quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DIÁRIO INCONTÍNUO





Natim e Dico, já no Céu, na churrascaria do Zé Nilson

5 de janeiro

DA BARRA DO LONGÁ AO CÉU

Elmar Carvalho


Fui a Buriti dos Lopes em companhia da Fátima, do Dico e do Natim, onde eles pretendiam resolver problema de interesse deles, o que terminou não dando certo, porquanto a pessoa que seria contactada havia viajado para o Ceará. Por tal razão, resolvemos visitar a localidade Barra do Longá, que há mais de duas décadas não víamos. Apenas parte da estrada foi asfaltada, o que nos remete à velha cultura das obras eleitoreiras inacabadas. O povoado estava bastante mudado. Quando o conheci, trinta anos atrás, era uma povoação simples, com poucas casas de taipa e cobertura de palha. Hoje, possui muitas casas, quase todas de tijolos e cobertas de telhas. As casas de palha já quase não existem. Seu nome se deve ao fato de ser o local onde o rio Longá deságua no Parnaíba, depois de banhar municípios como Alto Longá, onde nasce, Campo Maior, Barras e Buriti dos Lopes. Em Esperantina e Batalha, ele forma a bela e turística cachoeira do Urubu, que só se precipita na época das chuvas, quando dá um magnífico espetáculo de águas revoltas e espumantes, cujo som atroa de forma quase assustadora. Lamentavelmente, é um rio que vem sendo agredido de forma devastadora, a partir das nascentes, que se encontram bastante degradadas. Quando o “inverno” é fraco, suas águas já não correm em toda extensão de seu leito. Poucas pessoas se preocupam com sua degradação; entre esses poucos homens de boa-vontade se destaca o médico humanitário, boa-praça e intelectual Itamar Abreu Costa, cujo nome declino como justa homenagem a ele.

Logo se nota, sem nenhuma dificuldade, já que os monturos são ostensivos, que o crescimento do povoado trouxe as indesejáveis mazelas do chamado “progresso”. Ao longo da margem direita, na parte urbanizada, o lixo se acumula de forma feia e repulsiva, com amontoados de sacos plásticos, garrafas pete, vidros, latas de alumínio, etc. Também a poluição sonora, tanto pelo volume do som como pela qualidade da “música”, começa a incomodar. Um cantor, com voz gritada, esganiçada e estridente falava no rio Araguaia, e não no Longá ou no Parnaíba. Na faixa seguinte, em evidente exagero e ufanismo, dizia que ia acabar com a cachaça. Comentei para o Dico e o Natim, que sua missão seria inglória; que era mais fácil ele se acabar, do que vencer a gigantesca produção alcoólica existente. Preferimos terminar o passeio no Céu. Não no céu onde os anjos entoam belos cânticos ao Senhor, mas na localidade Céu, na Ilha Grande de Santa Isabel, no restaurante do Zé Nilson, a degustar uma saborosa galinha caipira.

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