terça-feira, 2 de novembro de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Charge de Gervásio Castro, vendo-se o  chargista e o diarista



2 de novembro

É DOS CARECAS QUE ELAS GOSTAM MAIS?

Elmar Carvalho

No cruzamento das ruas Lizando Nogueira com David Caldas, encontrei o Nonato Teixeira, dedicado servidor da Caixa Econômica Federal. Como ele quebrasse um chapéu de lado, como diz a canção popular, disse-lhe que voltaria a fazer uso dos meus. Respondeu-me que usava chapéu por necessidade, uma vez que os raios solares já lhe estavam prejudicando a pele. Contei-lhe que, no dia da eleição, a presidente da seção comentou, ao ver minha carteira de identidade, que eu estava muito novo na fotografia. Disse-lhe, a título de curiosidade, que eu molhara bem os cabelos, para que parecessem curtos, pois na época eu usava uma avantajada e encaracolada cabeleira. Em resposta, ela me disse que hoje eu quase já não os tinha, como se eu próprio não o soubesse. Retruquei-lhe: “E o tempo levou”, em trocadilhesca alusão ao filme “E o vento levou...”. Nesse tempo, após o banho, eu não queria saber de pente, nem de escova; sacudia com força os cabelos, para um lado e para o outro, para cima e para baixo, para que eles ficassem ondulados ao secar. O Nonato, no seu estilo bonachão, aduziu que o tempo nos roubara a juba, ou algo semelhante. Isso me inspirou a fazer estes versos cretinos, sem nenhum valor literário: “Já fui senhor de cabeleira basta, / mas o tempo, que todo me devasta, / a vasta madeixa me desbasta.” Acrescento que o uso de chapéu não deve ser entendido apenas como sinal de vaidade; ao contrário, pode servir como símbolo e advertência de que existe algo ou alguém acima de nós. Apesar da afirmativa peremptória da antiga marchinha carnavalesca, não tenho certeza se é dos carecas que as mulheres gostam mais. De qualquer sorte, pelo menos a minha, foi contra eu fizesse implante capilar. O meu bolso, penhorado, agradece. Não resta nenhuma dúvida, estou mesmo decidido: voltarei a usar chapéu, seja como proteção contra a devastação dos raios solares, seja por vaidade, que já me é quase finda.


E O TEMPO LEVOU...

Elmar Carvalho


Já fui senhor de cabeleira basta,
mas o tempo, que todo me devasta,
a vasta madeixa me desbasta.

2 comentários:

  1. Prezado bardo,
    Embora os meus fios ainda estejam me abandonando timidamente, temo que já deva preparar o meu espírito para encarar essa realidade, visto que na família de minha mãe, até o momento, eu seja único cuja "área desmatada" ainda seja imperceptível para a maioria, exceto para o meu cabeleileiro, o já não tão cabeludo amigo Zé Luís.
    Com relação a atração das mulheres pelos calvos, penso que somente na minoria dos casos se deva especificamente pela incomum "área da testa", na maioria dos casos se deva pela presença de outros atributos. Todavia, há uma comunidade na internet em que há mais de 9 mil defensores dos carecas, incluindo uma substancial quantidade de mulheres.
    A reação natural da maioria dos novos carecas é o espanto. Alguns buscam escondê-la debaixo de um chapéu, outros a acentuam raspando tudo, outros buscam tratamento e há ainda aqueles que, ao perceberem a iminência da perda total de suas madeixas, utilizam inúmeros cortes de cabelos quase que desesperadamente como um último adeus, como é o caso do amigo e eis aluno da Universidade Aberta, Taiguara Bruno (Cantor e compositor).
    Com relação aos tratamentos, além do implante, há também medicamentos tópicos, orais e injetáveis que, para surtirem o efeito esperado, precisam de um diagóstico preciso. Quando a calvive ocorre devido a ação da enzima "cinco alpha redutase", um dos medicamentos mais usados é a Finasterida, cuja aplicação deve ser acompanhada por um médico.
    Na pior das hipóteses, ainda há a prótese capilar, a famosa e vexatória PERUCA.

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  2. Caro Nelson,
    Todas essas "soluções" são chatas, dolorosas e exigem tratamento ou uso contínuo, de modo que é melhor assumir a careca ou calvície, posto que quem mais nos interessa, no caso a mulher, não se incomoda com essa pensão ou tributo da natureza para com o gênero masculino.

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