sábado, 23 de fevereiro de 2013

Vaticano já elegeu uma papisa(Joana)?



José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

A renúncia do Papa Bento XVI vem despertando interesse pela história da Igreja, especialmente dos papas, nos meios de comunicação. Uma louvável análise com critérios desapaixonados. Portanto fui conferir a curiosa história da Papisa Joana.
A queda do Império Romano do Ocidente provocou desorganização política na Europa, miséria, guerras, domínios isolados e feudais, falta de leis e soberania nacionais, violência, pragas. As mulheres não tinham direito à educação, apanhavam dos maridos, consideradas incapazes de raciocinar. A Igreja substituiu o decaído império romano pelo Santo Império Romano, única instituição capaz de conservar ou produzir registros e cultura. Inquestionável mérito, não fosse a exacerbação da autoridade, disputas criminosas e assassinas. Não se podem, porém, esquecer heroicos exemplos de santidade, martírio e consagrados doutores da Igreja.
Poder absoluto gera corrupção e injustiças. Devido ao indomável e exclusivo domínio da Igreja na cultura medieval, muitos registros históricos desapareceram ou foram alterados. Pouco se sabem, exemplificando, as causas de prelados e papas destituídos, mortos, assassinados ou envolvidos em escandalosas transações com a nobreza. Os papas Ponciano e Martinho I foram exilados. Papa Silvério, acusado de alta traição. Papa Estêvão VI(896), linchado, depois estrangulado em prisão. Leão V(903) assassinado, bem como o antipapa Cristóvão. Assassinados Bento VI(974), Bonifácio VII(984). João XIV, encastelado, morreu de fome. Papa Bento X, envenenado e assassinado pela matriarca Marózia, que também matou Estêvão VII e foi morta pelo filho, Alberico; este matou João XI(935). Um clima de hostilidade e safadezas que lembra disputas de domínio de traficantes e políticos. Nesse universo, aparece a enigmática personagem, Joana, a papisa, misto de realidade e lenda.
Joana nasceu na Alemanha, em meados do século IX, aprendeu a ler e escrever, uma aberração feminina na época. Mente prodigiosa, para aprofundar-se nos estudos, travestiu-se de homem, internou-se no Monastério de Fulda, trocou a identidade, estudou grego, latim, ciências e a Bíblia. Anos depois, partiu para Roma, destacou-se na Cúria, elegeu-se "papa" João VIII, em lugar de Leão IV, 855. Pontificou mais de dois anos. Um dia, acompanhando a procissão, a cavalo, Joana sentiu dores e pariu em público. Cardeais gritaram:"Milagre!"Daí em diante, surgiram muitos relatos pouco confiáveis. Conta-se que foi linchada e morta com o filho. Em 1276, o Papa João XX, depois de investigações, reconheceu a papisa e acrescentou Papa João XXI, em vez de XX. Na catedral de Sienna, encontram-se vários bustos de papas, entre os quais o da papisa Joana.
Consultei a veracidade da existência de Joana ao professor Cincinato, de Messejana-Ce, estudioso de História da Igreja, filosofia e teologia católicas: "A cifra de testemunhos é espantosa...Se essa história é falsa ou verdadeira, em nada altera minha convicção cristã." Teólogo Antônio Machado, de Fortaleza: "Não descarto totalmente a possibilidade de ter havido algo similar nas hostes eclesiásticas, notadamente se considerarmos a forte influência política exercida pelas famílias tradicionais europeias."
A renúncia de Bento XVI revela que,onde há poder,mesmo divino, o satanismo ronda perto. Nem Jesus livrou-se dessa presença maligna.

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