domingo, 12 de junho de 2011

TEMPO DE NAMORO


VICENTE LEAL DE ARAÚJO
Advogado e Ministro Aposentado do STJ

A cultura de um povo tem nas suas tradições uma das suas maiores formas de expressão. São elas páginas vivas de sua história, transmitidas de geração em geração, com o colorido de cada época e de cada região. Nós, brasileiros, herdamos das gentes que constituíram a nossa maravilhosa raça mestiça – europeus, índios e africanos – uma fantástica mistura de hábitos e festejos que embelezam a nossa aquarela de tradições.
No calendário de festas que marcam a riqueza do nosso folclore, o mês de junho tem especial destaque, pois nele se celebram os dias dos santos de maior prestígio popular – Santo Antônio, São João e São Pedro. Comemora-se também outra data de grande fascínio nos corações apaixonados - o Dia dos Namorados. Na verdade, as festas de junho podem ser consideradas como as festividades magnas da juventude, porque todas expressam as atitudes de um tempo esplêndido que marca a iniciação nos divinos espaços do amor.
O Dia dos Namorados remonta aos tempos antigos e relembra o sacrifício de São Valentim (270 d.C.), defensor dos jovens enamorados. Diz a tradição que o imperador Claudius II, para fortalecer o exército romano, proibiu o casamento. O bispo Valentim celebrava às ocultas o matrimônio de casais apaixonados e, por isso, foi condenado à morte.
O namoro é essa relação de eterna magia, iniciada na fase encantada da vida em que somos surpreendidos pelo mais sublime dos sentimentos, aquele que nos transporta às estrelas: a busca da alma gêmea. Na minha juventude, nos anos 50/60, o namoro era precedido de um ritual de atos sucessivos: um olhar, um sorriso, um flerte, um encontro marcado, uma cantada e, finalmente, uma declaração formal de namoro, com ares de compromisso e juras de fidelidade. O namoro tem a marca do afeto, da ternura, da paixão e do encantamento. O primeiro beijo provoca o fenômeno misterioso de sinos invisíveis que tocam, o tremor de pernas, o pulsar descompassado do coração, o arrepio da pele. O namoro, infelizmente, encontra-se em decadência. A permissividade dos novos tempos retirou a beleza do afeto entre dois jovens, que no primeiro encontro avançam para o estágio de “ficar”, esvaecendo todo o mistério da relação. A deformação do namoro tem projetado reflexos negativos na solidez do casamento, em visível estado de crise.
O ponto alto das alegrias de junho são as festas juninas, de origem européia, que se incorporaram à tradição brasileira com um colorido místico e popular. Tendo como centro atrativo a devoção a Santo Antônio (dia 13 – patrono dos que desejam casar e dos procuram objetos perdidos), a São João (dia 24 – protetor dos casados e dos enfermos) e a São Pedro (dia 29 – padroeiro das viúvas e dos pescadores), esses eventos constituem fulgurante atração no nosso calendário festivo.
As festas juninas são compostas de grande diversidade de folguedos, tendo como principais a fogueira, a quadrilha e as brincadeiras de roda, tudo realizado em comunidades de amigos, parentes e vizinhos, que se banqueteiam com comidas típicas, originárias dos produtos da roça. E nesses festejos, o namoro tem forte presença. Nos meus tempos de juventude, os casais brincavam de saltar a fogueira, construída com lenha verde cujo braseiro refletia o calor dos corações apaixonados. À beira do fogo, sob a magia das chamas, faziam-se juras de amor eterno. Na “passagem do anel”, deixava-se a jóia na mão da pessoa desejada. Na composição da quadrilha, buscava-se fazer par com quem se queria namorar. E naquela brincadeira do “meu lado direito está desocupado”, cujos componentes eram identificados por números, procurava-se identificar o da pessoa querida. E assim, no calor da fogueira de São João e sob as bênçãos de Santo Antônio, nascia o namoro.

3 comentários:

  1. Sigo bailando sobre lutas sem fim, triste ou alegre, vou vivendo assim, colhendo o que a vida me deu encantos sem fim Nos braços daquela que flutua junto a mim. Sigo então nesta dança com a certeza que o amor não tem fim.

    Ao som de Por ti volare com Bocelli e Sara Brigtman, festejo hoje 27 anos ao lado do presente que Deus deu pra mim.

    12 de junho de 2011

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  2. Parabéns, caro Simão Pedro.
    Afinal, já lá se vai mais de 1/4 de século, o que é bem diferente dos casamentos relâmpagos de hoje, que terminam quase no momento em que começaram.

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  3. Olá prezado poeta Elmar,
    Hoje começa o maior encontro de Folguedos do Médio Parnaíba que é na Vila Regeneração. Solicito que visite o meu blog: menquefilis.blogspot.com
    Informo-lhe que já comecei desenvolver o Projeto: ESCOLA ECOLÓGICA, COMUNIDADE SUSTENTÁVEL, na comunidade Coco, abraços
    Profº Alexandre Costa

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