terça-feira, 14 de junho de 2011

DIÁRIO INCONTÍNUO

Colaboradores do jornal Inovação, sob o cajueiro de Humberto de Campos. 1º plano: Bartolomeu Martins, Vicente de Paula (Potência), Elmar Carvalho e Canindé Correia; 2º plano: Francisco Fontenele de Carvalho (Neco), Diderot Mavignier, Francisco José Ribeiro (Franzé), Sólima Genuína, B. Silva e Reginaldo Costa; 3º plano: Danilo Melo, Jonas Fontenele de Carvalho, Israel Correia, Porfírio Carvalho, Wilton Porto, Alcenor Candeira Filho, Flamarion Mesquita e Paulo Martins 

Os "inovadores" acima no bar Recanto da Saudade, do Augusto

Colaboradores do Inovação, quase todos residentes em Brasília: Porfírio Carvalho, Cícero, Ana Alice, Cândida, Jonas Carvalho, Madeira Basto, Reginaldo Costa, Ivana, Rinaldo e Ernesto Magalhães

Os saudosos Augusto e Dourado

14 de junho

 JORNAL INOVAÇÃO E VERA COUTINHO

Elmar Carvalho

Recebi recentemente um e-mail do amigo Francisco (Neco) Carvalho, em que ele inicialmente dizia haver tido dificuldade em contactar-me. Respondi-lhe que, após morar durante 25 anos no mesmo endereço, com o mesmo número de telefone fixo, eu me havia mudado para uma outra casa, e de quebra resolvi desativar a linha fixa antiga que usara, bem como decidi mudar o número de meu telemóvel, como dizem em Portugal. Na referida comunicação, o Neco fazia os seguintes questionamentos: 1) se não estava na hora de eu escrever alguma coisa a respeito da eterna secretária do inovação? Por que deixar somente para quando as palavras não dizem mais nada? 2) Se não seria interessante fazermos uma campanha entre nós todos e comprarmos o acervo de discos de vinil do Augusto [Dom Augusto da Munguba] e depositar, em comodato, nas mãos da Vera? 3) Se não está na hora de fazermos uma semana, por ano, para reunirmos na Parnaíba todos os participantes do jornal Inovação, tais quais os congressos da vida? O Neco foi um dos “inovadores”, desde os momentos iniciais, e fez uma antológica entrevista com o romancista Assis Brasil, publicada no Inovação, que foi o início de seu processo de retorno ao Piauí.

Com relação ao primeiro item, tentarei fazer isso aqui e agora, sem mais delongas e sem mais demora, linhas mais abaixo e afora. Com relação ao ponto 2, não sei se a Vera, com todo a facilidade em manusear um aparelho de CD, que facilita os adiantamentos e os retrocessos da reprodução, e principalmente torna cômodo e fácil as mudanças de faixas musicais, iria querer se dar ao trabalho de “pilotar” uma velha eletrola ou radiola, como dizíamos naqueles velhos e bons tempos de outrora. Mal ou bem comparando, seria como trocar um automóvel com direção hidráulica e câmbio automático por um sem esses itens de conforto e facilidade.

É verdade que os puristas, de ouvidos mais afinados, dizem ser melhor o som dos velhos “bolachas” de vinil, mesmo com os característicos rangidos das ranhuras. Eu mesmo ainda conservo uma velha eletrola, na qual, vez ou outra, quando bate o saudosismo, coloco um velho LP, tanto pelo som em si, como também para ver o braço do aparelho e a agulha a se movimentarem, enquanto esta percorre obedientemente a labiríntica espiral do sulco do disco. Sobretudo para o atendimento de pedidos de músicas, em faixas e/ou discos diversos, é necessário que o operador tenha muita habilidade, visão aguçada e mãos de cirurgião. De qualquer sorte, se a Vera se dispuser a essa empreitada, sem dúvida darei a minha ajuda, e creio que todos os “inovadores” colaborarão, na medida da possibilidade de cada um.

No tocante ao 3º questionamento, seria deveras interessante. Contudo, observo que a maioria dos membros do Inovação mora, hoje, fora de Parnaíba. Portanto, teria que haver a coincidência de que vários “inovadores” estivessem na cidade, na mesma época, cuja ocorrência mais propícia creio ser no mês de julho. Todavia, suponho que o articulador mais indicado deveria ser um participante do jornal, que ainda esteja residindo em Parnaíba, para fazer os necessários contatos e adotar as providências necessárias ao evento, tais como locação, comestíveis e “bebíveis”, além de eventual confecção de lembranças, cartazes, ornamentação temática, etc. Se a reunião dos “inovadores” tiver que acontecer, que aconteça o mais rápido possível, pois quem é vivo é mortal, e já não somos mais nenhuma criança, e a “indesejada das gentes”, do poema bandeiriano, já pode estar a nos rondar, com a sua foice afiada, no intuito de desfalcar esse bonito grupo de intelectuais. Como bom soldado, aqui fico de pé e à ordem, caso a corneta de convocação seja acionada.

A Vera Coutinho era uma valorosa guerreira do Movimento Social e Cultural Inovação, que editava o bravo jornal de mesmo nome, sobre o qual já escrevi em diversas oportunidades, podendo essa afirmativa ser conferida através dos sites de busca da internet. Era uma guerreira e uma das musas do Inovação, na flor de sua alvissareira juventude. Como já disse em outros textos, o Movimento, além de publicar o periódico, fazia pesquisas de cunho social, com metodologia científica, elaboradas pelo estatístico e professor João Batista Teles, proprietário do IPOP, promovia eventos culturais e mantinha uma biblioteca no centro histórico e comercial da cidade, que era bem frequentada. E a Vera participava de tudo isso, sempre emprestando o melhor de seu esforço e de sua boa vontade, numa feliz antecipação do chamado voluntariado de hoje.

Depois, alguns anos depois de o Inovação entrar em inatividade, a Vera Coutinho instalou um bar, na parte da frente do terreno de sua casa, no conjunto do IPASE, perto da rua Caramuru. Como sempre dinâmica, empreendedora e atilada, conseguiu se firmar, e o fato é que o seu estabelecimento comercial já existe há mais de uma década. Embora afável e prestativa, não admite falta de respeito e descortesias, de modo que impõe a ordem e a civilidade no seu comércio. Além da cerveja estupidamente gelada e dos tira-gostos, coloca sempre uma boa música popular brasileira, além do que de melhor existe em termos de bossa nova, jovem guarda, bolero.

Ao lhe prestar esta merecida homenagem, creio estar respondendo ao 1º item das indagações do amigo Neco Carvalho, e espero estar correspondendo ao que esse amigo comum almejava. Hoje, o bar da Vera Coutinho transformou-se no último reduto de resistência dos aguerridos e bravos “inovadores”, onde nos encontramos por acaso ou nem tanto por acaso assim, pois muitas vezes somos os construtores desses encontros, aparentemente casuais, e que indevidamente consideramos coincidência. Na verdade, são confluências de espíritos afins, irmanados na amizade e na boa convivência.  

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