quinta-feira, 16 de setembro de 2010

POEMITOS DA PARNAÍBA

Texto: Elmar Carvalho
Charge: Gervásio Castro


Não morrerás,
meu quimérico e homérico cego.
Um mito não morre:
um mito se encanta e permanece.
Teus dois percursionistas
são dois anjos da guarda
de asas dissimuladas.
Um te abriga com a sombra
de seus olhos também sem luz.
O outro é tua estrela guia,
que te conduz em tua noite sem dia,
pelas trevas espessas de teus olhos,
como um Virgílio da nova mitologia.
Não morrerás,
não por seres Bento,
mas por teu talento.
A música escorre de teus dedos,
saltita sobre os teclados,
palpita e resfolega no fole,
cabriola no molejo moleque
do leque da sanfona,
evola-se pelos ares,
remexe as ondas dos mares,
sacoleja as folhas dos palmares,
se quebra e se requebra pelos bares
e remelexe no chamego e aconchego dos pares.
Não morrerás, cego Bento.

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