quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DIÁRIO INCONTÍNUO

Mesa de honra da solenidade de 33 anos da ALVAL

Casarões da Praça Bona Primo, em Campo Maior
29 de setembro

ACADEMIA DE LETRAS DO VALE DO LONGÁ

Elmar Carvalho


Na sexta-feira, à noite, fui à solenidade comemorativa dos 33 anos de fundação da Academia de Letras do Vale do Longá – ALVAL. Presidida pelo médico e intelectual Itamar Abreu Costa, a festa cultural aconteceu no páteo de estacionamento da clínica Itacor, que foi transformado em belo e amplo teatro a céu aberto. O coral da instituição de saúde nos brindou, entre outras peças musicais, com os hinos do Piauí, de Teresina e da ALVAL, sendo este último uma composição de Francy Monte, que, deixando de lado os tradicionais ritmos de dobrado e marcha militar, deu-lhe um timbre rítmico mais alegre, mais animado, que lembra, em certas passagens, uma marcha quase carnavalesca, conferindo-lhe uma feição mais moderna e popular. O escritor e poeta Herculano Moraes falou em nome da Academia, discorrendo sobre o significado e importância da efeméride. Segundo Herculano, oito membros da Academia Piauiense de Letras são oriundos da Academia de Letras do Vale do Longá.

Foram homenageados com o Diploma do Mérito Cultural Arimathéa Tito Filho vários intelectuais e escritores, dentre os quais lembro os nomes de Reginaldo Miranda da Silva, historiador, advogado e atual presidente da Academia Piauiense de Letras; Dílson Lages, professor, poeta e ficcionista, titular do curso e do portal Entre-Textos, que relevantes serviços vem prestando à cultura e à literatura piauienses, ao publicar contos, crônicas, ensaios, artigos, além de outros textos e notícias culturais; Valmira Campos Saraiva Costa; poeta e romancista Gregório de Moraes; José Lourenço Mourão, in memoriam, secretário de imprensa do Piauí, deputado estadual em duas legislaturas e procurador de Justiça do Distrito Federal, cujo perfil biográfico foi enaltecido por seu filho, que falou em nome da família, também representada pela professora e acadêmica Sara Mourão; e Carlos Said, decano do jornalismo e radialismo em nosso estado, um dos maiores divulgadores do esporte e de nossa literatura, graças à sua memória e cultura invulgares. Reginaldo Miranda falou em nome dos homenageados; aproveitou para discorrer sobre os luminares da APL e sobre as atuais realizações e publicações da entidade, já tendo sido editados vários livros e revistas em sua gestão. Carlos Said, em eloquente e emocionado discurso de improviso, prestou uma notável homenagem a Arimathéa Tito Filho, seu ex-professor, arrancando aplausos da assistência e lágrimas de dona Delci Maria Tito, viúva do ilustre homenageado, que presidiu a APL por mais de duas décadas.

Coroando a festa cultural e literária, foram homenageados os cinco novos patronos de cadeiras da instituição: Raimundinho Andrade, professor, diretor de departamento da Secretaria de Educação do Estado, sendo justamente considerado um dos mais completos, dinâmicos e probos prefeitos de Campo Maior, tanto na prestação de serviços como na construção e conservação de obras físicas, em sua administração paradigmática; monsenhor Mateus Cortez Rufino, figura emblemática e querida de Campo Maior, construtor de templos católicos, um dos fundadores do Ginásio Santo Antônio, operoso, realizador, grande incentivador da cultura e da educação, orador sacro de largos recursos, tendo sido vigário geral da Arquidiocese de Teresina; Chiquinho Cazuza, professor, editor de jornal cultural e historiador, sobretudo de Altos, sua terra natal; Espedito de Freitas Rezende, in memoriam, piripiriense, embaixador do Brasil em Roma; Gervásio de Brito Melo, piracuruquense, médico, professor universitário e considerado uma das maiores autoridades brasileiras em doenças tropicais. Em nome dos familiares de todos os novéis patronos, falou o engenheiro Marcílio Andrade, filho do professor Raimundinho Andrade.

Tenho a honra de pertencer à Academia de Letras do Vale do Longá, na qual tomei posse em 23 de maio de 1997, em solenidade realizada no IATE Clube de Campo Maior, à margem do Açude Grande, que já cantei em meus versos. Na oportunidade, lancei a segunda edição de meu livro Cromos de Campo Maior, com bela programação gráfica e visual do grande artista plástico João de Deus Netto, apresentado pelo escritor Antenor Rego Filho. Fui recebido pelo saudoso acadêmico Geraldo Majella de Carvalho, parente e amigo, que proferiu bela peça retórica, que emocionou meus pais. Ocupo cadeira patroneada pelo grande poeta simbolista Celso Pinheiro, que teve como primeiro ocupante o escritor José de Ribamar Oliveira, autor dos romances João Burundanga, Porto da Imaculada Conceição dos Marruás e Um Rio de Águas Barrentas.

Antenor e Geraldo presidiram a ALVAL, e são dois de seus idealizadores e fundadores; devo principalmente a eles, bem como à professora Clea Melo, o incentivo e o apoio para ingressar no silogeu. Na oportunidade, alertei os meus conterrâneos de que vários prédios históricos e de valor arquitetônico de Campo Maior estavam desaparecendo, seja por falta de conservação, seja por deliberada ação humana para destruí-los. Disse que se providências não fossem tomadas a lírica e lúbrica Zona Planetária, de tão belo, histórico e sugestivo nome, seria destruída. Para minha consternação, fui um bom profeta, não obstante Cristo tenha advertido que ninguém é profeta em sua própria terra, e hoje o velho lupanar jaz em completa ruína, com os escombros a denunciar a desídia e o descaso do poder público e de particulares. O competente arquiteto Olavo Pereira da Silva Filho, campomaiorense, considerado uma das maiores sumidades do patrimônio arquitetônico do Piauí, afirma que o de Campo Maior é um dos mais ricos de nosso estado. Entretanto, acho, muito descaracterizado e mal conservado, sendo que muitos dos mais importantes casarões já foram irrecuperavelmente destruídos. Cuidemos dos que ainda restam.

Um comentário:

  1. Parabens pelo texto, ressalto meu orgulho e amor por essa pessoa citada a cima, itamar costa, meu pai a quem tanto tenho admiração e gratidão, agradeco a deus pela oportunidade de ter essa pessoa em minha vida , a quem posso me referir como meu pai!!!. um abraço patricia costa

    ResponderExcluir