sábado, 28 de abril de 2012

A terceira margem da espera



Rosidelma Fraga (*)


Espalhei os cacos da solidão
e cantei a aurora da penumbra.
Estive distante de meus sabores, 
e naveguei
no rio negro de tua alma. 

Esta crua realidade visita-me
toda noite no além-mar.
Zombeteira,
ela despe as duas vidas que tive:
uma coberta de nada,
a outra camuflada de vazios.

O que importa não é a terceira
margem da espera
no outro lado do rio?

É por isso que prezo a lembrança
do inesperado
do encontro desmarcado
e das horas esperadas.
Afinal,
O que importa não é a hora da chegada
Mas o sentido imensurável da busca.
Importa é a cicatriz de teu corpo 
na pele oculta da minha ausência. 


(*) Poema de Rosidelma Fraga, enviado por e-mail por Francisco Miguel de Moura.

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