobretudo se legado espiritual. Tal plano nefando incidirá num dos maiores desrespeito à dignidade doçs que em Amarante descansam em seus campos santos, onde estão oçs nossos antepassados e os nosso entes mais queridos. Será, pois, uma heresia, uma blasfemia, um ato execrando aos nosso mortos.
    Esse desatino não há de vingar enquanto houvaer vozes de homens de bem que dignificam seu berço natal
    Cunha e Silva Filho

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  3. Vá a ficar para trás, Portugal.
    Vá a ficar sem energia, Portugal.
    Vá a ficar com fome, Portugal.
    Vá a ficar sem alternativas, Portugal.
    Vá a ficar sem gente, Portugal.
    Nossa Lisboa já perde 10 mil hantantes por ano.
    Um quarto de seus imóveis está vazio.
    País e nação definham.
    Parte grande da nação já vaga pelo mundo, atrás de oportunidades que o País não oferece por falta de energia.

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