quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

DIÁRIO INCONTÍNUO


12 de janeiro

A VERVE DO VELHO PREDADOR

Elmar Carvalho

O velho amigo, em seu estilo mineirinho, é um grande conquistador, embora não seja considerado nenhum galã, o que, aliás, o torna ainda mais digno de admiração. No entanto, o que lhe falta no físico sobra-lhe em lábia e paciência no processo de uma conquista amorosa. Também possui a ousadia comedida, a coragem discreta e cautelosa na abordagem, sempre respeitosa e delicada, sempre a elogiar além do merecimento da presa ou prenda. Contou-me ele que, estando um dia a bebericar uns goles de cerveja, à porta de um bar, viu aproximar-se, passando quase a desfilar na calçada, uma bela mulher, dotada de bem traçadas e sinuosas linhas, muito elegante em seu requebrado faceiro e atraente. O velho fauno apurou o olhar, e o fixou enfaticamente na diva que passava. Ela, que poderia ter fingido não tê-lo visto, e mesmo não tê-lo percebido, caso não tivesse olhado em direção ao predador, deu-se por incomodada e um tanto ofendida, razão pela qual perguntou a esse meu amigo se ele nunca tinha visto uma mulher. O homem lhe respondeu que já vira muitas, mas nenhuma tão bonita quanto ela. A mulher, então, lhe disse que iria contar o caso ao marido, e queria saber o que ele iria dizer. O nosso dom Juan foi no outro mundo e voltou, mas não se deu por achado, e exclamou candidamente que ele iria lhe dar razão. Ante o inesperado da resposta, a ninfa abriu um sorriso, e foi embora, sem, literalmente, perder o rebolado; antes, redobrou em sua rebundolante faceirice.

Um comentário:

  1. E daí vem a expressão, o mineiro trabalha em silêncio, significando que aquele povo usa a esperteza e não o confronto para resolver os seus problemas. Com tanta mulher por aí, você escolhe um alvo, geralmente é assim.


    hl/sp

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